Por que os indígenas são contra a aprovação do PL 490?

 

(FOTO | Reprodução |Cimi).


A comunidade indígena de todo o Brasil se posiciona contra a aprovação do Projeto de Lei (PL) 490/2007, que altera a legislação da demarcação de terras. De autoria do deputado federal Homero Pereira (PR), que faleceu em 2013, o PL aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados prevê que só serão consideradas terras indígenas aquelas que já possuíam titulação de posse na data exata da promulgação da Constituição de 1988.

Se faz urgente que amplos setores da sociedade se mobilizem para barrar a aprovação do PL 490/2007 na Câmara e no Senado Federal”, destaca a Coalizão Negra por Direitos, por meio de nota oficial.

Dentre as exigências do PL está a comprovação da posse que hoje não é necessária. O texto ainda flexibiliza o contato com povos isolados, proíbe a ampliação de terras que já foram demarcadas e permite a exploração destes territórios tanto por garimpeiros, quanto pela especulação imobiliária. De acordo com nota oficial da Coalizão Negra por Direitos, os indígenas se reúnem hoje (30), em Brasília, em ato contra a aprovação do projeto.

Fomos nós, povos indígenas e população negra, que construímos a riqueza desse país. Foi sobre nosso sangue que a história brasileira foi construída. No dia 30 de junho, em Brasília, a Coalizão Negra por Direitos, presente em comitiva, se unirá aos indígenas em firme oposição ao PL 490/2007, que deve ser compreendido como uma ameaça à toda sociedade brasileira”, diz o comunicado.

A legislação atualmente determina que a demarcação seja feita a partir de um processo administrativo, aberto na Fundação Nacional do Índio (Funai). Além disso, é exigida a criação de um relatório de identificação e delimitação feito por uma equipe multidisciplinar, que inclui um antropólogo. Não há necessidade de comprovação de posse em data específica como o PL 490/2007 determina.

Outro detalhe do texto é também a proibição de ampliação de terras que já foram demarcadas anteriormente, o que, de acordo com o PL, independe dos critérios e da reivindicação por parte dos povos indígenas. O projeto ainda abre espaço para flexibilização do contato com povos isolados. Essa categoria se trata de indígenas que não mantêm contato com o homem branco, com a sociedade, ou possuem uma relação bastante restrita.

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Com informações do Alma Preta.

Luiz Gama recebe título Honoris Causa

 

Luiz Gama é considerado o Patrono da Abolição no Brasil. ( FOTO|Reprodução).


Uma das figuras negras centrais na luta pela abolição, Luiz Gama se tornou Doutor Honoris Causa pela Universidade de São Paulo (USP), nesta terça-feira (29), em uma reunião realizada de forma virtual. A proposta foi feita pela Escola de de Comunicações e Artes (Eca) e acatada pelo Conselho Universitário, tornando Luiz Gama o primeiro negro brasileiro a receber o título na Instituição.

Para o professor e diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Floriano Peixoto de Azevedo, Gama sempre foi um jurista por excelência. “Ele frequentou a Faculdade de Direito do Largo São Francisco e teve respeito de muitos dos professores, tido como um verdadeiro jurista, ainda que não formado. Ele tem uma trajetória fundamental para a história do Brasil e também para a história do Direito no país”, disse o professor durante a reunião do Conselho.

Lígia Ferreira, professora do Departamento de Letras da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ressalta a importância do reconhecimento e da luta de Gama para a comunidade negra. “É um reconhecimento póstumo, porém justo. Ele foi um pioneiro da campanha abolicionista e republicana. A obra de Luiz Gama nos mostra a importância dele na divulgação de ideias que foram fundamentais para o Brasil da época”, enfatiza.

Ligia comentou ainda que Gama precisa ser lido sempre e cada vez mais, principalmente para fortalecimento dos movimentos negros. “Certamente o título de Honoris Causa é uma maneira de enxergarmos a trajetória de uma pessoa que libertou mais de 500 escravos, que trabalhou pelos direitos humanos e que sempre valorizou o conhecimento. Luiz Gama é um monumento que os brasileiros precisam conhecer urgentemente”, disse.

Luís Gonzaga Pinto da Gama nasceu em Salvador (BA), em 1830, era filho de mãe negra e livre, mas foi vendido aos 10 anos pelo seu pai e permaneceu analfabeto até os 17 anos. Considerado o Patrono da Abolição da Escravidão do Brasil, Gama foi um abolicionista, orador, jornalista e escritor.

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Com informações do Notícia Preta.

Brincadeira roubada


Por Alexandre Lucas, Colunista

Onde as brincadeiras acontecem para as crianças que estão nas margens do direito à cidade? Em especial, nos espaços da ambiência familiar, nas escolas e nas ruas. A precariedade arquitetônica das moradias e de muitos ambientes escolares e a urbanização desumanizadora e cada vez mais pensada para o trânsito de motores tem eliminado ou secundarizado os espaços do brincar.

A gestão das cidades deve garantir o direito da população de decidir sobre a arquitetura e a urbanização dos seus lugares e territórios, entretanto, com o devido cuidado para não esparramar no populismo inconsequente e eleitoral, que descartar a ciência sobre o planejamento urbano e os impactos ambientais e socioculturais.           

No contexto da gestão das cidades, o brincar não pode ser roubado do cenário das políticas públicas. As cidades devem ser pensadas na sua complexidade dos fluxos populacionais, econômicos, na acessibilidade urbana e de serviços, na manutenção das memórias, identidades e histórias e na ampliação dos espaços verdes e integrativos de cultura, esporte e lazer.

As cidades construídas para uma paisagem de asfalto e cinzenta, distancia as crianças da rua, do espaço urbano e do brincar. Chegamos até a pensar que as ruas são para os carros, talvez seja para outras realidades, mas não para as crianças excluídas do direito à cidade, que tem a rua como um dos principais lugares de interação. 

Se a rua é ponto de encontro das crianças, mas não de qualquer criança, especificamente daquelas excluídas economicamente, socialmente e espacialmente, o caráter de classe e cor, definem essas crianças: Pobres, negras, oriundas da classe trabalhadora.  

Isso não é por acaso, as cidades são fabricadas, a partir da desigual divisão da produção das riquezas, portanto, as arquiteturas e urbanizações em cada lugar refletem a divisão e as lutas de classes sociais. 

