Sisu vai ser de 28 de fevereiro a 3 de março / Foto: MEC. |
Sisu vai ser de 28 de fevereiro a 3 de março / Foto: MEC. |
(Alexandre Lucas |Foto | Reprodução) |
Por Alexandre Lucas, Colunista
Pedalava nos pensamentos procurando encontrar um travesseiro. Era um desses dias, em que se olha para o horizonte e parece que ele tem cebolas: os olhos se enchem de lágrimas como se fossem adubar a esperança. Ainda é cedo, é preciso esperar a noite, pedalar mais um pouco, o corpo sua, talvez transpire poesia.
A mala foi desarrumada na tentativa de arrumar a vida. Ainda é cedo, é preciso esperar a noite. Na mala encontrei algumas fotos, tinha sorrisos, mas estava triste. A pulseira de couro estava ali, foi de um período em que sonhava conhecer o Brasil vendendo artesanato ao lado da pessoa amada: adolescente não tem chão. Encontrei as roupas que não uso há anos, presentes para serem esquecidos, mas não temos amnésia para as histórias dolorosas da vida.
O horizonte parece que tem cebola mesmo. Brinco com os dedos aumentando os cachos, talvez seja para rebobinar imagens que nunca existiram e fabricar sonhos. Parece uma calmaria em procissão, mas lembro que no tumulto não se tem procissão. Ainda é cedo, é preciso esperar a noite.
Confiança é algo difícil, após vários bombardeios, talvez seja preciso fechar a janela e colocar a roseira como um despertador. É possível sentir o perfume da rosa e transgredir momentos. Ainda é cedo, é preciso esperar a noite.
A noite vem com timidez e as dúvidas do dia seguinte. Chegou a hora de sentar à mesa, pedir alguns cafés, observar o baralho de palavras, os ventos que passam e os pássaros que insistem em cantar para lua. Perceber a noite vestida de mistério, afrouxar a leveza. Desenhar na palma da mão, isso mesmo, na palma da alma, para que o simples tenha a grandeza da magia. É possível fazer algo diferente.
Thiago, Cícera, Nicolau e Verônica (da esq. para a dir e de cima para baixo). (FOTO/ Montagem/ Blog Negro Nicolau/ Reprodução/Redes Sociais). |
Por Valéria Rodrigues, Colunista
A
Rádio Livre Universitária é um projeto cultural que tem como principal
instrumento a comunicação. É uma grande movimentação cultural desenvolvida
dentro da Universidade Regional do Cariri (URCA), campus pimenta, em Crato e
foi idealizada pelo professor do departamento de Ciências Sociais, o Dr. Carlos
Alberto Tolovi.
Nesta
sexta-feira, 25, o programa falou sobre a importância do Dia Nacional da
Consciência Negra, celebrado anualmente em 20 de novembro. Segundo os/as
apresentadores, universitários da própria URCA, o tema é de extrema relevância,
visto que a superação do racismo estrutural é um dever nosso e no mês da
consciência negra é necessário fazer esse tema gerar debate e reflexão em todos os espaços,
especialmente nos acadêmicos.
Eles/as
destacaram que “o programa era especial,
pois os/as convidados são pessoas totalmente inseridas contra o preconceito, a
discriminação e principalmente contra o racismo estrutural de nossa sociedade.
São sujeitos que estão falando a partir
do chão de suas lutas, dos seus engajamentos”. Participaram do programa
os/as professoras Cícera Nunes, Thiago Florêncio, Nicolau Neto e Verônica
Isidório. Os primeiros são professores da URCA e os últimos da rede estadual de
ensino do Ceará.
Os
programa da Rádio Livre são semanais e estão disponíveis na plataforma Spotify,
podendo ser compartilhados nas redes sociais. Segundo Tolovi, os programas
temáticos estão sendo veiculados nas rádios comunitárias.
Clique aqui e confira a programa deste dia 25 de novembro.
Prefeitura do Rio reinaugura estátua de João Cândido em destaque na Praça Marechal Âncora - Reprodução/Imagem retirada do site O Globo. |
A estátua de João Cândido, que entrou para a História como o “Almirante Negro”, liderança na Revolta da Chibata, foi reposicionada nesta terça-feira na Praça Marechal Âncora, no Centro do Rio, de frente para o mar. A peça, que ficava escondida atrás da estação do VLT no final na Praça Quinze, foi restaurada pela Secretaria Municipal de Conservação para ganhar mais visibilidade e passou a ocupar um espaço 300 metros adiante de onde estava.
O secretário de Governo e Integridade Pública, Tony Chalita, afirmou que as adaptações foram feitas para dar um local de protagonismo ao monumento, que merece esse espaço.
– É um compromisso dar Prefeitura do Rio fazer esta reparação, ouvir a sociedade civil e dar visibilidade a personagens tão importantes na história da cidade e do país. Fizemos as adaptações do espaço para dar um local de protagonismo para esse herói nacional que foi João Cândido – disse.
Nascido em 1880, João Cândido Felisberto era filho de escravizados que vieram para o Brasil. Quando jovem, aos 14 anos, entrou para a Marinha. O apelido de Almirante Negro veio após ter liderado o primeiro levante da Revolta da Chibata em uma das embarcações militares atracadas na Baía de Guanabara, a Minas Gerais.
