Retrospectiva 2021: o ano que o Blog Negro Nicolau pautou os sites do cariri

 

Por Nicolau Neto, editor

Era para ser só mais um ano. Mas não foi. 2021 foi o ano do verbo esperançar alcunhado pelo educador Paul Freire. As vacinas anticovid-19 chegaram e com elas a esperança de que todos e todas se conscientizassem da sua eficácia e eficiência para salvar vidas. Foi ainda o ano em que enquanto mídia não só resistimos, mas insistimos e não desistimos de continuar sendo “antirracista”. Não é só um lema, é um projeto de vida.

E partindo dessa premissa resolvemos trilhar outro caminho. É muito raro encontrar mídias antirracistas no Ceará, pois a esmagadora maioria delas, inclusive as que se autointitulam “progressistas”, não rompem com a forma tradicional de fazer e divulgar conteúdos. Mesmo assim, resolvemos encarar o desafio: escrever e sugerir pautas para elas.

Foi assim que sites como o Badalo, Gazeta do Cariri, Miséria, Okariri, Brasil de Fato Ce, Caririensi, Fooba e blogs como o do Amaury Alencar e do Ambrósio Santos, dentre outros, reproduziram os textos do Blog Negro Nicolau. Textos que falam sobre nós, nossas vivências, ancestralidade, da importância que a comunidade negra tem; escritas que falam sobre as intelectualidades negras no Brasil; artigos que dizem o quanto somos e estamos ausentes dos livros didáticos, ao tempo em que apontam caminhos para a superação dessa violência que está presente desde o século XVI: o racismo estrutural.

Nunca temas como esses foram tão vistos em mídias do cariri quanto em 2021. Conseguimos romper a barreira do silenciamento dessas redações.

Achas que é pegadinha? Digita no Google, por exemplo, “plano de combate ao racismo em Altaneira” e “feriado no dia da consciência negra Altaneira” e veja o que aparece.

Mas as frustrações vieram a galope. Os mesmos textos que encaminhamos para as redações dos sites listados acima foram também para os sites alcunhados de "antirracistas" e "progressistas". Mas nenhum foi publicado. O que explica isso? Essa problemática rende um bom artigo científico. Então, mão na massa. Ou melhor, mão no teclado.

Por isso, é bom insistir mas sem se iludir. Abdias Nascimento, uma das vozes mais eloquentes e um dos intelectuais negros mais conhecidos do Brasil, já pontuava: 

O racismo no Brasil se caracteriza pela covardia. Ele não se assume e, por isso, não tem culpa e nem autocrítica. Costumam descrevê-lo como sutil, mas isto é um equívoco. Ele não tem nada de sutil, pelo contrário, para quem não quer se iludir ele fica escancarado ao olhar mais casual e superficial.

Ao longo de 2021 o Blog deu um salto gigantesco em acessos. Já são mais de 7 milhões. Hoje o Blog conta com oito colunistas e oito parcerias (sem nenhum rendimento. Nem para o Blog e nem para as instituições parceiras).

Que 2022 venha carregado de esperanças (do verbo esperançar) de dias melhores onde cada pessoa/família tenha condição de viver com dignidade. Afinal, como já alertou Paulo Freireé preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar; porque tem gente que tem esperança do verbo esperar. E esperança do verbo esperar não é esperança, é espera. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo…”.

'A Princesa Mahin: Uma história quilombola' mescla fantasia e história de resistência

 

(FOTO/ Pedro Sobrinho/Ciclo Contínuo Editorial).

Ler os contos de Fábio Mandingo é adentrar nos becos do coração de Salvador, na Bahia. Quando nosso peito batuca lendo suas histórias significa que a literatura preta do irmão também adentrou nosso coração. Depois da maravilhosa trilogia dos seus livros de contos, agora o escritor nos encanta com a sua primeira novela, chamada “A Princesa Mahin: Uma história quilombola”, onde mescla fantasia e a história das lutas de resistência negra no Brasil.

