Martin
Luther King Jr foi um pastor protestante e ativista político estadunidense.
Tornou-se um dos mais importantes líderes do movimento dos direitos civis dos
negros nos Estados Unidos, e no mundo, com uma campanha de não violência e de
amor ao próximo.
Um
ministro Batista, King tornou-se um ativista dos direitos civis no início de
sua carreira.Ele liderou em 1955 o boicote aos ônibus de Montgomery e ajudou a
fundar a Conferência da Liderança Cristã do Sul (SCLC), em 1957, servindo como
seu primeiro presidente. Seus esforços levaram à Marcha sobre Washington de
1963, onde ele fez seu discurso "I Have a Dream".
Em
14 de outubro de 1964 King recebeu o Prémio Nobel da Paz pelo o combate à
desigualdade racial através da não violência. Nos próximos anos que antecederam
a sua morte, ele expandiu seu foco para incluir a pobreza e a Guerra do Vietnã,
alienando muitos de seus aliados liberais com um discurso de 1967 intitulado
"Além do Vietnã".
King
foi assassinado em 4 de abril de 1968, em Memphis, Tennessee. Ele recebeu
postumamente a Medalha Presidencial da Liberdade em 1977 e Medalha de Ouro do
Congresso em 2004; Dia de Martin Luther King, Jr. foi estabelecido como um
feriado federal dos Estados Unidos em 1986. Centenas de ruas nos EUA também
foram renomeadas em sua homenagem.
Início de vida e educação
Martin
Luther King, Jr. nasceu em 15 de janeiro de 1929, em Atlanta, Geórgia. Filho de
Martin Luther King, Sr. e de Alberta Williams King. Seu nome legal ao nascer
era de "Michael King"; seu pai, que mudou seu nome de Michael a
Martin Luther, disse mais tarde que o nome de Michael foi registrado incorretamente.
Martin, Jr. era o filho do meio entre a irmã mais velha, Willie Christine King,
e um irmão mais novo, Alfred Daniel Williams King. Cantou com o coro da igreja
em Atlanta na estreia filme E o Vento Levou. No entanto, mais
tarde ele concluiu que a Bíblia tem "muitas
verdades profundas que não se pode escapar" e decidiu entrar para o seminário.
King
era originalmente cético em relação a muitas das reivindicações do cristianismo.
O mais impressionante foi, talvez, a sua negação inicial da ressurreição
corporal de Jesus durante a Escola Dominical com treze anos de idade. A partir
deste ponto, ele declarou: "as
dúvidas começaram a brotar inexoravelmente".
Ativismo político
Em
1955 Rosa Parks, uma mulher negra, se negou a dar seu lugar num ônibus para uma
mulher branca e foi presa. Os líderes negros da cidade organizaram um boicote
aos ônibus de Montgomery para protestar contra a segregação racial em vigor no
transporte. Durante a campanha de um ano e dezesseis dias, co-liderada por
Martin Luther King, muitas ameaças de morte foram feitas, foi preso e viu sua
casa ser atacada. O boicote foi encerrado com a decisão da Suprema Corte
Americana em tornar ilegal a discriminação racial em transporte público.
Depois
dessa batalha, Martin Luther King participou da fundação da Conferência da
Liderança Cristã do Sul (CLCS, ou em inglês, SCLC, Southern Christian
Leadership Conference), em 1957. A CLCS deveria organizar o ativismo em torno
da questão dos direitos civis. King manteve-se à frente da CLCS até sua morte,
o que foi criticado pelo mais democrático e mais radical Comitê Não Violento de
Coordenação Estudantil (CNVCE, ou em inglês, SNCC, Student Nonviolent
Coordinating Committee). O CLCS era composto principalmente por comunidades
negras ligadas a igrejas batistas. King era adepto ás ideias de desobediência
civil preconizadas pelo líder indiano Mahatma Gandhi e aplicava essas ideias
nos protestos organizados pelo CLCS. King acertadamente previu que
manifestações organizadas e não violentas contra o sistema de segregação
predominante no sul dos Estados Unidos, atacadas de modo violento por
autoridades racistas e com ampla cobertura da mídia, iriam criar uma opinião
pública favorável ao cumprimento dos direitos civis; essa foi a ação
fundamental que fez do debate acerca dos direitos civis o principal assunto
político nos Estados Unidos a partir do começo da década de 1960.