O brincar é elemento central para o desenvolvimento de crianças saudáveis nos seus múltiplos aspectos: cognitivos, sociais, emocionais e motor.

Quando a criança brinca ela está se desenvolvendo, se apropriando da realidade que a compõe e ensaiando a sua vida adulta. O brincar é um direito fundamental, muitas vezes negligenciado nas ambiências familiares, nas escolas e nos espaços urbanos.

O brincar deve ser incluído na gestão das cidades, a partir da construção coletiva, do olhar pedagógico e da defesa de que é possível construir uma cidade do cuidado coletivo, da ludicidade, ambientalmente saudável e criativa, em que a rua tenha a simpatia de misturar gente e solidariedade.


Se aprovada, Lei Paulo Gustavo deverá investir R$4,4 bilhões no setor cultural

 

Além das informações divulgadas nas redes sociais, também foram criados uma série de grupos estaduais e regionais para fortalecer a mobilização. (Foto/ Secult-CE).

Criada como apoio emergencial aos agentes culturais afetados pela pandemia, o Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 73/2021, também conhecida como Lei Paulo Gustavo, propõe o investimento de R$ 4,4 bilhões para o setor da cultura até o final de 2022. Desse total, de acordo com informações divulgadas pelo Comitê, R$ 2,8 bilhões são destinados para o audiovisual e R$ 1,06 bilhões para as demais áreas.

Xaui Peixoto é articulador, produtor, gestor cultural e da coordenação da Articulação Nacional de Emergência Cultural em torno da lei Aldir Blanc e do Comitê Nacional Paulo Gustavo. Ele pontua que, diante da pandemia, o setor cultural foi um dos primeiros a parar e será um dos últimos a voltar, gerando um prejuízo enorme numa cadeia de economia, de cultura, de arte muito grande e afirma que a lei vem como um suporte muito importante, não só para garantir o sustento dessa grande rede de trabalhadores da cultura, produtores, técnicos e artistas, mas também como uma forma de garantir uma base, que não haja um prejuízo muito maior do que o setor já tem, e que permita que esses profissionais possam se manter e, quando possível, retomar suas atividades de uma forma mais segura. 

Ela [Lei] representa a manutenção de emprego e sustento. Também representa a manutenção simbólica da cultura e da arte no seu papel da relação da educação, da segurança social, do meio ambiente, entre outros. Assim como a Lei Aldir Blanc, ela é de extrema importância para o campo da cultura e da arte, buscando manter alí a cultura no seu papel de desenvolvimento social, humano e econômico”, afirma.

Articulação

Xauiu informa que na Lei Aldir Blanc, o Ceará sempre esteve a frente do processo tanto no Fórum Nacional de Secretários como também no Movimento Social, assim, e afirma que o estado teve um papel fundamental na Lei Aldir Blanc e que essa iniciativa também se repetirá com a Lei Paulo Gustavo. “Nós temos garantido apoio de dois senadores, o senador Cid Gomes (PDT) e o Tasso (PSDB) e estamos em negociação com senador Girão (Podemos). Alguns deputados já estão comprometidos com a pauta, então a gente deve ter aí uma porcentagem muito boa dos deputados federais apoiando a lei Paulo Gustavo”. O Comitê também conta com a presença do secretário de cultura do estado do Ceará, Fabiano dos Santos Piúba e da secretária executiva da cultura do estado do Ceará, Luísa Cela.

A Lei

A Lei é de autoria do senador Paulo Rocha (PT/PA), senadora Zenaide Maia (PROS/RN), senador Humberto Costa (PT/PE), senador Jean Paul Prates (PT/RN), senador Paulo Paim (PT/RS) e do senador Rogério Carvalho (PT/SE). De acordo com informações divulgadas pelo Comitê Paulo Gustavo, perfil oficial da Lei nas redes sociais, o projeto de lei tem como base três objetivos: salvar recursos do superávit financeiro do Fundo Nacional de Cultura (FNC) e do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) para aplicação no setor cultural e não para amortização da dívida pública da União; destravar os recursos do FNC e do FSA no orçamento de 2021 e vedar futuros contingenciamentos ou outras formas de limitações do empenho de ambos os fundos.

O PLP nº 73/2021 também prevê a adoção de políticas que estimulem a participação e o protagonismo do público feminino, população negra, povos indígenas, comunidades tradicionais e quilombolas, LBTQIA+, pessoas com deficiência e outras minorias por meio de cotas, critérios diferenciados de pontuação ou quaisquer outros meios que possam contribuir com a promoção da igualdade de gênero, raça e classe de acordo com a realidade local de cada território”, informa o comitê.

Apoio

Xaui informa que as pessoas de um modo geral, artistas, produtores e amantes da cultura podem apoia na aprovação da Lei se mobilizando, compartilhando e publicando conteúdo sobre a iniciativa. “A gente tem uma série de conteúdos no Instagram, nós temos linktree, onde as pessoas podem encontrar o Projeto de Lei na íntegra, encontrar uma cartilha simplificada de apresentação da Lei, encontram modelo de carta de apoio, assim as pessoas podem pegar essa carta e enviar para senadores e deputados, lá também encontra-se os contatos dos senadores como e-mail e redes sociais: Twitter, Facebook e Instagram, lá também a gente tem modelo de release para ser trabalho na imprensa”.

Além das informações divulgadas nas redes sociais, também foram criados uma série de grupos estaduais e regionais para fortalecer a mobilização. “Então a gente tem grupo em todos os estados e temos grupos também regionais e esses grupos estão bastante ativos fazendo essa movimentação de mobilização, de articulação de conhecimento da Lei, realizando os encontros estaduais. A gente realizou em torno de 20 encontros estaduais, alguns estados já fizeram mais que dois ou três encontros mobilizando toda sua rede da cultura”, finaliza o produtor.

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Com informações do Brasil de Fato CE.

Lupi acredita que derretimento de Bolsonaro cria disputa entre Ciro e Lula no 2° turno de 22

Lupi e Ciro. (FOTO/ Divulgação).

O presidente Nacional do PDT, Carlos Lupi, voltou a dizer que Jair Bolsonaro não sobreviverá politicamente para chegar ao 2° turno da disputa presidencial de 2022. Recentemente, o ex-capitão está em queda livre nas pesquisas e com uma grande crise de impopularidade.