Sankara é filho de militantes, mas não tem a gana pela causa racial. Sabemos que às vezes precisamos de um estalo para acender a chama da luta e do orgulho. Kiala é da sua turma da escola e é mais ligeira. Ela despertou o fruto da consciência negra na árvore/casa, onde suas raízes-pai-mãe a envolveram desde a infância. Eles estudam na mesma turma, mas Kiala Mahin não vai muito com a cara do Sankara por não ter despertado para as coisas do seu povo. Em um sábado, Sankara achando que ia ter o prazer de dormir até mais tarde, foi surpreendido por sua professora Lúcia que programou uma aula de campo, e aí se passa a trama.

Sankara e seus amigos de escola partem para uma excursão até o Parque São Bartholomeu, em Salvador. Motivados por Kiala e sua amiga Dani, as irmãs Mahin, Sankara, Charles e Otávio resolvem explorar o parque fora do roteiro da professora, em busca de histórias de sua ancestralidade, o que conduz Sankara magicamente até o histórico Quilombo do Urubu, onde ele tem que lidar com violentos capitães do mato e aprende com os quilombolas liderados pela Rainha Zeferina sobre lealdade, amizade, fé e amor”, diz a apresentação do livro.

A obra é ilustrada pelo talentoso Pedro Sobrinho, que somou com sete ilustrações onde os traços de seus desenhos trazem humanidade para o nosso povo. Conseguimos sentir a conexão espiritual entre o escritor e o ilustrador, que trabalharam juntos em outros livros.

A Princesa Mahin” é mais uma publicação da Ciclo Contínuo Editorial, editora independente dedicada à publicação de obras literárias e pesquisas na área das Humanidades com enfoque especial na cultura afro-brasileira.

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Por Akins Kintê, originalmente no Alma Preta.

Akins Kintê é um poeta, músico e escritor paulistano conhecido por seus versos marcados pela negritude. Em 2020, lançou seu terceiro livro “Muzimba, na Humildade sem Maldade” e também colocou nas ruas o EP “Abrakadabra”.

Desmond Tutu, líder contra o regime do apartheid e ganhador do Nobel da Paz, morre aos 90 anos

 

(FOTO/ Getty Images/ Reprodução/ BBC News).

Por Nicolau Neto, editor

A luta pelos direitos humanos e contra quaisquer preconceitos e discriminações teve mais uma baixa. Depois de bell hooks que faleceu no último dia 15 aos 69 anos, o mundo testemunhou com imenso pesar a morte de um dos maiores ativistas e incansáveis na defesa das maiorias, mas minorias nos espaços de poder: o arcebispo sul-africano Desmond Tutu morreu neste domingo, 26, aos 90 anos, vítima de câncer.

Desmond Tutu foi símbolo na luta contra o regime racista do apartheid na África do Sul, fato que lhe permitiu em 1994 ser ganhador do prêmio Nobel da Paz. Foi ainda um defensor pertinaz pela libertação de Nelson Mandela

Ele denunciou para o mundo o massacre do povo negro pela minoria branca no regime segregacionista que só foi derrubado em 1994. Desmond Tutu, presente!, escreveu em sua rede social a deputada federal pelo PT do Rio de Janeiro Benedita da Silva.

A confirmação da morte de Desmont Tutu foi dada pelo presidente do país, Cyril Ramaphosa, nesta manhã (26).

Representatividade negra na infância: Beatriz mostrando sua nova bonequinha

 

Representatividade negra na infância: Beatriz mostrando sua nova bonequinha. (FOTO/ Nicolau Neto).

Por Nicolau Neto, editor

O processo de autorreconhecimento, de construção da indenidade deve começar desde muito cedo. É na infância onde as crianças começam as descobertas, a conhecer seu meio e a se reconhecerem com integrantes da sociedade.

Como parte desse processo, as brincadeiras são instrumentos poderosíssimos para a inserção no imaginário delas de temas como identidade e representatividade. Beatriz Rodrigues, minha filha de 3 anos, está dando o recado. "Pretinha igual eu", disse ela ao dialogar com a mãe, Valéria, e este editor.

Abaixo o vídeo disponibilizado no YouTube:

             

“O foco não é rivalizar com Natal, mas reencontrar nossa própria história”, diz professora sobre o Kwanzaa

 

Celebração da Kwanzaa acontece entre os dias 26 de dezembro e 1º de janeiro. (FOTO/ Nydia Blas/The New York Time).