A Revolta da Chibata aconteceu em novembro de 1910 e foi uma rebelião contra os maus-tratos sofridos pelos marinheiros brasileiros. O movimento queria o fim dos castigos físicos aplicados por comandantes, em sua maioria, brancos, a marujos considerados indisciplinados. As posições mais baixas da corporação eram ocupadas por negros e pobres, aqueles que sofriam os castigos.
Os manifestantes afirmavam que caso as punições físicas não chegassem ao fim, a cidade do Rio de Janeiro seria bombardeada. O governo brasileiro aceitou as condições dos marinheiros, mas após o fim da revolta começou a perseguir aqueles que manifestaram contra as medidas autoritárias dos comandantes.
Um dos perseguidos foi João Cândido, que foi expulso das Forças Armadas, preso e chegou a ficar internado em um hospício. O Almirante terminou seus dias como pescador e morreu em 1969.
A homenagem emocionou o filho do Almirante Negro, Adalberto Cândido, mais conhecido como Seu Candinho, que tem 84 anos e lembrou dos tempos difíceis passados por seu pai.
–A estátua ficou escondida depois que foi construído o terminal do VLT na Praça Quinze e já estava até sem a placa de identificação. Agora, está num espaço mais bem localizado. O meu pai foi muito perseguido pela Marinha e agora esse reconhecimento deixa a todos nós, da família, muito orgulhosos – comentou Cândido.
A imagem já passou por outros lugares antes de ficar sem protagonismo na atrás da estação do VLT da Praça Quinze. Até 2008, esteve no Museu da República, no Catete, também sem o destaque que merece.
Realizada pela Gerência de Monumentos e Chafarizes, da Secretaria de Conservação, a revitalização aconteceu em duas etapas. Depois de transferido para a Praça Marechal Âncora, o pedestal ganhou revestimento em granito e uma placa informativa. Além disso, a figura em bronze de tamanho natural, assinada pelo artista Valter Brito, passou por limpeza e aplicação de resina protetiva.
A iniciativa faz parte do projeto de revitalização dos monumentos da Praça Quinze, feito pela Prefeitura para celebrar o Bicentenário da Independência. Foram restauradas também as estátuas de D. João VI e General Osório, o chafariz do Mestre Valentim e o Marco à Fotografia, que estavam no local.
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Por Leonardo Nogueira, no O Globo e reproduzido no Geledés.
Idilvan Alencar (PDT | Ceará). Foto | Reprodução). |
Começa hoje (24) e vai até o dia 26 deste mês, o Encontro de Lideranças, realizado pela Escola de Governo Blavatnik, da Universidade de Oxford, em parceria com a Fundação Lemann, que reunirá líderes políticos, governamentais, terceiro setor e representantes da sociedade civil do Brasil e do mundo para discutir os novos desafios globais e experiências de gestão pública. O evento será sediado na Universidade de Oxford, na Inglaterra.
O deputado federal Idilvan Alencar é um dos parlamentares brasileiros convidados para o encontro. A governadora Izolda Cela, o governador eleito Elmano de Freitas e senador eleito Camilo Santana também são presenças confirmadas.
“Temos demandas urgentes na educação e em diversas áreas da sociedade brasileira. Discutir gestão pública a partir de uma visão global nos ajuda a construir estratégias e políticas mais eficientes”, declara Idilvan.
Participam ainda do evento o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, governadores de outros nove estados (PI, RJ, RS, SE, MA, PA, AL, PE, MG), o prefeito de Recife, João Campos, dentre outras lideranças políticas.
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Texto de Aglecio Dias, assessor de Idilvan Alencar e enviado a redação do Blog.
Alexandre Lucas. (FOTO |Reprodução) |
A jornalista Ana Cristina Rosa - Keiny Andrade/Folhapress. |
Sempre
me surpreendo quando uma pessoa negra afirma que nunca sofreu preconceito ou
discriminação racial no Brasil. Não foi diferente quando soube do relato de uma
mulher preta —a primeira a ocupar um alto posto numa instituição hierarquizada
e historicamente comandada por homens brancos— que disse nunca ter enfrentado
barreiras de raça ou de gênero para chegar aonde está.
Gostaria
de poder acreditar. Mas, por mais que me esforce para respeitar a perspectiva
do outro, esse me parece um feito impossível.
Especialmente
diante das fartas e escandalosas evidências de racismo estrutural,
institucional e sistêmico cada vez mais corriqueiras no nosso cotidiano.
Salvo
algum caso absolutamente excepcional de “vida isolada e protegida” (que
desconheço), não há homem ou mulher preto ou pardo que chegue à vida adulta
incólume aos efeitos nocivos e degradantes do racismo no Brasil.
Por
isso é preciso reconhecer e prezar o simbolismo e a força embutidos na presença
de todo e cada negro que ascende social e culturalmente. Tratam-se de
referências, exemplos de pertencimento, provas vivas de que temos o direito e a
capacidade de ser e estar onde quisermos. Sobretudo numa sociedade machista e
que se organizou a partir de uma lógica baseada num conceito de hierarquia racial
que deprecia o que está distante do eurocentrismo e nega oportunidades
diariamente à maioria da população, que é preta e parda.
Na
obra “Tornar-se Negro”, a psiquiatra e psicanalista Neusa Santos
Souza aponta o quanto é emocionalmente doloroso ser negro em uma sociedade de
hegemonia branca. A ponto de alguns introjetarem o “padrão branco” como único caminho de mobilidade, adotando
estratégias para ascensão cujo preço é a negação e o apagamento da própria
identidade.