Na última pesquisa do IPEC, o ex-presidente Lula apareceu com 49% das intenções de voto contra 23% de Bolsonaro. Na sequência, Ciro do PDT ficou 7%, João Doria (PSDB) com 5% e Luiz Henrique Mandetta com 3%. Para o pedetista, esse é o caminho para um 2° turno entre as duas figuras de centro-esquerda.

A pesquisa é uma fotografia do momento atual, com o derretimento do desgoverno Bolsonaro e o bom momento que Lula vive, com o cancelamento de sua pena”, disse na Carta Capital.

A eleição é daqui a um ano e três meses e continuo acreditando na resistência que Ciro demonstra. É possível que o derretimento de Bolsonaro faça existir um segundo turno entre Ciro e Lula, o que é a melhor saída para nosso povo”, avaliou.

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Com informações de O Cafezinho.


Com desgaste de Bolsonaro na CPI, frentes antecipam manifestações para 3 de julho

 

As ruas foram pintadas com as cores da esquerda, mas há nuances entre os 50 tons de vermelho. (FOTO/  Pedro Rocha/Sintufrj).

Em reunião na tarde deste sábado (26), a Frente Fora Bolsonaro definiu como data para novas manifestações pelo país o 3 de julho. As mobilizações também acompanharão a entrega do pedido de impeachment unificado, definida para a próxima quarta-feira (30) em Brasília. Na quinta-feira (1), será realizada uma plenária nacional da Campanha Fora, Bolsonaro.

O desgaste do presidente Jair Bolsonaro, com as últimas revelações feitas pela CPI da Covid nesta sexta-feira (25) acelerou o processo de mobilização por sua saída e houve unidade entre as correntes para que a nova manifestação aconteça já no próximo sábado (3).

"A unidade desse conjunto é que tem sido capaz de apontar um caminho para a derrota de Bolsonaro", afirma o membro da Frente Povo Sem Medo e secretário geral da Intersindical, Edson Carneiro Índio, referindo-se à Campanha Fora Bolsonaro. 

Unidade na esquerda

A plenária da "Campanha Fora Bolsonaro" é a articulação mais relevante, do ponto de vista nacional, na convocação dos protestos massivos deste ano. Ela é composta pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que congregam os maiores partidos políticos e centrais sindicais. 

"É fundamental também lembrar da importância de dialogar nas periferias da cidade, com som, lembrar da carestia, do preço do botijão, da energia, do desemprego, da necessidade do auxílio de R$ 600 contra essa miséria desse auxilio de 250 que sequer compra um terço de uma cesta básica", completa. 

A construção de unidade é um desafio permanente no horizonte político da esquerda brasileira. Consequência da unificação de setores que nem sempre atuaram em parceria, as manifestações de 29 de maio e 19 de junho significaram um passo importante nessa direção. 

Os movimentos populares envolvidos na nova manifestação haviam deliberado, a princípio, uma nova mobilização para o 24 de julho, com um "esquenta" para o dia 13 de julho, feita "por fora" do ato unificado do dia 24 de julho, ainda sem hora definida. 

O "esquenta" para o 13 de julho havia sido convocado pelo perfil nas redes sociais intitulado "Povo na rua #Fora Bolsonaro", coordenada pela Unidade Popular Socialista (UP), sem participação da articulação nacional formada pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular. 

Aglutinando partidos e correntes de menor alcance nacional, a articulação "Povo na rua #Fora Bolsonaro" é coordenada pela Unidade Popular pelo Socialista (UP), braço eleitoral do Partido Comunista Revolucionário (PCR), que não tem registro no Tribunal Superior Eleitoral.

Com um programa político de perspectivas revolucionárias, a UP lançou 100 candidatos a vereador e 15 a prefeito, mas nenhum foi eleito.

A "Povo na rua #Fora Bolsonaro" conta ainda com apoio de correntes trotskistas regionais, entre elas o Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT) e o Movimento Esquerda Socialista (MES), que integra o PSOL. Também participam integrantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e do Partido Socialista de Trabalhadores Unificado (PSTU).

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Com informações do Brasil de Fato.

Artistas e juristas entregam carta ao STF por demarcação de terras indígenas

 

Carta protocolada no Supremo fala em "exemplos mais cristalinos de injustiça." (FOTO/ @eryckmarck / @midiaindiaoficial).

Artistas, juristas, acadêmicos e membros da sociedade civil enviaram carta aberta ao Supremo Tribunal Federal (STF) manifestando posição contrária à tese do marco temporal, que restringe o direito dos povos indígenas à demarcação de terras. O tema está na iminência de julgamento na própria Corte e previsto no Projeto de Lei (PL) 490/2007, aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJC) da Câmara. A carta, assinada por 301 nomes, foi entregue na quinta-feira (24) por representantes do acampamento Levante Pela Terra, mobilização que reúne cerca de 850 indígenas de 48 povos de diversas regiões do país há mais de duas semanas em Brasília.

O julgamento previsto no STF vai analisar ação de reintegração de posse movida pelo governo de Santa Catarina contra o povo Xokleng, referente à terra Ibirama-Laklanõ, onde também vivem indígenas Guarani e Kaingang. A decisão tem repercussão geral desde 2019. Assim, servirá de diretriz para o governo e todas as instâncias do Judiciário no que diz respeito à demarcação de terras indígenas. Também vai servir para balizar propostas legislativas que tratem do tema.

Exemplo cristalino de injustiça

O marco temporal é uma interpretação defendida por ruralistas e setores interessados na exploração das terras indígenas. Eles querem que os povos originários só teriam direito à terra se estivessem sobre sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data de promulgação a Constituição. “Este Supremo Tribunal tem em suas mãos a oportunidade de corrigir esse erro histórico e, finalmente, garantir a justiça que a Constituição determinou que se fizesse aos povos originários”, dizem os signatários da mensagem (leia a íntegra). “(O marco temporal) é sem dúvida um dos exemplos mais cristalinos de injustiça que se pode oferecer a alunos de um curso de teoria da justiça. Não há ângulo sob o qual se olhe e se encontre alguma sombra de justiça e legalidade.”

Ao todo são 301 nomes, entre eles, o jornalista Juca Kfouri, a cartunista Laerte Coutinho, o cantor e compositor Chico Buarque, e a jogadora de vôlei de praia Carol Solberg, Assinam também Cao Hamburger (ator e cineasta), a cantora Daniela Mercury e as atrizes Denise Fraga, Dira Paes e Letícia Sabatella. O documento traz ainda as assinaturas do teólogo e escritor Leonardo Boff e do comentarista e ex-jogador Walter Casagrande Jr.