O final de ano chegou e com ele o Natal e Ano Novo são comemorado no Brasil e no mundo, principalmente em países com o cristianismo como base social e religiosa. No entanto, a Kwanzaa tem se tornado uma comemoração frequente na sociedade afro-americana, entre os dias 26 de dezembro e 1º de janeiro. Ela foi criada pelo professor americano de estudos africanos, ativista e escritor, Maulana Karenga, e que ganhou espaço nas Américas.

A pedagoga Taísa Ferreira comemora a Kwanzaa desde de 2009 e, para ela, “é uma celebração que tem a intenção de aproximar as pessoas pretas das suas raízes africanas“. Taísa, que é professora da rede municipal de Salvador e doutoranda em educação, diz que é importante todas as pessoas participarem, independente da faixa etária, e o papel das crianças para dar continuidade. “Elas precisam conhecer o sentido da celebração para o povo preto, conhecer a história e entender sua importância, de forma mais lúdica ou mais didática, a depender da idade”, informa a professora.

A festa foi inspirada em celebrações de povos africanos como os Ashanti e Zulu, segundo o historiador Henrique Bedetti, e tem o propósito de exaltar a herança africana, sendo a cultura mais antiga do planeta “bem como a reafirmação e valorização do senso de união, família, das crianças e de vida próspera”, informa. O historiador continua explicando que a ligação da data comemorativa com a terra, “celebra-se a fartura ao final de um árduo ano de plantio e trabalho, e inicia-se o ano seguinte na esperança de fortalecimento e bons frutos”, afirma Bedetti.

O nome “Kwanzaa” significa “primeiros frutos”, foi retirado da frase “Kwanzaa do ya matunda” (os primeiros frutos da terra) e tem origem suailí, maior idioma Bantu e língua oficial de 12 países da  África Central, usadas por mais de 50 milhões de pessoas no mundo. Criada nos Estados Unidos, em 1966, após as Revoltas de Watts, se tornou uma festividade intercultural, com todas as diversidades dos povos afro-americanos.

De acordo com o historiador, a festa vai contra o significado capitalista que foi colocado sobre o Natal, e que direta ou indiretamente exclui e oprime pessoas negras mundo afora. “A ideia do professor é inserir no calendário do povo negro uma festa que possa celebrar a milenar cultura africana, bem como valores importantes (e porquê não de sobrevivência) para os nossos, que passam pela união, autovalorização e autodeterminação”, informa o Bedetti.

A festa conta com 6 símbolos e 7 princípios, para Henrique Bedetti as simbologias oferecem uma representação visual e estética, e o que é ofertado e compartilhado entre os participantes.

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Com informações do Notícia Preta. Clique aqui e confira o texto completo.

Passaporte para Liberdade: por que historiadores dizem que Aracy de Carvalho não foi heroína que série da Globo mostra

 

(FOTO/ Reprodução/ BBC News Brasil).

A série Passaporte para Liberdade, da TV Globo, conta a "história real e extraordinária da brasileira que salvou centenas de vidas durante a Segunda Guerra Mundial".

A brasileira em questão é Aracy de Carvalho (1908-2011), que trabalhou no consulado do Brasil em Hamburgo, na Alemanha, durante o regime nazista.

Aracy teria burlado regras para dar vistos brasileiros a judeus alemães que tentavam escapar do país.

Mas o historiador Fábio Koifman diz à BBC News Brasil que isso é um mito.

Ele e o historiador Rui Afonso, dois pesquisadores com mais de 20 anos de experiência nessa área, investigaram os vistos concedidos a alemães no consulado de Hamburgo entre 1938 e 1939.

"As evidências mostram que não havia heroína nenhuma nesta história", afirma Koifman.
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As informações são da BBC News Brasil. 

bell hooks: 4 livros para conhecer o trabalho da ativista e feminista negra

 

A escritora e ativista bell hooks (Foto: Divulgação)


Na última semana o mundo perdeu uma personalidade importante no movimento feminista atual. Gloria Jean Watkins, conhecida mundialmente pelo pseudônimo bell hooks, foi uma a autora, professora, teórica feminista e artivista americana. Ela faleceu aos 69 anos no dia 15 de dezembro deste ano, em decorrência de doença renal crônica.