Neste
novembro de 2022, mês da consciência negra, convido todos à reflexão sobre o
que é ser negro no Brasil contemporâneo. Reconhecer-se negro é libertador.
___________
Por Ana Cristina Rosa, na Folha de São Paulo e reproduzido no Geledés.
(FOTO | Reprodução). |
Por Nicolau Neto, editor
Circulou
na edição do dia 17/11 de 2021, do Diário Oficial dos Municípios do Ceará, e
sancionada pelo prefeito de Altaneira, Dariomar Rodrigues (PT), a Lei nº 819
que institui feriado em 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência Negra.
O
texto foi apresentado pelo vereador e presidente da Câmara, Deza Soares (PT) e
é fruto do Plano Municipal de Combate ao Racismo e de Promoção da Equidade
apresentado pelo professor e fundador deste Blog, Nicolau Neto, junto aos
poderes executivo e legislativo no mês de maio do mesmo ano.
Pela
legislação que entrou em vigor naquele ano, em um sábado, a data deve ser
usada “principalmente pelos setores
públicos do município para a realização de atividades de reflexão e
conscientização, inclusive, eventos culturais e outros, relacionados ao
fortalecimento e consolidação da edificação de uma sociedade mais justa e
racialmente equitativa.”
O
texto representa um marco histórico na legislação municipal e corrobora para
contribuir na reflexão e tomada de atitudes que reconheçam e valorizem a
população negra que representa mais de 56% do Brasil como contribuidoras para a
formação do país, mas principalmente como produtoras de conhecimentos, de
saberes em todas as áreas e que isso seja discutido nas escolas.
A
legislação que entra em vigor é mais que oportuna também porque fará com as
pessoas comecem a se perguntar o porquê do feriado.
Altaneira se torna o primeiro município do Ceará a ter uma legislação nesse sentido, além de ser ainda o primeiro a contar com um Plano Municipal de Combate ao Racismo e de Promoção da Equidade.
(FOTO |Pedro Borges/Alma Preta). |
“A presença do movimento negro é fundamental
nesses espaços como a COP27 para negociar e exigir que seja colocado em
centralidade na mesa o debate sobre o racismo”. É o que destaca o professor
e historiador Douglas Belchior, fundador da Uneafro e integrante da Coalizão
Negra por Direitos.
Presente
na 27° Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
(COP27), Douglas ressalta que o movimento negro quer estar nas articulações
ambientais e sociais realizadas na conferência climática. “Você anda pelos
corredores de negociação e a maioria das pessoas, inclusive da sociedade civil
mundial, são brancas. Homens brancos estão decidindo nosso futuro, ou melhor, o
futuro deles no planeta. Viemos mais uma vez exigir isso, queremos estar na
mesa de negociação com o nosso povo”.
A
liderança, que atualmente integra a equipe de transição do governo Lula, foi
presença atuante durante os painéis propostos pelo estande da sociedade civil
na COP27, o Brazil Climate Action Hub. Ele foi um interlocutor do encontro do
movimento negro e quilombola com a deputada federal eleita Marina Silva (Rede),
também integrante do governo de transição de Lula.
Conforme
noticiado em matéria anterior da Alma Preta Jornalismo, a necessidade de
titulação das terras quilombolas foi um dos pontos principais afirmados durante
o encontro com Marina Silva.
Ao
longo da COP, Douglas Belchior também esteve em discussões e painel sobre o
combate ao racismo ambiental e sobre os desafios da população negra frente à emergência
climática no Brasil.
“O racismo ambiental é um termo utilizado
para se referir ao processo de discriminação que populações periféricas ou
compostas de minorias étnicas sofrem através da degradação ambiental. A
expressão denuncia que a distribuição dos impactos ambientais não se dá de
forma igual entre a população, sendo a parcela marginalizada e historicamente
invisibilizada a mais afetada pela poluição e degradação ambiental”,
explica o historiador.
Segundo
o professor e ativista, problemas ambientais no campo, nas florestas e nas
cidades foram enfrentados pelo povo negro ao longo dos últimos quatro anos com
o governo do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
“As cidades sofreram com enchentes,
territórios quilombolas e indígenas não foram titulados e demarcados. Houve
morte no campo, falta de comida e mais de 33 milhões de pessoas em situação de
fome extrema. Também houve falta de consulta e participação do movimento negro
nos espaços”, elenca Belchior.
De
acordo com Douglas, os últimos quatro anos foram marcados pelo desmonte da
política pública de meio ambiente e clima. Conforme matéria anterior da Alma
Preta Jornalismo, órgãos como o Incra foram desmontados por meio de baixos
investimentos. Além disso, houve o afrouxamento de regras para a proteção das
florestas e para a punição de crimes ambientais.
“Bolsonaro
declarou diversas vezes que quilombolas são pesados em arrobas, atacou
populações indígenas. O governo bolsonaro foi um pesadelo para as comunidades
tradicionais e periferias do Brasil, o povo negro e indígena nos territórios.
Foram quatro anos de terror e aumento das mortes de ambientalistas e defensores
da floresta”, comenta o ativista.
Na última quinta-feira (17), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve reunido com organizações da sociedade civil na COP27. O historiador Douglas foi o representante da Coalizão Negra por Direitos convidado a se pronunciar sobre as demandas do movimento negro para o próximo governo.