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Com informações da RBA.

As Brincadeiras Africanas de Weza

 

(FOTO/ Divulgação).

Ao longo de nossa experiência com crianças e adultos nascidos em um país que vivenciou a experiência colonial, somos diariamente bombardeados por imagens depreciativas acerca do continente africano. Anos atrás estivemos na escola pública para dialogar sobre resistências ao colonialismo em Angola. Antes de iniciarmos, perguntamos aos alunos o que vinha à mente quando eles ouviam a palavra “África”. Para nossa surpresa, eles disseram palavras soltas como “pobreza”, “miséria”, “Aids”, “selva”, “safari”, “leão”, “fome” e “escravidão”.

Observamos que, para aquelas crianças, a África havia sido apresentada circunscrita a um espaço homogêneo, estereotipado, relegado ao desprezo. Chinua Achebe, no livro “A criação de uma criança sobre o protetorado britânico”, aponta que as imagens depreciativas a respeito da África não têm origem somente na ignorância, como muitas vezes somos levados a pensar. Para o intelectual, trata-se de uma invenção deliberada, concebida para facilitar o tráfico transatlântico de escravizados e também a colonização. Nos dias de hoje, essas imagens contribuem para a naturalização do processo de escravização que marca nossa história e apaga as narrativas de complexidade social e resistência. Além de impedir que o Brasil reconheça e assuma sua africanidade como parte genuína de sua formação.

Diante desse cenário, surge o livro “As Brincadeiras Africanas de Weza” idealizado e executado pelo Coletivo Luderê Afro Lúdico, escrito por uma de suas integrantes, Sheila Perina de Souza, ilustrado por Whitney Machado e publicado pela editora Kitembo. Ele é fruto do projeto “Ludicidade e Africanidades: Espaço Afro Lúdico para Crianças”, fomentado pelo Programa de Valorização Cultural Cidade de São Paulo (VAI).

O livro busca presentear as crianças com um novo olhar sobre alguns países do continente africano, diferente do olhar estigmatizante hegemônico presente na sociedade brasileira. Um olhar de quem vai à África em busca de sua ancestralidade,  conectado com sua afro-brasilidade, característica inerente a sociedade brasileira.

No livro, a personagem principal chama-se Weza, na língua kimbundo falada em Angola significa aquela que veio/voltou. Weza é uma menina reluzente de pele escura e cabelo crespo curtinho, juntamente com suas duas mães, seu irmão e com ajuda de seu caderno afrolúdico, ela relembra e ensina as brincadeiras que aprendeu em suas viagens por Angola, Moçambique, África do Sul e República Democrática do Congo. Weza também compartilha palavras e expressões do português angolano e moçambicano e de outras línguas africanas, bem como aspectos das tradições culturais dos países visitados.

Convidamos a todos para ingressar nesta aventura de Weza conosco!

Aproveite para nos acompanhar em nossas redes sociais, por onde estamos realizando alguns sorteios e atividades sobre brincadeiras e literatura infantil.

Facebook e Instagram –Ludereafroludico

E-mail: ludereafroludico@gmail.com

Lucas Matheus Pereira Cruvinel – psicólogo, mestre em Psicologia Social pela PUC-SP e membro do coletivo Luderê Afrolúdico

Sheila Perina de Souza- pedagoga, Doutoranda em Educação pela USP e membro do Coletivo Luderê Afroludico.

Thais Cristina Porfirio Rodrigues –  Psicóloga e Educadora Social, pós-graduanda em Psicopatologia e Saúde Pública pela FCMSCSP e membro do Coletivo Luderê AfroLúdico

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Publicado originalmente no Geledés.

Ato em defesa da história negra pede saída de Sérgio Camargo da Fundação Palmares

 

(FOTO/ FCP).

A saída imediata de Sérgio Camargo da presidência da Fundação Cultural Palmares (FCP) é a principal reivindicação do ato virtual que aconteceu na noite da quinta-feira (24), com a participação de ex-presidentes da fundação, ex-ministros da Cultura, parlamentares e movimentos organizados contra o racismo.

O ato foi acompanhado do lançamento de um manifesto contra o expurgo de 54% do acervo de livros da Palmares e outras medidas contra a população quilombola promovidas pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido).

Uma parte do Brasil, uma parte de nós é africana. É importante reafirmar essa parte em nós. A criação da Fundação Cultural Palmares foi criada para preservar a nossa história. O que antes era sangue, suor e lágrima, hoje ainda é sangue, suor e lágrimas”, acredita Gilberto Gil, ex-ministro da Cultura.

O expurgo de livros para supostamente combater o viés ideológico, de acordo com Sérgio Camargo, deve ser seguido também da retirada de obras de artes e documentos históricos da fundação; o que, na opinião de parlamentares, representa um ato de censura, obscurantismo e racismo.

 “A cultura é revolucionária e faz mal aos olhos do capitão do mato a serviço de um governo que nos odeia”, aponta a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ).

Já o deputado federal Bira do Pindaré (PSB-MA) acredita que as ações de Camargo à frente da Palmares refletem sobre ele mesmo. “Quem nega a si mesmo dá pena. Ele se auto-anula com esses atos contra a memória da Fundação Palmares”, diz. 

Ao todo, seriam retirados 5.175 livros dos mais diversos autores. “Em 1978, a carta de princípio do MNU definiu como prioridade a defesa do povo negro e da nossa história. E é isso que estamos fazendo hoje, de cabeça erguida, pedindo a saída de Sérgio Camargo”, pontua Iêda Leal, do MNU (Movimento Negro Unificado).

No Brasil, existem mais de 6 mil comunidades quilombolas e nem 60% delas estão certificadas. Entre as atribuições da Fundação Cultural Palmares, o reconhecimento e certificação destes territórios é de grande importância para a preservação da história afro-brasileira. Entretanto, na gestão de Sérgio Camargo foi autorizado o desmatamento dentro de terras quilombolas.

As comunidades quilombolas são fundamentais para a preservação ambiental. Para nós nunca foi fácil. Não acredito que alguém com atos tão cruéis contra o seu povo consiga dormir em paz”, lamenta Antônio Crioulo, da CONAQ (Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras e Quilombolas).