Ao longo de sua vida, hooks publicou mais de trinta livros e inúmeros artigos acadêmicos sobre temas como interseccionalidade de raça, capitalismo e gênero eram assuntos bastante frequentes. Seu trabalho contribuiu para o movimento feminista como conhecemos hoje e também para desmistificar a vivência da mulher negra na sociedade.

Watkins assumiu o pseudônimo bell hooks no início da carreira como autora em homenagem à avó materna, Bell Blair Hooks. Desde lá, queria que a grafia do nome fosse em letras minúsculas para que seu conteúdo fosse o ponto de atenção, e não sua personalidade. Assim, bell hooks construiu um legado que ultrapassa as barreiras da literatura e vai perdurar enquanto suas leitoras existirem.

Não conhece o trabalho de bell hooks? Confira agora 4 livros da autora!

O feminismo é para todo mundo: Políticas arrebatadoras 

Falando de política, beleza, luta de classes, direitos reprodutivos e violência, para que a sociedade seja mais justa, hooks defende que o feminismo é para todo mundo. Homens, mulheres, crianças, pessoas de todos os gêneros e de todas as idades. Disponível na Amazon por R$ 34,35.

Tudo sobre o amor: novas perspectivas

Falar de amor pode ser revolucionário. Nesta obra, bell hooks busca entender o que é o amor em todas as suas esferas e apresenta os desafios de colocá-lo na centralidade da vida, a partir de uma ótica patriarcal e racista. Encontre na Amazon por R$ 53,68.

Teoria Feminista: da Margem ao Centro

Nesta obra, hooks defende uma revolução feminista que transcenda reformas, com enfrentamento das ideologias do sexismo, do racismo e do capitalismo, entre outras. A proposta é envolver todas as esferas da sociedade e promover uma revolução feminista através de mulheres negras. Segundo a autora, só assim haverá a libertação de todx. Disponível na Amazon por R$ 37,31.

E eu não sou mulher? Mulheres Negras e Feminismo

Discutindo racismo, sexismo, intersecção entre raças e o impacto desses comportamentos na vida de mulheres negras, hooks discorre sobre a perpetuação de práticas excludentes de opressão e dominação desde a escravidão até os dias atuais. Disponível na Amazon por R$ 31,90.
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Com informações do Geledés.

Ícaro Silva encara e quebra silêncios para perturbar novos senhores

 

(FOTO/ Reprodução/ Instagram).

Antes que cheguem com “colocamos questão racial em tudo”, eu aviso que tudo, absolutamente tudo, das relações sociais em um país construído a partir do (para manter o) racismo é sobre questões raciais. Se esse assunto fosse, de fato, uma prioridade na educação e comunicação desse país mais da metade das pessoas não estariam se perguntando por quê Ícaro Silva respondeu dessa forma (brilhante, diga-se de passagem).

Embora eu não queira me demorar nesse detalhe, afirmo que se o ator não fosse um homem negro, o jornalista Tiago Leifert, um homem branco, não ousaria dizer coisas como: “pagamos o seu salário”. Aliás, nada mais colonial que a tentativa de silenciar alguém usando esse argumento. Mas, esperar o que de herdeiros de uma cultura escravocrata? Ao exclamar que paga salário – como se fosse um favor –, ele também quer dizer: “nós ainda mandamos em vocês”?

Se você não entendeu, sugiro que busque o nome de Ícaro Silva na aba de notícias do seu navegador. Sugiro também que não perca tempo e vá direto em sua resposta ao ex-apresentador do BBB que alegou ter seu “sossego interrompido” por conta da opinião de Ícaro.

O ator escreveu uma das respostas mais brilhantes que alguém pode dar à tentativa de silenciamento e humilhação, e quem se surpreendeu com uma escrita extremamente bem elaborada, não sabe que, além de um grande ator, Ícaro é um escritor que lançou seu primeiro livro ainda quando criança.