Para
a ocasião, o movimento negro escreveu uma carta com mais de 250 assinaturas
endereçada ao novo governo. De acordo com Douglas, o documento coloca que a
Coalizão Negra Por Direitos e organizações parceiras reafirmam a importância do
Brasil na UNFCCC (Convenção do Clima da ONU) e a posição do novo governo pela
aprovação das metas e objetivos globais de financiamento para adaptação
climática e para compensar as perdas e danos nesse contexto.
A
carta também reforça a importância da retomada dos espaços de conselhos e
participação da sociedade civil em questões relacionadas ao meio ambiente. “A
expectativa para o próximo governo Lula é que sejamos parte da reconstrução.
Que haja recursos para adaptação, que os territórios quilombolas sejam
demarcados para acabarmos com o atraso de anos de descaso, que os conselhos e
espaços de tomada de decisão tenham paridade e que estejamos nos centro das
discussões”, finaliza Douglas Belchior.
__________
Com informações do Alma Preta.
Estudantes durante atividades da Rádio Livre no pátio da URCA. (FOTO/ Reprodução/ WhatsApp). |
Por Nicolau Neto, editor
A
Rádio Livre Universitária é um projeto cultural que tem como principal
instrumento a comunicação. É uma grande movimentação cultural desenvolvida
dentro da Universidade Regional do Cariri (URCA), campus pimenta, em Crato e
foi idealizada pelo professor do departamento de Ciências Sociais, o Dr. Carlos
Alberto Tolovi.
Nesta
sexta-feira, 18, Dia Nacional de Combate ao Racismo, houve mais uma atividade
cultural com o tema “Consciência Negra”.
Que tal conhecer melhor como tudo isso nasceu? Vamos ao artigo construído por Tolovi e por quatro universitários/as:
·
RÁDIO LIVRE
UNIVERSITÁRIA
·
Carlos
Alberto Tolovi [1]
·
Angélica Nayana Gomes
Gonçalves[2]
·
José Ferreira Neto[3]
·
Hugo Leonardo Santos
Silva[4]
·
Rafael
Almeida De Oliveira Rocha[5]
RESUMO
O programa de extensão Rádio Livre
Universitária consiste em um movimento que se caracteriza por três dimensões
fundamentais: política, educativa e cultural. Seu principal objetivo é a
construção de uma rede de comunicação com capacidade de extrapolar os
compartimentos estanques e fragmentados que separam estudantes, professores e
funcionários dentro da mesma instituição, separando também esta da comunidade
externa. Dentro do método dialógico esta rede começa na conexão entre os
estudantes, com representantes de todas as salas de aula, passa para os professores,
em conexão com seus Cursos e Departamentos, convidando-os a participar do
movimento que se divide em duas estratégias: a) programas temáticos e
educativos gravados semanalmente, tendo professores e estudantes como os
principais protagonistas; b) a “Rádio
Livre em Movimento”, com programas temáticos ao ar livre, realizados todas as
sextas feiras, no horário dos intervalos, com músicas e poesias, contando com o
protagonismo dos membros da comunidade
acadêmica e da comunidade externa. Esse movimento nasce nos Campus da
Universidade, se transforma em uma Escola de comunicação agindo na rede interna
e faz conexão com uma rede de rádios livres que retransmitem os programas
gravados, fazendo as provocações em torno dos temas educativos chegarem às
comunidades circunvizinhas da Região do Cariri. E é no espaço da Rádio Livre em
Movimento que membros dos mais diversos movimentos da Sociedade Civil
Organizada são convidados à participarem efetivamente, trazendo seus talentos
para dentro da Universidade.
PALAVRAS-CHAVE: Rádio. Livre. Rede. Comunicação. Movimento.
FREE UNIVERSITY RADIO
The Rádio Livre
Universitária extension program consists of a movement characterized by three
fundamental dimensions: political, educational and cultural. Its main objective
is the construction of a communication network capable of extrapolating the
watertight and fragmented compartments that separate students, professors and
employees within the same institution, also separating it from the external
community. Within the dialogic method, this network begins with the connection
between students, with representatives from all classrooms, passes to
professors, in connection with their Courses and Departments, inviting them to
participate in the movement that is divided into two strategies: the ) thematic
and educational programs recorded weekly, with teachers and students as the
main protagonists; b) “Rádio Livre em moviment”, with outdoor themed programs,
held every Friday, at break times, with music and poetry, with the protagonism
of members of the academic community and the external community. This movement
is born on the University Campus, becomes a Communication School acting on the
internal network and makes connection with a network of free radios that
retransmit the recorded programs, making the provocations around the educational
theme reach the surrounding communities of the Cariri Region. . And it is in
the Rádio Livre em Movimento space that members of the most diverse movements of
Organized Civil Society are invited to participate effectively, bringing their
talents into the University.
KEYWORDS: Radio. Free. Network. Communication. Movement.
1.
INTRODUÇÃO
Atualmente, no Brasil, as instituições de ensino público
estão vivendo uma situação profundamente delicada. Em um contexto onde a
educação brasileira está em disputa, dentro da histórica e acirrada luta de
classes na qual estamos inseridos, as Universidades públicas passaram a ser classificadas
pelas correntes ideológicas de extrema direita, como instituições que ameaçam a
“ordem pública” e o sistema hegemônico. Portanto, o projeto político de
privatização da educação ganhou força neste último governo – 2018 - 2022.