O ato virtual foi organizado pela Frente Parlamentar de Incentivo à Leitura da Câmara Federal, pela bancada negra da Câmara Federal, entidades da sociedade civil como a Conaq, Uneafro Brasil, Favelas em Luta e Associação Brasileira de Imprensa e fundações de apoio de sete partidos políticos.

Os ex-presidentes da República José Sarney e Fernando Henrique Cardoso gravaram depoimentos de apoio ao resgate da Fundação Cultural Palmares.

No Rio de Janeiro, uma sentença da 2ª vara federal de São Gonçalo, em caráter liminar, proibiu que a Fundação mantivesse a decisão de retirar obras do acervo, mesmo que seja para doação. A liminar é em resposta à ação civil pública apresentada pelo coletivo Direito Popular, que é coordenado pelo advogado Paulo Henrique Lima, o Ph Lima. O argumento da ação é que a retirada das obras lesa o patrimônio público. A decisão judicial estabelece pena de multa pessoal de R$ 500 pela doação de cada item do acervo e intima Camargo a oferecer explicações sobre os atos em 15 dias.

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Com informações do Alma Preta.

Rejeição a Bolsonaro dispara: ‘Ele não governa, opera com base no caos’

 

Com apenas 23% de aprovação, a pesquisa mostra que o governo está apenas com o apoio do núcleo duro de bolsonaristas, analisa o cientista político. (FOTO/ Marcos Corrêa/PR).


A pesquisa do instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), divulgada na última quinta-feira (24), aponta o presidente Jair Bolsonaro com uma rejeição de 62%. Ele seria derrotado no primeiro turno das eleições presidenciais de 2022. O derretimento de Bolsonaro, na avaliação do cientista político Claudio Couto, mostra que o modus operandi do governo federal, baseado no caos, não é aceito.

Com uma das piores gestões sobre a pandemia de covid-19 no mundo, Bolsonaro é desaprovado por 66% da população. Além disso, 50% dos brasileiros acham o governo ruim/péssimo. Já o percentual dos que dizem que o governo Bolsonaro é ótimo/bom caiu de 31% para 23%. “É uma queda consistente na avaliação do presidente. A avaliação de ruim e péssimo subiu 11% e isso foi uma migração de quem o achava regular. Ou seja, não há uma avaliação intermediária, mas uma piora na percepção”, avaliou Couto, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Com apenas 23% de aprovação, a pesquisa mostra que o governo está apenas com o apoio do núcleo duro de bolsonaristas, analisa o cientista político. “Ele não governa, ele opera com base no caos. Ou seja, meio milhão de brasileiros morreram, a economia não andou, as políticas públicas foram devastadas e não sobra país”, criticou Claudio.

Eleições de 2022

A mesma pesquisa do Ipec coloca o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva superando Bolsonaro em 26 pontos percentuais e estaria próximo de vencer em primeiro turno se as eleições presidenciais fossem hoje. Lula lidera a preferência do eleitorado com 49%, enquanto Bolsonaro aparece com 23%.

Claudio Couto diz que a margem é “surpreendente”. “Ainda tem 16 meses para a eleição, mas se fosse hoje, Lula venceria no primeiro turno. Até pouco tempo atrás, Bolsonaro aparecia como vitorioso em segundo turno, mas ele tem sofrido um desgaste grande. Com a investigação da CPI e a corrupção na compra da Covaxin, tendemos a ter um desgaste ainda maior”, afirmou.

Os demais nomes tidos como potenciais candidatos não ultrapassam dois dígitos. Por exemplo, Ciro Gomes (PDT), teria 7%; João Doria (PSDB), 5%; e o ex- ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), com 3%. Na análise do cientista político, a única chance de presidenciáveis que se colocam na “terceira via” é a partir de um impeachment de Bolsonaro.

Apesar da rejeição, Bolsonaro ainda resiste nos 23% do eleitorado, e a única chance que esses candidatos têm é se tirar Bolsonaro do jogo. Ontem, saiu uma matéria que estaria se construindo uma aliança de empresários e políticos de direita pelo impeachment do Bolsonaro, pois abriria espaço para a terceira via. Vimos indagações de que só havia esquerda nas manifestações contra o presidente, enquanto a centro-direita não organizou nenhum ato próprio contra Bolsonaro. Eles não estão se mexendo, diante disso fica mais difícil criar uma candidatura de terceira via”, aponta Claudio Couto.

A consulta foi feita presencialmente, com 2.002 eleitores, em 141 municípios, entre 17 e 21 de junho. Antes, portanto, de estourar o escândalo da compra superfaturada em mais de 1.000% da vacina indiana Covaxin, que será debatida hoje na CPI da Covid.

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Com informações da RBA.


Coletivo Camaradas realiza oficina para o uso de redes sociais e plataformas digitais

Bibiana Belisário. (FOTO |Reprodução |Whatsapp).


Durante o mês de junho, o Coletivo Camaradas vem realizando Oficinas de Desenvolvimento Territorial, relacionadas a comunicação e a metodologias de gestão participativa. A iniciativa contempla representantes das organizações que atuam no Território Criativo do Gesso e ocorre em parceria com a Federação de Entidades Comunitárias do Cariri - FEC e a Comissão Cearense do Cultura Viva. 

Não pode-se falar em desenvolvimento territorial sem a participação efetiva de seus atores, ou seja, das pessoas que constroem cada espaço. Em um mundo hiperconectado e com a agravante de uma pandemia mundial, os meios de comunicação online se tornaram urgentes. Para a continuidade e execução dos trabalhos de uma comunidade, faz-se necessário a integração destes a esses suportes. 

No intuito de gerar autonomia e facilitar o uso de ferramentas tecnológicas, ocorrerá nesta sexta-feira (25), a oficina "Redes sociais e plataformas digitais", ministrada por Bibiana Belisário, gestora cultural e graduanda em jornalismo pela Universidade Federal do Cariri - UFCA, onde irá apresentar recursos e exemplificações para a utilização e criação dentro de canais como o Google Meet, o Youtube e o Instagram. 

As vagas são limitadas e prioritariamente destinadas para as organizações que atuam no Território Criativo do Gesso, composto pelos bairros Santa Luzia, Pinto Madeira, São Miguel, Palmeiral e Centro; os pontos de cultura e as entidades comunitárias do Cariri, sendo 02 vagas para cada organização. 

O Coletivo Camaradas é uma organização política que atua desde 2007 na cidade de Crato - CE. Composto por artistas, estudantes, ativistas, produtores culturais, pesquisadores e professores, atua no campo das artes, da literatura, da organização popular e das políticas públicas para a cultura.