Quer dizer: Antes de Tiago, herdeiro da família Leifert e parente dos Klabin (vocês conhecem de sobrenome) começar, Ícaro já autografava livros infantis. Isso não vem ao caso, agora, mas confesso que depois do texto do Ícaro, eu fui pesquisar sobrenomes e... ter o sobrenome certo, no lugar certo, é de longe o melhor negócio nesse país.

A Senhorita Bira tem um vídeo incrível chamado “A herança que importa”, em seu canal, no YouTube. Indico.

Esse episódio nos chama atenção para muitas coisas, mas eu quero destacar algumas delas e a primeira é: Ainda é uma marca do racismo colocar pessoas negras em evidência ou a partir da violência, ou por algo muito extraordinário.

O próprio Ícaro relembra que, em sua carreira, as atenções só se voltaram para ele quando performou (brilhantemente) Beyoncé no “Show dos Famosos” da Rede Globo, a época apresentado por Fausto Silva, que já teceu duras críticas ao BBB sem nunca ser repreendido por Leifert.

Isso também ficou evidente nesse momento em que Ícaro bateu 1 milhão de seguidores no instagram. Ainda que talentoso, bonito, influente, inteligente e vários outros atributos considerados relevantes nas redes sociais, precisou de uma confusão para ter um boom de atenção.

Outra coisa: Se você não consegue classificar a ação do Tiago Leifert contra Ícaro uma violência você ainda não entendeu as dinâmicas raciais e suas sutilezas.

Quero destacar também que Ícaro sabe o que está fazendo e seu recado é uma posição construída não só pelas marcas de constantes silêncios que o racismo ousou impor para seu corpo e sua identidade como também pelo levante impulsionado por sua consciência racial. Ele quebra o silêncio e, ao se opor, também fala em nome de outres silenciades, porque acostumou falar, a qualquer momento e qualquer coisa. E de tão potente e real que é, Ícaro ganha eco em milhões de outras pessoas que também já não se podem calar, entre elas, outras atrizes e atores globais, influenciadores, artistas e até Thelma, vencedora do “BBB 20”, em questão.

Em seu gesto, Ícaro anuncia o que já está acordado, entre nós, pessoas negras: Não tem volta, não nos calarão e seguiremos juntes pela emancipação de nosso povo e pelo direito de cada pessoa preta gostar e desgostar do que quiser, sem que seja rechaçada por um branco qualquer, em qualquer lugar que seja.

Em tempo, ao Ícaro, diademense como eu, agradeço por insistir e se colocar à disposição do levante para que o silêncio não nos sufoque mais. Continue, brilhantemente, irmão.

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Por Roger Cipó, originalmente no Alma Preta.

Roger é apresentador, fotógrafo e produz conteúdo sobre comunicação para influência.

18 anos sem Clóvis Moura

 

Clóvis Moura. (FOTO/ Arquivo Pessoal).

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Em 23 de dezembro de 2003, Clóvis Moura nos deixava. Nascido em 1925 em Amarante, no Piauí, ingressou no PCB nos anos 1940, trabalhando como jornalista na Bahia e em São Paulo. Moura também foi sociólogo, historiador e escritor, produzindo importantes estudos sobre a escravidão e sobre a resistência dos negros e negras no Brasil.

Intelectual marxista, propôs uma revisão crítica do pensamento de Gilberto Freyre, opondo-se frontalmente à ideia de passividade do negro escravizado no Brasil. Em 1962, quando houve a cisão do PCB, filiou-se ao PCdoB. Destacou-se ainda na militância do movimento negro brasileiro, colaborou com o Movimento Negro Unificado (MNU) e com a União de Negros Pela Igualdade (UNEGRO), e fundou o Instituto Brasileiro de Estudos Africanistas (IBEA), em 1975. Já perto do final da vida, aproximou-se do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Faleceu aos 78 anos em razão de um câncer.

Dica de leitura

Pensamento social e relações raciais no Brasil: a análise marxista de Clóvis Moura”, artigo de Marcio Farias na MARGEM ESQUERDA 27, com dossiê sobre marxismo e questão racial.

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Com informações da Boitempo.

Número de resgatados do trabalho escravo neste ano supera 1.600 e já é o maior desde 2013

 

(FOTO/ Reprodução).


