Interventor Francisco de Menezes Pimentel. (FOTO/ Ceará em Fotos e Histórias). |
Francisco
de Menezes Pimentel foi um político cearense nascido em Santa Quitéria em 1887.
Aos 20 anos, fundou, em Pacoti, o Ginásio São Luís, que depois seria
transferido para Fortaleza e formaria gerações de alunos que viriam a ter
influência local e nacional.
Estudou
na Faculdade de Direito do Ceará, formando-se em 1914 e vindo a tornar-se
diretor dessa instituição em 1921, permanecendo no cargo até 1935. Nesse
período em que esteve a frente da FDC, Menezes Pimentel ingressou na política
como deputado estadual em 1929, mas devido à dissolução das assembleias
estaduais e do Congresso Nacional depois da Revolução de 1930.
Em
1935, venceu José Acióli na disputa para o governo do estado do Ceará pela Liga
Eleitoral Católica (LEC). Essa campanha foi por Getúlio Vargas. Pouco depois de
empossado como governador, Menezes Pimentel participou da repressão à um grupo
de 2 mil operários a pedido do prefeito daquele município, Francisco Duarte
Filho, que temia uma Revolta Comunista como as que eclodiram em Natal, Recife e
Rio.
Em
1937, após a implantação da ditadura do Estado Novo, Menezes Pimentel deixa de
ser governador, devido ao fechamento do Congresso e abolição dos cargos
efetivos. Ainda nesse ano, tropas federais invadiram a cidade de Caldeirão,
reprimindo os moradores da comunidade sob a alegação de que eles davam guarida
a foragidos que participaram da Intentona Comunista de 1935, fato não noticiado
pela imprensa censurada pelo Estado Novo.
Foi
exonerado do cargo de interventor em 1945, dois dias antes de Getúlio Vargas
ser deposto. O período que o Ceará passou sob sua intervenção foi marcado por
perseguições políticas, prisões arbitrárias e tortura. Uma das presas e
torturadas foi a escritora Rachel de Queiroz, que ficou presa no Quartel do
Corpo de Bombeiros. Além disso, teve seus romances Caminho das Pedras, O Quinze
e João Miguel apreendidos e queimados. O conservadorismo religioso durante a
intervenção de Menezes Pimentel fechou lojas maçônicas, centros espíritas e
terreiros de candomblé. As livrarias foram censuradas por conter livros com
ideias subversivas.
Como
podemos ver, Menezes Pimentel nada tem a ver com a leitura no Ceará. Na
verdade, esse personagem nomeando a Biblioteca Pública do Ceará é um verdadeiro
tapa na cara da sociedade cearense. Uma mudança de conceito da biblioteca deve
consequentemente passar pela mudança de seu nome. Torturadores não devem ter
espaço em nossas homenagens e em nossos patrimônios públicos.
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Veja
também:
A Interventoria de Menezes Pimentel (1937–1945) — Fátima Garcia
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