Para realizar a inscrição na oficina "Redes sociais e plataformas digitais", acesse o link: https://forms.gle/VowTm9y5gdCL3gKJ8

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Texto encaminhado ao Blog por Alexandre Lucas, Colunista.

Biografia de Sueli Carneiro é sopro de mudanças

 

Biografia de Sueli Carneiro é sopro de mudanças Coluna Jurema Wernek (FOTO/ Cássia Roriz).

Maio foi um mês que começou contraditório, com marcas de vida e de morte, de raiva e desapontamento. Logo em seus primeiros dias, tinham ido embora, perdidos para sempre, mais de 410 mil dos nossos e das nossas para a covid-19. Fomos também impactados pela tragédia em Saudades (SC), onde criancinhas de pouco mais de 1 ano foram mortas esfaqueadas, junto a duas de suas professoras, por um jovem de 18 anos. No Rio de Janeiro, uma incursão policial descontrolada (para dizer o mínimo) na favela do Jacarezinho deixou 28 mortos, a maioria jovens negros e pobres, e uma legião de pessoas traumatizadas. E ainda, depois de 53 dias de internação, um dos maiores comediantes do país morreu de covid-19, e parecia que o sorriso morria com ele. 

Em minha cabeça, plena das vozes de mulheres negras, o que reverberava era a voz de um homem branco: Carlos Drumond de Andrade. No poema “Mário de Andrade Desce aos Infernos”, está dito: “(…) No chão me deito à maneira dos desesperados. / Estou escuro, estou rigorosamente noturno, estou vazio, esqueço que sou um poeta, que não estou sozinho, preciso aceitar e compor, minhas medidas partiram-se, mas preciso, preciso, preciso (…)”. Tantas dores e perdas a voz do poeta embalou…

Nossas medidas ainda estão partidas. Os números não dizem nada das histórias das vidas perdidas e que não conseguimos mais narrar. São Paulos, Marias, Anas, Franciscos que poderiam ainda estar entre nós. A raiva e o desapontamento que sinto é reflexo da negligência e da incompetência daqueles que têm o dever de agir por meio de políticas públicas para garantir o direito básico à vida e à saúde. Eles são os responsáveis por essas perdas e dores que parecem não ter fim.

Por isso vivi o lançamento da primeira biografia de Sueli Carneiro como mais que um feito histórico grandioso. Continuo Preta (Cia. das Letras, 296 págs., R$ 59,90),  escrita por Bianca Santana e lançada em 11 de maio, era – e é – um jeito de respirar, de dizer que nem tudo é sufocação e desespero. Em tempos em que a falta de oxigênio leva embora os nossos e as nossas, respirar esperança e nutrirmo-nos de resistência são combustível para seguirmos lutando por saúde, a nossa, em meio ao caos que foi instalado no Brasil de 2020, e exacerbado em 2021.

Imagine uma mulher negra pobre nascer, em 1950, em uma São Paulo segregacionista. E crescer em um Brasil excludente e racista como primogênita de uma família de seis irmãos, com seu pai e mãe. Todos pretos, pobres, sobre quem a sociedade desigual despejava, e ainda despeja, profecias autorrealizáveis de pobreza, baixa escolaridade, uma vida de sacrifícios e morte precoce. Pois bem, essa mulher negra, aos 70 anos celebrados ainda no início da pandemia – que parece não acabar nunca –, compartilhou sua história de vida como denúncia e recusa contundente às apostas racistas, afirmando: “Eu ainda estou aqui!”.

Na trajetória de Sueli Carneiro, o que é escuro é traduzido como resistência e luta e é cheio de possibilidades de mudança, contradizendo o poeta. Em seu caminho, tudo é espelho, reflexo de quem vem antes, oportunidade de autoconhecimento coletivo como mulheres negras, como mulheres, como brasileiras e brasileiros, como humanidade.

A potência de termos a biografia de uma mulher negra disponibilizada para todo mundo é poder espelhar o que existe, quem existe e existiu a partir do fio condutor daquela história de vida. A partir da vida de uma grande ativista e intelectual como Sueli Carneiro, encontraremos outras ativistas e intelectuais potentes como Lélia Gonzalez, Beatriz Nascimento, Fátima Oliveira, Luiza Bairros, que, de diferentes formas, imprimiram marcas na trajetória da biografada e já partiram.

E veremos também Nilza Iraci, Lúcia Xavier, Sônia Nascimento, Conceição Evaristo e muitas outras que ainda estão aqui como tantas, como você e eu. Há ainda muitas vidas que precisam ser narradas. A história escrita e registrada de Sueli é um capítulo fundamental da história de todas nós, para todas e todos, abrindo caminho para a reflexão e a ação que precisam nos levar a mudanças na sociedade do medo, do caos e da invisibilidade. Maio terminou, a luta não.

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Por Jurema Werneck, na Revista Marie Claire.

Olinda aprova Estatuto de Igualdade Étnico Racial

 

(FOTO/ Divulgação).

A 22ª Sessão Ordinária deste ano na Câmara Municipal de Olinda trouxe um marco para a luta do movimento negro na cidade. Por unanimidade, o Estatuto de Igualdade Étnico Racial foi aprovado no início da tarde desta terça-feira (22). O Projeto de Lei foi idealizado pelo vereador Vinicius Castello (PT) em parceria com entidades da luta racial e membros da sociedade civil organizada como forma de garantir o acesso democrático à participação política e aos direitos constitucionais. 

Intitulado como um ‘mandato antirracista’ dentro da casa, a gestão do vereador mais jovem eleito no município afirma que a chegada do Estatuto visa promover medidas concretas para atender e promover projetos. Além disso, ações destinadas a combater a discriminação étnico-racial e superar as desigualdades históricas para as populações negras, indígenas e ciganas também serão implementadas.

“O estatuto é um marco, ele contempla não só a raça, mas também a etnia. A sua importância é dada pelo fato de ser um marco na cidade que restabelece direitos das pessoas que são ignoradas constitucionalmente. É uma ação de inclusão, popular, que viabiliza o diálogo ainda mais amplo com a sociedade civil, o que segue com o curso feito pelo mandato, que é antirracista”, declara Castello, em conversa com a Alma Preta Jornalismo.