Diante deste contexto, como estão reagindo as comunidades
acadêmicas? De que forma a classe menos favorecida financeiramente percebem o
curso desta “tragédia anunciada”? Como professores e estudantes estão se
organizando e se articulando para resistirem a mais essa avalanche de
retrocesso, dentro de um “pacote” de retirada de direitos muito mais amplo?
Na realidade, a crise de paradigmas libertários que atingiu
historicamente todas as classes organizadas da América latina, abalou também os
movimentos docentes e discentes das Instituições de Ensino Superior no Brasil.
Neste contexto, encontramos diversos grupos organizados como
focos de resistência ao desmonte das Universidades, porém, completamente
fragmentados, isolados, e sem poder de mobilização. Além da fragmentação por
áreas de conhecimento, que não se cruzam e nem dialogam dentro de um mesmo
Campus, também temos clareza de nossa fragilidade no sentido da mobilização
coletiva em defesa da Universidade e do ensino público de qualidade. Uma realidade que não pode ser apenas
justificada pelo cenário nacional em que vivemos atualmente. Faz-se necessário
pensarmos e repensarmos estratégias, métodos e táticas para o enfrentamento da
mesma, a partir de uma práxis concreta.
Os grupos organizados, sem um método
dialógico e interativo, sem um trabalho de base, com periodicidade e
sistematização, sem uma proposta agregadora, não representam nenhuma ameaça
para os mantenedores da ordem hegemônica constituída. Dentro da Universidade,
por mais que nossas teorias questionem a realidade, as nossas práticas
fortalecem a estrutura de poder que muitas vezes desejamos combater. Afinal,
onde nós, da comunidade acadêmica, nos encontramos de fato? Formamos,
realmente, uma comunidade ou nos juntamos para garantir a funcionalidade de uma
estrutura já pré-estabelecida? Mas, afinal, porque
nós, que fazemos parte dessa estrutura fragmentada e “engessada”, que não
permite que nos encontremos para além de nossas funções específicas, não temos
consciência dessa realidade? E se não temos consciência da
mesma, como poderíamos superá-la? “Como
afirma Paulo Freire: o ato de conhecer envolve fundamentalmente o tornar presente
o mundo para a consciência” (ALENCAR, 2006, p.264). Portanto, precisamos
provocar reflexão e debate em torno dessa realidade concreta na qual estamos
inseridos.
É fácil para um intelectual dizer aos trabalhadores e
trabalhadoras, ou mesmo aos seus filhos e filhas, o que devem fazer para mudar
a sua realidade. Difícil é conseguir dialogar com estes e estas, despertando a
sua consciência crítica a partir de uma reflexão acessível. É fácil falar para, difícil mesmo é dialogar com, dando voz e gerando protagonismo
para que possam compreender a sua própria realidade, para além dos limites da
alienação que os envolvem e que os tornam indiferentes frente a um mecanismo
sacrificial no qual eles e elas estão inseridos/as.
Isso não serviria também para nós? Será que nós mesmos, não
estaríamos inseridos em uma determinada “caverna”[6],
acostumados com as sombras? Aliás, será que nós não seríamos os especialistas
buscando interpretar as sombras para os demais habitantes da caverna? Não
estaríamos nós também acorrentados no senso comum de uma alienação coletiva?
Não seríamos nós, sem saber e perceber, hospedeiros do opressor[7],
através de nossas práticas conservadoras?
E se é difícil para os integrantes da comunidade acadêmica
romper os compartimentos fragmentados que separam os sujeitos nos limites
institucionais, transformando-os em “cumpridores” de tarefas, regras e normas,
mais difícil ainda é romper os compartimentos que separam a Universidade da
comunidade na qual a mesma está inserida. Se internamente os professores e
estudantes se separam por suas salas de aula, suas disciplinas, seus cursos,
departamentos, etc., externamente a Universidade, em grande parte, representa
uma “ilha” isolada da realidade e da vida concreta onde os sujeitos que a
compõem estão inseridos. Contudo, como dialogar com quem está “fora” se não
conseguimos abrir espaços de diálogo com os que estão “dentro”? Enquanto os
professores estão preocupados em ministrar suas aulas e repassar seus conteúdos,
os estudantes, definidos como “alunos”, estão preocupados em responder as
exigências dos mesmos, com suas aprovações nos limites de suas “grades”,
“pagando” suas “cadeiras”, sem qualquer outro envolvimento com a defesa de
políticas públicas em favor da coletividade. A própria linguagem do campo
acadêmico revela as limitações de nossa visão de mundo. Denuncia a pobreza de
nossa cultura. Ainda cultivamos valores colonialistas instituídos por uma
cultura hegemônica, presentes em nossa linguagem.
Mas se, para modificar uma realidade concreta precisamos
mudar a percepção da mesma, definindo um método de atuação, gerando novas
formas de interação, o que fazer para produzir essa mudança?
Sequeremos modificar algumas referências culturais é preciso
apresentar outros referenciais. Se as “grades”, “cadeiras” e “disciplinas” nos
separam como “alunos”, professores e funcionários, em nossa própria comunidade,
precisamos encontrar pontos de rompimento dessa estrutura para abrirmos espaços
de encontros dialógicos. Afinal, faz-se necessário construirmos outra concepção
de “Universidade”. Não mais pela soma de “universos” separados, estanques,
distintos e fragmentados. Mas um “universo” que busque e promova a unidade para
que possamos, de fato, nos sentirmos comunidade.