Ele
organizou e liderou marchas a fim de conseguir o direito ao voto, o fim da
segregação, o fim das discriminações no trabalho e outros direitos civis
básicos. A maior parte destes direitos foi, mais tarde, agregada à lei
estado-unidense com a aprovação da Lei de Direitos Civis (1964), e da Lei de
Direitos Eleitorais (1965).
King
e o CLCS escolheram com grande acerto os princípios do protesto não violento,
ainda que como meio de provocar e irritar as autoridades racistas dos locais
onde se davam os protestos - invariavelmente estes últimos retaliavam de forma
violenta. O CLCS também participou dos protestos em Albany (Alabama)
(1961-1962), que não tiveram sucesso devido a divisões no seio da comunidade
negra e também pela reação prudente das autoridades locais; a seguir,
participou dos protestos em Birmingham (1963) e do protesto em St. Augustine,
na Flórida (1964). King, o CLCS e o CNVCE uniram forças em dezembro de 1964, no
protesto ocorrido na cidade de Selma (Alabama).
Em
14 de outubro de 1964, King se tornou a pessoa mais jovem a receber o Nobel da
Paz, que lhe foi outorgado em reconhecimento à sua nação e à sua liderança na
resistência não violenta e pelo fim do preconceito racial nos Estados Unidos.
Com
colaboração parcial do CNVCE, King e o CLCS tentaram organizar uma marcha desde
Selma até a capital do Alabama, Montgomery, a ter início dia 25 de março de
1965. Já haviam ocorrido duas tentativas de promover esta marcha, a primeira em
7 de março e a segunda em 9 de março.
Na
primeira, marcharam 525 pessoas por apenas seis blocos; a intervenção violenta
da polícia interrompeu a marcha. As imagens da violência foram transmitidas
para todo o país e o dia ganhou o apelido de Domingo Sangrento. King não
participou dessa marcha: encontrava-se em negociações com o presidente
estado-unidense e não deu sua aprovação para a marcha tão precoce.
A
segunda marcha foi interrompida por King nas proximidades da ponte Pettus, nos
arredores de Selma, uma ação que parece ter sido negociada antecipadamente com
líderes das cidades seguintes. Esse ato causou surpresa e indignação em muitos
ativistas locais.
A
marcha, finalmente, se completou na terceira tentativa (25 de março de 1965),
com a permissão e apoio do presidente Lyndon Johnson. Foi durante esta marcha
que Stokely Carmichael (futuro líder dos Panteras Negras) criou a expressão
"Black Power".
Antes,
em 1963, King foi um dos organizadores da marcha em Washington, que,
inicialmente, deveria ser uma marcha de protesto, mas, depois de discussões com
o então presidente John F. Kennedy, acabou se tornando quase que uma celebração
das conquistas do movimento negro (e do governo) - o que irritou bastante
ativistas mais radicais e menos ingênuos.
A
partir de 1965, o líder negro passou a duvidar das intenções estado-unidenses
na Guerra do Vietnã. Em fevereiro e, novamente, em abril de 1967, King fez
sérias críticas ao papel que os Estados Unidos desempenhavam na guerra. Em 1968
King e o SCLC organizaram uma campanha por justiça sócio-econômica, contra a
pobreza (a "Campanha dos Pobres"), que tinha por objetivo principal
garantir ajuda para as comunidades mais pobres do país.
Também
deve ser destacado o impacto que King teve nos espetáculos de entretenimento
popular. Ele conversou com a atriz negra do seriado Star Trek original,
Nichelle Nichols, quando ela ameaçava sair do programa. Nichelle acreditava que
o papel não estava ajudando em nada sua carreira e que o estúdio a tratava mal,
mas King a convenceu de que era importante para o negro ter um representante
num dos programas mais populares da televisão.
Morte
Martin
Luther King era odiado por muitos segregacionistas do sul, o que culminou em
seu assassinato no dia 4 de abril de 1968, momentos antes de uma marcha, num
hotel da cidade de Memphis. James Earl Ray confessou o crime, mas, anos depois,
repudiou sua confissão. Encontra-se sepultado no Centro Martin Luther King Jr.,
Atlanta, Fulton County, Geórgia nos Estados Unidos. A viúva de King, Coretta
Scott King, junto com o restante da família do líder, venceu um processo civil
contra Loyd Jowers, um homem que armou um escândalo ao dizer que lhe tinham
oferecido 100.000 dólares pelo assassinato de King.