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(Foto: Reprodução/Brasil 247) |
Mais
de 2.300 religiosos – pastores e teólogos evangélicos – assinaram a “Carta
Pastoral à Nação Brasileira”, em repúdio à tentativa da campanha de Bolsonaro
de usar um grupo “neo-pentecostal” e “manipular o nome de Deus” em sua
campanha. A carta diz: “Cremos num Deus grande o suficiente para não se deixar
usar por formas anticristãs de pensamento e de ação”. E acrescenta:
"[afirmamos] Nossa indignação contra toda pretensão de haver um governo
exercido em nome de Deus, bem como contra toda aspiração autoritária e
antidemocrática".
A
carta, publicada pelo jornal Hora do Povo, alerta para o uso indevido e
oportunista do 'nome de Deus' e da 'fé do povo' pela campanha do ex-militar e
pede para que os brasileiros usem a cidadania na hora do voto. (Com informaçõesdo 247).
Leia a íntegra da carta e os dez
primeiros nomes que a assinam:
CARTA PASTORAL À NAÇÃO BRASILEIRA
Nós – pastores e pastoras, e líderes
evangélicos das mais diferentes tradições cristãs – vimos à nação brasileira,
neste conturbado contexto eleitoral, marcado por polarizações, extremismos e
violência, afirmar:
1. Nosso compromisso com o Evangelho
do Cristo, personificado na figura de Jesus de Nazaré, que, suportando todo
tipo de contradição, injustiça, humilhação e violência, legou-nos o caminho do
amor, da paz e da convivência; e promoveu a dignidade humana. Sim, em Cristo,
não há direita, nem esquerda, nem homem, nem mulher, nem estrangeiro, nem rico,
nem pobre. Também não há distinção de classe, de cor, de nacionalidade ou de
condição física, pois, nele, todos somos iguais (Fp 2.1,5-11; Jo 4; Mt 19.14;
Is 53.4-7; Rm 10.12; Gl 3.23-29; Cl 3.11; Fp 2.5-8);
2. Nosso renovado compromisso de orar
não só pelo futuro mas, sobretudo, pelo presente do país, incluindo seus
governantes, neste momento em que o povo brasileiro é convidado a fazer suas
escolhas, de tal modo que elas sejam exercidas em paz e pela paz (1Tm 2.2; Rm
13.1-7; Pv 28.9; Mt 7.7-8; Rm 8.26-27; Ef 6.18; 1Ts 5.17; 1Tm 2.1-2; Tg 5.16);
3. Nosso convite para que todos os
brasileiros e brasileiras exerçam sua cidadania, escolhendo seus candidatos
pelo alinhamento deles com os valores do Reino de Deus, evidenciados na defesa
dos mais pobres e dos menos favorecidos, na crítica a toda forma de injustiça e
violência, na denúncia das desigualdades econômicas e sociais, no acolhimento
aos vulneráveis, na tolerância com o diferente, no cuidado com os encarcerados,
na responsabilidade com a criação de Deus, e na promoção de ações de justiça e
de paz (Dt 16.19; Sl 82.2-5; Pv 29.2; 31.,9; Is 10.1-2; Jr 22.15-17; Am 8.3-7;
Gn 2.15; Rm 8.18-25; Mt 5.6; 25.34-35; Lc 6.27-31; Tg 1.27; 2.6-7);
4. Nossa indignação contra toda
pretensão de haver um governo exercido em nome de Deus, bem como contra toda
aspiração autoritária e antidemocrática. Afirmamos nossa firme convicção de que
o nome de Deus não pode ser usado em vão, ainda mais para fins políticos. Por
isso, recomendamos, enfaticamente, que se desconfie de qualquer tentativa de
manipulação do nome de Deus (Ex 20.7);
5. Nosso repúdio a toda e qualquer
forma de instrumentalização da religião e dos espaços sagrados para promoção de
candidatos e partidarismos. Cremos num Deus grande o suficiente para não se
deixar usar por formas anticristãs de pensamento e de ação;
6. Nossa denúncia da
instrumentalização da piedade e da posição pastoral com objetivo de exercer uma
condução do voto. Reafirmamos a liberdade que o cidadão tem de optar por seus