O parlamentar ainda ressalta a importância da inclusão de povos ciganos, comumente não inseridos nas construções de estatutos de igualdade. “É de comemorar essa inserção dos povos ciganos como um simbolismo do que se acredita enquanto pluralidade da sociedade e o resguardo dos direitos para todos. Quando falamos de inclusão, é preciso dialogar com todas as pessoas. Que a inserção como essa possa ser replicada em outros municípios e estados. Temos orgulho de sermos o que somos, mas é vergonhoso vivermos em um mundo onde os negros, indíegenas e ciganos são tratados como seres inferiores”, finaliza. 

Com o feito, Olinda se tornará a 5ª cidade a aprovar um estatuto neste mesmo perfil. Via assessoria de comunicação, o mandato de Vinicius Castello afirma que o município tem fincado as suas raízes na cultura e religiosidade negra, indígena e cigana, portanto, acredita que é de extrema necessidade que essas culturas sejam fortalecidas e protegidas. 

Descentralizando a responsabilidade de criação de políticas públicas que atendam à população negra, indígena e cigana no município, agora, o projeto segue para sanção do Prefeito Professor Lupércio (SOLIDARIEDADE).

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Com informações do Alma Preta.


Câmara aprova projeto que ameaça futuro de indígenas em benefício de ruralistas


Indígenas do acampamento "Levante pela Terra" acompanharam a aprovação do PL 490. (FOTO/ Paulo Motoryn).

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, por 40 votos a 21, a tramitação do Projeto de Lei (PL) 490, que inviabiliza a demarcação de terras indígenas e promove a abertura dos territórios ao agronegócio, à mineração e à construção de hidrelétricas. Esse é o primeiro passo para que uma matéria vá a votação em plenário. Veja como votou cada parlamentar.

Retrocessos

O PL 490 abarca outros 20 projetos de lei com diversos pontos considerados como retrocesso para as populações indígenas, como o Marco Temporal e a tentativa de regularizar a mineração.

"O Projeto traz uma série de questões de flexibilizar a posse em relação à terra, esse Marco Temporal descarta qualquer possibilidade de alguns povos que têm questionado via judicial, via administrativo", explicou a coordenadora da Frente Parlamentar Indígena, deputada Joenia Wapichana (REDE-RR).

Deputada indígena impedida de falar

A aprovação do PL foi marcada pela tensão entre a presidente da CCJ, Bia Kicis (PSL-DF), e os deputados contrários ao PL 490. Única indígena no parlamento brasileiro, Wapichana foi impedida de concluir as falas. Ela demandou a participação de representantes dos povos originários na sessão, pedido que foi vetado.

Cordão anti-protestos

A votação se deu com as ruas no entorno da Câmara sitiadas pela Polícia Militar (PM), que montou um forte esquema de segurança como forma de evitar protestos. A mobilização desta terça-feira (22) resultou em dois indígenas com ferimentos graves e um policial ferido na perna.

Do lado de fora, a sessão da CCJ foi acompanhada por manifestantes do "Levante pela Terra", acampamento que reúne mais de 850 pessoas de 45 povos originários de todas as regiões do Brasil há mais de duas semanas na Esplanada dos Ministérios.

Inconstitucionalidade

Com o apoio de ruralistas e bolsonaristas, que têm pressa na aprovação, o texto do relator, Arthur Oliveira Maia (DEM-BA), pode ser considerado inconstitucional, já que tem a pretensão de mudar a Constituição no que diz respeito ao direito do usufruto exclusivo da terra em relação aos povos indígenas.

O artigo 231 da Constituição reconhece que "as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes".

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Com informações do Brasil de Fato.

Abandono digital de idosos é tema de evento online realizado pela subsecção Sobral da OAB

 

(FOTO/ Reprodução).

O abandono digital é um tema frequentemente abordado com relação a crianças, mas que, principalmente com o aumento da imersão tecnológica experimentado na pandemia da Covid-19, a observação dos idosos nesse contexto também merece atenção. Para tratar desse assunto, a subsecção Sobral da OAB, com apoio da ESA e da CAACE, realiza evento online na quinta-feira (24/6), às 19h30.

O evento é realizado por meio da Comissão de Educação Jurídica da Subsecção Sobral da OAB e traz para a pauta a importância da inclusão digital dos idosos e da orientação sobre os riscos do ambiente virtual, evitando golpes e explorações e tornando possível que esse público use a internet a seu favor.

Para abordar os assuntos, a advogada Patrícia Novais Calmon, presidente da Comissão da Adoção e do Idoso do IBDFAM-ES, participa do evento como palestrante. A live conta ainda com a contribuição da advogada, especialista em Direito de Família e Sucessões, e presidente da Comissão de Saúde e Atenção ao Idoso da subsecção Sobral da OAB, Geanny Vasconcelos, como debatedora.

A programação é gratuita e aberta ao público, com inscrições e transmissão pela plataforma de cursos da ESA Ceará. Para participar, basta inscrever-se gratuitamente em cursos.esace.org.br.

Live: Abandono digital de idosos

Data: 24/6/2021

Horário: 19h30

Gratuito

Informações:

E-mail: oabsobral@gmail.com

Whatsapp:  (88) 3614.1544

Realização: Subsecção Sobral da OAB, da ESA e da CAACE. Comissão de Educação Jurídica da Subsecção Sobral da OAB. ESA-CE.

Palestrante:

Patrícia Novais Calmon

Advogada. Mestranda em Direito Processual pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Presidente da Comissão da Adoção e do Idoso do IBDFAM-ES.

Debatedora:

Geanny Vasconcelos

Advogada. Professora universitária e enfermeira com residência em saúde da família. Especialista em Direito e Processo do Trabalho e em Direito de Família e Sucessões. Presidente da Comissão de Saúde e Atenção ao Idoso e Conselheira da Subsecção Sobral da OAB. Representante da Subsecção Sobral da OAB no Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Sobral-CE.

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Texto encaminhado ao Blog por Gabriela Vieira, Assessora de Comunicação da ESA-CE.

Roda de Poesia evidência poetas do Território Criativo do Gesso

 

Kennya Rafaelle e Stephany Thayná, respectivamente. (FOTO/ Divulgação/ Whatsapp).

Stephany Thayná, 12 anos e Kennya Rafaelle, 15 anos, residentes no Território Criativo do Gesso, área que abrange cinco bairros da cidade do Crato, são poetas e já faz um tempo que começaram a escrever seus primeiros poemas.

