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Grunec 20 anos. |
O
ano era 2001. Um grupo constituído por cerca de cinco pessoas se reuniram
depois de uma aula de natação na garagem da casa de uma delas e passaram a
dialogar sobre as mazelas que afligiam a sociedade brasileira e, de forma mais
especifica, aqueles grupos que sempre estiveram e ainda estão a margem – negros e
negras.
Destes
diálogos sobre desigualdades surgiu a ideia de transformar discursos individuais
em ação coletiva e em luta organizada visando, sobretudo, promover a igualdade
étnica/racial e a autoestima da população negra do cariri e difundir a
consciência quanto a afrodescendência. O que caminha no sentido de valorizar a
nossa história. Com esse ideal nascia o Grupo de Valorização Negra do Cariri
(GRUNEC) que oficialmente (com registro) está com 19 anos, mas de atuação já
possui duas décadas.
O
GRUNEC se constituiu ao longo desses 20 anos como um coletivo que escolheu o
caminho da luta, da resistência e da persistência ao trabalhar de forma
comunitária e saindo da zona de conforto para visitar as comunidades de base, as
comunidades tradicionais, como o povo indígena e os grupos remanescentes de quilombolas.
Enquanto
entidade organizativa, de combate a toda forma de discriminação, preconceito e
de racismo, tem atuado na proporção em que essas injustiças ocorrem. Como
exemplo, seja tendo sua organização, colaboração ou idealização, pode-se citar
a Caminhada contra a Intolerância Religiosa realizada anualmente em Juazeiro do
Norte, a Marcha Regional de Mulheres Negras do Cariri que visa denunciar formas de
discriminação, opressão e aniquilamento, além do Congresso Artefatos da Cultura
Negra que em 2019 chegou a sua décima edição e que tem se consagrado como o maior
evento de pesquisa sobre a população negra do país.
Nesta
ambiência de atuação, não se pode esquecer também de um dos trabalhos mais
colaborativos em que pese a educação voltada para as relações étnico-raciais: o Mapeamento das Comunidades Rurais Negras e Quilombolas do Cariri feito
junto a Cáritas Diocesana de Crato – CE, tendo como resultado o lançamento da “Cartilha Caminhos, Mapeamento das Comunidades Negras e
Quilombolas do Cariri Cearense”. Este trabalho contou com a participação de
cerca de 25 comunidades. Seis delas se autoreconheceram remanescentes de
quilombolas. Note-se ainda que comunidades como
as de Arruda (Araripe), Sousa (Porteiras) e Serra dos Chagas (Salitre) já contam com certificado de remanescentes de
quilombolas adquirido junto da Fundação Cultural Palmares.
Outras
atuações colocam este coletivo negro como protagonista. Cita-se aqui a 1ª Audiência
Pública Federal no ano de 2007, onde discutiram a implementação da Lei nº
10.639/03 ao reunirem representantes de 42 municípios da Região do Cariri, o 1º
Seminário no Crato em 2005, para discutir a Igualdade Racial e a realização
anualmente da Semana da Consciência Negra.
O
Grunec reúne sem seus quadros professores e professoras universitários/as,
docentes da educação básica, estudantes, pesquisadores/as, líderes
religiosos/as e ativistas sociais, dentre outros e continua firme e forte,
principalmente agora em tempos de cortes de direitos, legitimação desenfreada
do racismo, do machismo e de ofensas sem barreiras a comunidades LGBTs. Por
isso, os lemas mais apregoados do grupo são “Aquilombar é Preciso” e “Pelo Bem Viver”.
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