Contudo, se a nossa separação e fragmentação se deu
historicamente por meio de uma concepção cartesiana, precisamos de outro
método, somado à novas estratégias para modificarmos o que está posto e
cultivado culturalmente. O lugar da seriedade epistemológica não deveria matar
o prazer do encontro dialógico. O lugar das grandes teorias não deveria estar
separado de uma prática concreta, começando pelo nosso ambiente de trabalho,
abrindo portas para nos relacionarmos com a comunidade externa.
Mas o que estaria faltando para que professores e estudantes
pudessem fazer renascer o “espírito” dos grandes movimentos revolucionários e
libertários, fazendo a “esperança passiva” se transformar no “esperançar”
freiriano? Como afirma o nosso Patrono da Educação, “Movo-me na
esperança enquanto luto e, se luto com esperança, espero (FRERE, 1983 , p. 97).
Entre
os/as discentes e docentes da Universidade Regional do Cariri potencial é o que
não falta. Desejo de mudanças também não. No entanto, o que estamos fazendo de
concreto para despertar e articular todas estas forças na busca de uma
alternativa eficiente que represente uma base de sustentação de todos os
movimentos de reivindicação e de resistência? E se nós tivéssemos um projeto
educativo bem definido onde pudéssemos catalisar as forças e a criatividade das
principais lideranças desta instituição, despertando novos líderes, tendo como
objetivo o despertar da consciência crítica de educadores e educandos e
funcionários, com relação a importância do seu protagonismo, não estaríamos nós
mesmos fazendo a nossa parte nesse processo?
Mais
do que nunca, sabemos que não basta nossa crítica teórica. Precisamos
possibilitar formas de participação e interação, dando às pessoas poder de
expressão, na condição de sujeitos e não apenas de reprodutoras das ideias
prontas e acabadas.
Contudo, o que poderia possibilitar esta mobilização, tendo
em vista a união dos grupos de resistência, gerando um processo de
empoderamento da comunidade acadêmica?
Entendemos que se faz necessário uma proposta que possa
agregar os que são de luta e receber adesão dos que não possuem voz e precisam
ser provocados, percebidos e valorizados, para buscarem a sua emancipação.
Precisamos desencadear um processo de politização em nosso ambiente acadêmico.
É
nesta perspectiva que apresentamos o projeto “Radio Livre Universitária” – que
atualmente é um Programa de Extensão.
Rádio Livre em Movimento
A Rádio Livre Universitária: abrindo “portas” para o diálogo
Nós
sabemos que um Programa de Extensão precisa comportar uma proposta agregadora,
em uma perspectiva de curto, médio e longo prazo. Deve ser pensado de forma
sistemática e periódica. Levando em conta os desafios do processo em uma práxis
sempre relacionada ao ensino e à pesquisa. Construindo “pontes” entre a
comunidade universitária e a comunidade que abrange a Universidade. Nesse
sentido, dois conceitos se colocam como paradigmáticos e desafiadores: a práxis
e a dialogicidade.
No
campo da práxis o grande desafio consiste em levar as nossas teorias estudadas
no interior das nossas salas de aula para fora dos “muros” da Universidade,
gerando envolvimento e impactando pessoas e comunidades nessa relação. Porém, a
grande questão é que, nem sempre que professores e estudantes saem de seus
espaços acadêmicos institucionais para irem ao encontro de realidades e pessoas
que estão fora desse “lugar” da compreensão teórica, tomam estes e estas como
sujeitos em um encontro dialógico. O que nos lembra Martin Buber, quando nos
lembra que os seres humanos habitam em um mundo constituído por dois tipos de
relações: Eu – Tu e Eu – Isso. Dessa forma, sempre que a relação se constitui
por alguma forma de objetivação (objetivo ou objeto) ela acontece na
perspectiva Eu-isso. E nessa relação o outro não assume o “lugar” de sujeito,
mas de objeto. Eu preciso dele para desenvolver a minha ação.
Como afirma Buber, “Aquele
que diz Tu não tem coisa alguma por objeto. Pois, onde há uma coisa há também
outra coisa; cada Isso é limitado por outro Isso; o Isso só existe na medida em
que é limitado por outro Isso. Na medida em que se profere o Tu, coisa alguma
existe. O Tu não se confina a nada (1974, p.44).
O que buscamos quando
propomos um projeto de extensão? O que levamos quando saímos de nossos “muros”
epistemológicos no campo da teoria para o campo da prática? Com quem nos
encontramos? Com sujeitos ou objetos de nossa ação? Com o Tu ou com o Isso?
A grande “magia” de
um projeto ou programa de extensão consiste no encontro que possibilita
vivências, troca de experiências, que extrapolam as objetivações. Precisamos da
teoria? Precisamos ter clareza dos nossos objetivos? Precisamos de um método
bem definido? Certamente que sim! Tudo isso está no campo da objetivação,
indispensável na extensão. Porém, consiste em mediação para o encontro. É no
encontro que acontece a relação Eu-Tu. É no encontro que ocorre a relação de
Alteridade.