candidatos, sem se sentir levado por sentimentos de medo e culpa,
frequentemente promovidos por profissionais da religião visando a manipulação
política de fiéis (Mt 7.15-20; Rm 16.17-18; 2 Pe 2.1-3; Jo 10.10a);
7. Nossa denúncia de toda e qualquer
forma de corrupção, desde aquelas que lesam os cofres públicos às demais
travestidas ora de opressão social, ora de conluios e conveniências com a
injustiça, com a impunidade e com os poderes estabelecidos (Dt 25.13-16; Pv
11.1; 20.10; 31.9; Is 10.1-2; Jr 22.15-17; Mq 6.11; 7.2-3; Lc 3.12-13);
8. Nossa certeza de que o Reino não
está circunscrito à Igreja e de que não pode ser capitaneado por ninguém, seja
qual for o cargo que exerça ou credencial que possua (Lc 17.20-21; At
10.34-35);
9. Nossa inconformidade com o clima
violento que tomou conta do país, o qual foi, também, muito alimentado por
lideranças religiosas que, ao invés de pacificarem o povo e abrandarem os
discursos, inflamam ainda mais o contexto polarizado em que vivemos (Mt 5.9;
11.29; Lc 6.27-31; Rm 12.19-21; Cl 3.12);
10. Nossa defesa do Estado laico, da
liberdade de consciência e de expressão, do direito à vida, à maturidade
individual e à integridade, e do pleno direito de exercermos a liberdade
religiosa (Jo 8.31-32,36; 2Co 3.17; Gl 5.1.13; Rm 6.22; Cl 1.13);
11. Nosso renovado compromisso de
semear perdão onde houver ofensa, amor onde houver ódio, esperança onde houver
desespero, luz onde houver trevas, verdade onde houver mentira e união onde
houver discórdia, manifestos no respeito e na contínua intercessão a Deus pelo
processo democrático brasileiro (Mt 5.9; 18.21-22; Lc 6.27-31; Jo 13.3-5; Rm
12.19-21; Gl 5.13);
12. Nossa união em defesa da vida
digna, em sua plenitude, para todas as pessoas, cujo exemplo e potencial maior
está em Jesus de Nazaré; e do amor, da paz e da justiça estabelecidos por ele
como valores para sua efetivação (Mt 11.29; Jo 10.10; 13.3-5,15; Rm 12.1-2; Fp
2.5-8).
“A graça do Senhor Jesus Cristo, e o
amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.” (2 Co 13.13)
Brasil, setembro de 2018.
Assinam:
1. LUIZ LONGUINI NETO. PASTOR DA
IGREJA PRESBITERIANA DO RIO COMPRIDO (IPB).
2. REV. CID PEREIRA CALDAS. PASTOR DA
IP BOTAFOGO – RIO DE JANEIRO. PRESIDENTE DO PRESBITÉRIO RIO DE JANEIRO DA IPB.
VICE-PRESIDENTE DO SÍNODO DO RIO DE JANEIRO DA IPB. SECRETÁRIO DO CONSELHO DE
CURADORES DO INSTITUTO PRESBITERIANO MACKENZIE. 1º SECRETÁRIO DO CONSELHO
DELIBERATIVO DO INSTITUTO PRESBITERIANO MACKENZIE.
3. SERGIO RICARDO GONÇALVES DUSILEK.
DOUTORANDO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO. UFJF/MG. PASTOR BATISTA. IGREJA BATISTA
MARAPENDI. RIO DE JANEIRO-RJ
4. MAGALI DO NASCIMENTO CUNHA. LEIGA
METODISTA. JORNALISTA E DOUTORA EM CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO. É COLABORADORA DO
CONSELHO MUNDIAL DE IGREJAS.
5. CLEMIR FERNANDES. DOUTOR EM
SOCIOLOGIA. ISER. RIO DE JANEIRO.
6. SANDRO XAVIER. DOUTOR. LINGUISTA,
TEÓLOGO E PASTOR. PRESBITERIANO. BRASÍLIA – DF
7. RICARDO LENGRUBER. DOUTOR EM
TEOLOGIA. IGREJA METODISTA. RIO DE JANEIRO.
8. PAULO LOCKMANN. PASTOR. PROFESSOR.
BIBLISTA. BISPO EMÉRITO DA IGREJA METODISTA. EX-PRESIDENTE DO CONCÍLIO MUNDIAL
METODISTA.
9. REV. CARLOS ALBERTO RODRIGUES
ALVES. PASTOR, JUIZ DE PAZ, PROFESSOR UNIVERSITÁRIO. PASTOR ANGLICANO. IGREJA
ANGLICANA EM CURITIBA. CURITIBA
10. CARLOS CALDAS. DOUTOR EM CIÊNCIAS
DA RELIGIÃO PELA UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO. PASTOR PRESBITERIANO E
PROFESSOR DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO DA PUC MINAS.
PUC MINAS. BELO HORIZONTE