Com um total de 1.636 até o último dia 9, o número de trabalhadores resgatados de situação análoga à escravidão já é o maior desde 2013, segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT). E aumenta 102% sobre 2020. Do total de resgatados, 54 eram crianças e adolescentes.

De acordo com a Campanha Nacional da CPT de Combate ao Trabalho Escravo, foram 151 casos até agora no meio rural, dos quais 142 tiveram fiscalização. Minas Gerais aparece com 49 casos e 731 resgatados.

A região Sudeste concentra 37% dos casos e 55% dos libertados. Já o Centro-Oeste tem 22% e 24%, respectivamente. Essas duas regiões têm também o maior número de menores de idade envolvidos na prática – 17 cada.

Entre os estados, depois de Minas Gerais, Goiás aparece com 291 trabalhadores libertados, enquanto o Pará tem 94, em 21 casos.

Equipes de fiscalização

“O fato do estado mineiro liderar o ranking do trabalho escravo rural nos últimos sete anos, se deve, também, à destacada atuação das equipes de fiscalização do trabalho da região”, diz a CPT. “Com um quadro de auditores fiscais do trabalho reduzido em 44% do seu efetivo normal em todo o país (estão preenchidos hoje apenas 2.039 dos 3.644 cargos criados em lei), além das reiteradas tentativas do governo federal em fragilizar ainda mais essa atuação, o empenho das equipes garantiu um número elevado de estabelecimentos fiscalizados em 2021.” 

Ainda segundo o balanço da Pastoral, a pecuária foi a atividade econômica que mais usou mão de obra escrava em 2021. “Responde por 23% do total de casos, seguida das lavouras permanentes (19%), lavouras temporárias (18%) e produção de carvão vegetal (11%)”, informa. Mas as lavouras temporárias concentraram o maior número de resgatados: 600 pessoas, 37% do total. Em seguida, vêm as lavouras permanentes, com 32 resgatados (23%).

A CPT cita o resgate, pelos grupos móveis de fiscalização, de 116 trabalhadores que colhiam palhas de espigas de milho para a produção de cigarros em Água Fria de Goiás. “A operação foi realizada a partir de um trabalho de inteligência fiscal, com a finalidade de apurar indícios de trabalho escravo no entorno do Distrito Federal. As vítimas eram oriundas de várias partes do país, tendo sido aliciadas nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Maranhão e Piauí.”

Na chamada Amazônia Legal, foram registrados 45 casos (38 fiscalizados). E 193 trabalhadores acabaram libertados na região.

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Com informações da RBA.

Quilombo dos Palmares ganha banco de dados online

 

(FOTO/ Reprodução).

Palmares foi o maior e o mais importante quilombo do Brasil colonial, para onde afluíram incontáveis africanos escravizados que conseguiram se libertar de seus senhores. A partir de agora, essa importante história de resistência à escravidão poderá ser conhecida melhor com o projeto “Documenta Palmares”, um banco de dados online sobre o popular quilombo localizado na antiga província de Pernambuco.

O projeto é coordenado pela historiadora Silvia Lara, professora da Unicamp. Ele reúne mapas, obras e diversas documentos, distribuídos por arquivos e bibliotecas de todo o país. É possível encontrar atestados, alvarás, apostilas, assentos, cartas, decretos, ofícios, leis e muito mais. O acesso é gratuito.

Lara também acaba de lançar o livro “Guerra contra Palmares – o manuscrito de 1768” (Chão Editor, 2021), que organiza com Phablo Roberto Marchis Fachin. Unindo filologia e história, o livro analisa o contexto em que o documento foi escrito, fundamenta a atribuição de sua autoria ao padre Antônio da Silva, e discute como esse texto foi lido e interpretado pelos historiadores nos séculos XIX e XX.

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Por Bruno Leal, originalmente no Café História.

Camilo Santana tem 78% de aprovação, segundo pesquisa

 

Camilo Santana. (FOTO/ Divulgação).

Praticamente no último ano de governo e cotado para se candidatar ao Senado, o governador do Ceará, Camilo Santana (PT), tem seu mandato aprovado por 78% dos cearenses. Os índices sobre a avaliação da gestão do petista foram divulgados nesta terça-feira, 21, pelo Instituto Opnus.