Mas, como a Rádio Livre se posiciona dentro desse desafio?
a)
Programas temáticos e educativos
gravados
A Rádio
Livre se propõe e vem executando a gravação de programas, com a participação de
professores, estudantes e membros da comunidade externa, em torno de diversos
temas transversais, que possibilitam uma reflexão comum dentro da comunidade
acadêmica e fora dela. Esses programas são semanais, elaborados para serem
veiculados na Rede, construída dialogicamente. Essa rede é formada basicamente
por quatro categorias: estudantes, professores, funcionários e outras rádios
livres da Região do Cariri[8].
Com
os estudantes formamos a Rede por meio de duas movimentações: representantes de
salas de aula, que recebem os programas gravados e repassam para as suas turmas;
e os Centros Acadêmicos (CAs), que se articulam com os estudantes na forma de
movimento estudantil.
Com
os professores a articulação se dá através dos Departamentos. Os professores
recebem os programas gravados e repassam para as suas turmas, em seus
respectivos cursos.
Dessa forma procuramos romper as “caixinhas” epistemológicas nas quais estamos inseridos e isolados, dentro da Universidade. Porém, um outro desafio consiste em extrapolar os “muros” da instituição. Por isso é que buscamos a construção de uma Rede de Rádios Livres e Comunitárias para abrirmos “portas” e “janelas” de interação e diálogo com a comunidade. Atualmente nós temos a Rádio Literária Carrapato, a Rádio Cafundó e a Rádio Altaneira FM retransmitindo os nossos programas semanalmente.[9]
b)
Programas
ao ar livre – “Rádio Livre em Movimento”
Enquanto nos programas gravados nos
encontramos para a produção dos mesmos – no campo da reflexão teórica –, nos
programas ao vivo nos encontramos para partilhar a alegria e a energia que
nossos corpos emanam, na relação interpessoal, vibrando na freqüência de
músicas e poesias executadas por professores, estudantes, funcionários e
membros da comunidade externa.
Estes acontecem também semanalmente
– nas sextas feiras –, no horário do intervalo, dentro dos Campus, em lugares
alternados.
Também são programas que desenvolvem
temas educativos, com caráter transversal, propostos por membros das próprias
comunidades – interna e externa.
Em torno do tema são construídos
roteiros, incluindo apresentações artísticas com músicas e poesias, onde
professores e estudantes se encontram dialogicamente, fora de suas “amarras” formais,
burocráticas e institucionais. Saem do campo do Eu-Isso e entram na relação
Eu-Tu. Onde todos são protagonistas. O mesmo ocorre com relação à comunidade
externa, constantemente convidada para realizar apresentações, representando
suas conexões na sociedade civil organizada.
Atualmente, através dessa
metodologia, por meio dos programas gravados conseguimos atingir praticamente
todos os estudantes, em todos os cursos, por meio de suas salas de aula. Por
meio dos Departamentos, buscamos chegar aos professores. E pelas Rádios,
articuladas em rede, nossa proposta chega à lugares que são impossíveis de
mapear. Pois estas estão conectadas na internet, fazendo com que nossos
programas temáticos cheguem à qualquer lugar região do Brasil. O que torna
impossível mensurar o número de pessoas que o nosso projeto atinge. Porém, o
mais importante é saber que já temos em funcionamento duas redes que nos
possibilitam interação, reflexão e diálogo com a parte de dentro e de fora da
Universidade.
Rádio Livre em Movimento
2. PRINCÍPIOS NORTEADORES
A denominação “Rádio Livre” não se refere à ideia de que esta seja totalmente aberta para veiculação de qualquer tema, qualquer notícia, qualquer ideologia. A nossa rádio se caracteriza como livre do ponto de vista das instituições de controle. O seu funcionamento não depende da liberação das instituições de controle, por exemplo. Não passa pelo crivo regulador do Estado, do município ou mesmo da instituição na qual esta está inserida. Justamente por isso é que tomamos o cuidado de compor uma comissão formada por professores e estudantes, tendo em vista a construção coletiva de princípios norteadores para o funcionamento da Rádio Livre. Por meio destes buscamos uma fundamentação racional, com pretensão de “universalidade” na perspectiva da máxima inclusão. Isso define também o caráter ideológico do projeto que se caracteriza como sendo um movimento político, educativo e cultural, com potencialidade de extrapolar os limites de nossas salas de aula e atingir, ao mesmo tempo, toda a nossa comunidade acadêmica e a comunidade externa.
a)
A Rádio
Livre é um instrumento de comunicação educativa alternativa, constituída de
forma democrática do ponto de vista da participação e do empoderamento
coletivo.
b) Um meio de comunicação que respeita a diversidade,
levando em conta as dimensões de identidade de gênero, orientação sexual e
étnico-racial, e que, portanto, estará veiculando músicas de conteúdos
educativos que favoreçam essa compreensão.
c) Um meio de comunicação caracterizado também pela
diversidade política, social e cultural, mas com uma delimitação ideológica:
programas que se coloquem em defesa dos direitos humanos, principalmente
levando em conta as minorias no campo das relações de poder.
d) Uma rádio que, por atingir pessoas dos mais
variados credos, se caracteriza por ser laica, com programas temáticos voltados
às dimensões política, social, educativa e cultural.
e) Uma rádio que deverá servir como instrumento
educativo no processo educacional da comunidade acadêmica.
f) Uma rádio que nasce na forma de mobilização e que
pretende fortalecer os grupos organizados politicamente.