As adolescentes despertaram para a escrita poética a partir da participação nas Rodas de Poesia no Gesso, desenvolvidas pelo Coletivo Camaradas, que tiveram início em 2013.

Stephany Thayná diz que a sua participação nas Rodas de Poesia e nas Rodas de Leitura na Comunidade foi essencial para despertar o seu interesse tanto para a leitura como para a escrita.  Ela destaca que o seu primeiro poema teve como inspiração à sua mãe e enfatiza que depois do primeiro texto sua criatividade foi se expandido e que não parou mais de escrever.

Kennya Rafaelle também teve um percurso semelhante, pois foi a partir do Coletivo Camaradas que começou a gostar de poesia. Aos 13 anos, o Camaradas lançou o seu primeiro livreto de poemas. Ela acredita que esse trabalho que vem sendo desenvolvido contribui para incentivar a leitura.  Kennya diz que escreve constantemente e que gosta da poesia de Carlos Drummond de Andrade.

Desde que iniciou a pandemia, a Roda de Poesia no Gesso acontece de forma virtual. Neste domingo, 27, às 18h, pelo Instagram do Coletivo Camaradas, a Roda de Poesia contará com a participação das poetas Stephany Thayná e Kennya Rafaelle.

A cada mês a Roda de Poesia no Gesso deverá contar com   a participação de poetas do Território Criativo do Gesso que abrange os bairros São Miguel, Palmeiral, Santa Luzia, Pinto Madeira e Centro, além de poetas de outros estados brasileiros.

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Texto encaminhado ao Blog por Alexandre Lucas, Colunista.

STF recebe carta pelos direitos indígenas e MPF pede retirada de PL que altera demarcação

 

Sonia Guajajara e lideranças entregam carta ao presidente do STF. (FOTO/ Eric Terena/ Mídia India).

Em dia marcado pela violência policial contra povos indígenas em Brasília, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luiz Fux, recebeu carta da Articulação dos Povos Indígenas (Apib), solicitando que a Corte reafirme o direito originário e refute o marco temporal. “O Supremo Tribunal Federal tem a chance de reafirmar na história constitucional brasileira o respeito aos direitos originários dos povos indígenas, reconhecidos pelo Legislador Constituinte. Portanto, solicitamos a Vossa Excelência que vote favorável aos povos indígenas por ocasião do julgamento da Repercussão Geral no Recurso Extraordinário 1.017.365/SC à pauta do Supremo Tribunal Federal”, diz trecho da carta.

O documento é assinado pela coordenadora executiva da Apib, Sonia Guajajara, e o assessor jurídico Luiz Henrique Eloy Amado, que se encontraram com Fux. Segundo Guajajara, o ministro do STF se colocou à disposição das lideranças para a manutenção dos direitos indígenas e contra a violação de direitos nos territórios.

Direitos territoriais indígenas

Também hoje, o Ministério Público Federal (MPF) pediu a retirada do PL 490/2007, que está na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. A proposta altera o regime jurídico das terras indígenas e afeta processos de demarcação.

Por meio de nota pública contária, a Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF (6CCR/MPF), vinculada à Procuradoria-Geral da República, aponta ilegalidades. Entre elas, a criação do chamado “marco temporal” como condição para o reconhecimento dos direitos territoriais indígenas assegurados na Constituição.

Pela tese do marco temporal, os povos indígenas só teriam direito à demarcação de terras sob sua posse no dia 5 de outubro de 1988. Para o MPF, essa tese contraria a Constituição Federal e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF). O mesmo vale para outras propostas incorporadas ao PL 490, que também receberam parecer pela aprovação do relator da matéria na CCJ, deputado Arthur Maia (DEM/BA), na forma de um substitutivo.

Direitos indígenas

O PL 490 é mais uma entre as diversas “iniciativas legislativas e administrativas que visam suprimir ou reduzir os direitos indígenas”. É o caso da tentativa de atribuir ao Congresso Nacional a demarcação das terras indígenas, conforme a PEC 215/2000; a legalização de atividades agropecuárias e florestais nas terras indígenas (PEC 187/2016); e o enfraquecimento da política indigenista do Estado brasileiro (MP 870/2019).

Na nota pública, a Câmara de Populações Indígenas do MPF (6CCR) lembra que tem se posicionado reiteradamente pela inconstitucionalidade de quaisquer medidas que enfraqueçam a proteção às terras indígenas prevista no artigo 231 da CF. E afirma que as propostas legislativas discutidas no PL 490/2007 padecem dos mesmos problemas apontados em manifestações anteriores.

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Com informações da RBA.

URCA lançará I Simpósio Internacional sobre Culturas e Literaturas Populares no próximo dia 30



A Universidade Regional do Cariri (URCA) lançará no próximo dia 30 de junho, o I Simpósio Internacional sobre Culturas e Literaturas Populares. O evento tem como objetivo principal analisar e discutir a origem, a dinâmica e a complexidade das culturas e literaturas populares, entendendo-as no processo de produção, circulação e consumo.

O Simpósio contará com a participação de pesquisadores nacionais e internacionais, e mestres das culturas e literaturas popular do Cariri e do Ceará. A programação do Simpósio e as datas para realização de inscrições serão apresentadas no dia 30 de junho, no Canal URCA, na Plataforma do YouTube.

O evento acontecerá em formato virtual, através das plataformas eletrônicas da URCA. E contará com seis eixos temáticos que nortearão debates e discussões. Além de nove mesas redondas, Grupos de Trabalho, comunicações científicas e culturais e exibição de vídeos com os grupos de cultura popular do Ceará.

Os expositores, palestrantes e conferencistas são especialistas da região e de outros estados brasileiros, nomes referenciais, estudiosos das várias temáticas afins aos eixos, de universidades fora do país. Geralmente, pesquisadores do continente latino-americano, continente africano e da Península Ibérica.

O Simpósio é promovido pelo Instituto José Marrocos de Pesquisas e Estudos Socioculturais – IPESC/PROEX/URCA, UECE, UFCA, UVA e UNILAB, em parceria com o Geoparque Araripe Mundial da UNESCO, Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Cariri, Escola de Saberes Ave Poesia de Assaré, Rede Arte na Escola, Rede de Estudos e Pesquisa em Folkcomunicação – Rede Folkcom, Socicom – Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação, Assibercom -Associação Ibero-Americana de Comunicação e ONG Beatos, com os apoios da SECULT-C e da SECITECE.

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Com informações do portal da URCA.