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Josyanne Gomes. (FOTO/ Arquivo Pessoal). |
Por Josyanne Gomes, Colunista
A violência contra a Mulher não é só uma
violência contra um corpo ou contra uma pessoa, outrossim ultrapassa barreiras
físicas e limites visíveis. E esse elemento que ultrapassa aquilo que é
permitido ser visto é justamente o fator pelo qual se começam as agressões e
violência de fato. Muitos homens pensam que não são machistas porque nunca
agrediram fisicamente uma mulher. Mas aí é onde começa o engano, a violência
segundo a Lei Maria da Penha é caracteriza por cinco tipos, sendo elas: Física,
Psicológica, Moral, Sexual e Patrimonial. Capítulo II, artigo 7, Incisos do I
ao V.
Geralmente a violência se inicia de forma
sutil, com piadinhas humilhando e menosprezando o valor da mulher, começa em
expressões do tipo “lugar de mulher é na cozinha”, “mulher só sabe pilotar
fogão”, “mulher nasceu para sofrer mesmo”, “mulher gosta de dinheiro fácil”,
“tá nervosinha? Só pode ser tpm”, ser interrompida ao falar, ser questionada
sobre seus pensamentos e ações e por aí vai. Todos esses exemplos caracterizam
violência, pois machucam e ferem a alma da mulher.
Ser privada de trabalhar fora de casa, ou
trabalhar em cargo e função semelhante ao homem e ganhar menos é também
violência, além de Moral, Psicológica e Patrimonial. Parecem coisas comuns não
é mesmo? Afinal, nosso país cultiva fortemente a Cultura do Machismo. Sendo
assim, muitas pessoas acham que a violência é só quando ocorrem agressões
físicas graves ou até mesmo letais. Outros tantos beiram o cúmulo da ignorância
e mau caráter ao indagar se a culpa é da vítima. Pois, para a maioria dos
Brasileiros e Brasileiras é mais fácil julgar sem raciocinar é mais fácil
apontar o dedo do que estender a mão.
Rotular uma mulher pela roupa que ela usa,
pela forma que ela fala e pelo seu comportamento contribui e muito para que os
dados sobre a Violência Contra a Mulher só aumentem e os crimes assumam
proporções gigantescas e enredos de filmes de terror. Tudo começa na estrutura
invisível que atravessa o pensamento de uma sociedade, quem não se recorda da
morte da Jovem Eloá, que aos 15 anos de idade foi sequestrada, torturada e
morta pelo ex namorado? O caso da jovem infelizmente representa a narrativa mal
sucedida de tantas outras mulheres vítimas do machismo seguido por feminicídio.
Não raro estouram na mídia casos semelhante
envolvendo famosos, o que de uma certa forma traz a discussão à tona e nos
possibilita refletir e debater sobre os casos anônimos que conhecemos. A
visibilidade de casos como o da jovem Eloá, em 2008, e agora da Pâmela, em
2021, possibilitam-nos expor a violência sofrida por Marias, Antônias,
Franciscas, Cíceras, Reginas, Brunas, Gabis, Amandas, Eloisas, Márcias e tantas
outras mulheres que conhecemos e convivemos, quiçá, nós mesmas.
Não é exagero caracterizar o Brasil como um
país machista e que alimenta a cultura do estupro e violência de gênero, além
do racismo, homofobia, e outros preconceitos que bem conhecemos no dia a dia.
Se por um lado, existe essa cultura horripilante da violência em massa, e aqui
chamo atenção para a violência de Gênero. Por outro lado, existe muita
resistência e gente disposta a lutar, denunciar e combater os agressores e
criminosos.
Não podemos nos calar ou nos diminuir diante
da violência, por mais que assuste, iniba e cause medo, não podemos paralisar,
desistir ou nos entregar. É preciso que a gente fale cada vez mais sobre esses
temas considerados tabu e polêmicos e que a gente exponha esses agressores,
criminosos e os denuncie sem medo e sem receio. A luta sempre será a melhor
resposta, que a gente uma forças e some cada vez mais em ações que acabem com
esse tipo de barbárie. Juntas e unidas somos mais fortes!