g) Uma rádio que abrirá espaços somente para programas
temáticos preparados e apresentados por equipes, passando antes por orientações.
h) Uma rádio que pretende ser inclusiva e aberta para
grupos organizados também fora da Universidade, na qual professores, professoras
e estudantes atuarão como intermediadores abrindo espaço para a participação da
comunidade externa.
i) Uma rádio que atingirá, no mesmo instante, um
grande número de pessoas dentro de um mesmo espaço geográfico, tendo a arte e a
cultura como mediações para reflexões críticas e formativas. Portanto, um
instrumento que exige grande responsabilidade.
j) Uma rádio que opta ideologicamente pela defesa dos
direitos humanos, propondo reflexão crítica em processos de organização e
empoderamento, é também uma rádio política, que abrirá espaço para todos os militantes
sociais organizades. Contudo, é também um espaço que deverá ser preservado de
ações conectadas à qualquer tipo de política partidária.
k) Dentre os representantes que fazem parte do
processo de construção da Rádio Livre serão escolhidos pessoas para comporem um
Conselho de Ética que, a partir dos princípios aqui estabelecidos estará
avaliando os programas veiculados.
l) Uma rádio que poderá agregar em torno de si uma
grande Rede de Rádios Livres, levando os programas educativos aos mais diversos
e diferentes lugares do nosso país.
m) Este Estatuto, que se conclui aqui, continuará aberto para novas revisões, tendo a possibilidade de alterações dentro do processo de execução do projeto.
3. CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Não temos a ingenuidade de achar que a nossa proposta será aceita facilmente pela comunidade acadêmica. Já conhecemos os argumentos dos professores, por exemplo, para não participarem da Rádio Livre em Movimento: “Temos pouco tempo para trabalharmos o conteúdo, por isso não dou intervalo”; “Os alunos não querem intervalo para saírem mais cedo”. “Eles chegam tarde e querem sair cedo. Por isso não dou intervalo”. E com relação aos programas gravados: “Já estamos saturados de grupos no zap”. “Esse movimento não tem nada a ver com minha disciplina ou o meu compromisso na Universidade”. Enfim, sabemos que enfrentamos diversos desafios para rompermos as barreiras do senso comum que envolve professores e estudantes em suas rotinas diárias. Contudo, é justamente aí que se encontra a justificativa e a intencionalidade ideológica de nossa ação pedagógica. É por isso que esse movimento se caracteriza por ser político, educativo e cultural. A dimensão política se propõe a mudar as referências nas relações de poder gerando “pontos de encontro” e momentos de reflexões. A educativa se propõe em duas dimensões: refletirmos sobre temas transversais que extrapolem o nosso campo específico de conhecimento científico e se transformar, para os estudantes, em uma Escola de Comunicação. Já a dimensão cultural consiste em mudar as referências habituais, cultivando a ideia de que Universidade não é apenas um lugar da seriedade epistemológica, mas também, e essencialmente, um lugar de encontros, interações e prazer. E nada melhor do que a música e a poesia para mediar essa forma de interação interpessoal.
BIBLIOGRAFIA
BUBER, Martin. Eu e Tu, Trad.
Newton Aquiles Von Zuben, São Paulo, 2ª. ed. Ed. Moraes, 1974)
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, Rio de Janeiro, 13ª. ed. Ed. Paz e Terra, 1983.
PAULA ALENCAR, Sylvia Elisabeth de. Conscientização: Conceito Central nas Idéias de Paulo Freire Sobre ; In. Formação Humana e Dialogicidade Em Paulo Freire. Fortaleza, Ed. UFC: 2006.
SCHAFER, R. Murray. Rádio Radical e a Nova Paisagem Sonora. In: MEDITSCH, Eduardo (org.)Teorias do Rádio – textos e contextos – vol.II. Florianópolis: Insular, 2008.
[1] Carlos Alberto Tolovi.
Universidade Regional do Cariri.
Professor efetivo do Departamento de Ciências Sociais. Curso de Ciências
Sociais. Coordenador do Programa de Extensão. Email: Carlos.tolovi@urca.br
[2] Angélica Nayana Gomes –
Universidade Regional do Cariri. Estudante do curso de Enfermagem. Bolsista.
[3] José Ferreira Neto – Universidade
Regional do Cariri. Estudante do curso de Direito. Bolsista.
[4] Hugo Leonardo Santos Silva.
Universidade Regional do Cariri. Estudante do curso de História. Voluntário
[5] Rafael Almeida de Oliveira
Rocha. Universidade Regional do Cariri. Estudante do curso de Direito.
Voluntário
[6] Referência a Alegoria da
Caverna.. Cfr. Cfr. Platão, A
República (Livro
VII)
[7] Referência à
teoria de Paulo Freire. Cfr. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, Rio de
Janeiro, 13ª. ed. Ed. Paz e Terra, 1983.
[8][8]
. Atualmente a Rádio Livre Universitária forma rede com a Rádio Literária
Carrapato, Rádio Cafundó e Rádio comunitária Altaneira FM.
[9] Essa rede revela algo muito importante: ainda não conseguimos divulgar nossos programas temáticos na Rádio Universitária – mantida e coordenada pela Universidade Regional do Cariri. O que nos faz perguntar: de que forma a Rádio Universitária está conectada à comunidade Universitária e a Região do Cariri?