Por outro lado, a desaprovação do governo Camilo é de apenas 18%. Não sabem e não responderam representam 4% dos entrevistados.

O levantamento também perguntou sobre como os cearenses avaliam a administração do petista, cerca de 21% consideraram o governo “ótimo” e outros 37% como “bom”. O índice de regular foi de 27%. A gestão é avaliada como ruim por 3% e péssimo, 7%. Outros 4% disseram não saber ou não responderam.

O Instituto Opnus ouviu 2.200 eleitores em 101 cidades do Ceará entre os dias 4 e 11 de dezembro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

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Por Gabriel Barbosa, originalmente no O Cafezinho.

Deputadas negras falam dos desafios da legislatura a caminho do último ano de mandato

 

(FOTO/ Guilherme-Bergamini/ALMG).

Em um mandato regado por insegurança política, econômica e social, além de uma crise sanitária mundial causada pela pandemia da Covid-19, deputadas negras dos âmbitos federal e estadual contam que legislar no governo Bolsonaro é um de seus principais desafios. Com uma maioria de estreantes na política institucional, as mulheres negras enfrentam o desafio de não serem enxergadas nas estruturas de poder, além de confrontarem, diariamente, o racismo, a violência política e de gênero.

A Alma Preta Jornalismo conversou com cinco deputadas, duas federais e três estaduais, para saber como foram os primeiros anos de legislatura, além do o que se espera para 2022 e para um possível próximo mandato.

Andréia de Jesus, deputada estadual do PSOL pelo estado de Minas Gerais, revela que assumir um lugar na institucionalidade - que não foi criada para mulheres pretas - a levou a enfrentar o não-reconhecimento de sua pessoa como parlamentar e do seu mandato. Ocupar essa função em pleno exercício do governo Bolsonaro, segundo ela, tem um peso a mais. De acordo com a parlamentar, a estrutura criada por e para homens brancos faz com que ela seja “tratada como um corpo estranho” e sofra diversas violências.

É a primeira vez na história de Minas Gerais que 'corpas' negras ocupam esse espaço e isso acontece justamente durante um governo orientado pela necropolítica, isso quer dizer que meu corpo tem sido alvo de violências absurdas em plenário”, expõe a parlamentar.

Sendo essas mulheres, muitas vezes, as primeiras a ocupar essa posição em seus estados, a dificuldade para o exercício de suas funções e a validação de seus trabalhos na esfera pública é ainda maior. Para a deputada estadual Mônica Francisco (PSOL-RJ), a parlamentar negra chega no espaço político sem nenhum tipo de preparo prévio, tendo sua capacidade questionada constantemente no processo decisório.

As principais dificuldades foram entender os mecanismos internos, as estratégias de ação, as localizações onde iria atuar, se consolidar como alguém de autoridade... A gente sempre é vista como alguém desqualificada para as ações, para ocupar os espaços da política, por exemplo, como uma Comissão de Constituição e Justiça, da qual eu sou membra”, conta Mônica.

Após as eleições de 2018, as deputadas pretas que ocupam uma cadeira nas Câmaras Legislativas passaram de 7 para 15, as pardas de 29 para 36, já as brancas de 83 para 112. Em âmbito federal, dos 513 postos na Câmara dos Deputados, 2,5% são de mulheres pretas ou pardas, totalizando 13 deputadas. Os números mostram as desigualdades de representação, já que mulheres negras condizem com cerca de 28% da população brasileira, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

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Clique aqui e confira a íntegra do texto.

Pesquisa coloca o Brasil no 4º lugar em ranking global de assassinatos de defensores de direitos humanos

 

(FOTO | Divulgação).

O Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH) enfrenta uma grave crise que põe em risco ativistas em todo o Brasil. Essa é a principal conclusão do relatório “Começo do fim? O pior momento do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas”, que Justiça Global e Terra de Direitos lançou neste mês no dia 09.

A pesquisa aponta o desmantelamento do programa ao longo do governo Bolsonaro, que envolve desde a baixa execução orçamentária à diminuição de casos incluídos no programa. São pontuadas também a insegurança política na gestão e a inadequação quanto à perspectiva de gênero, raça e classe.

A crise no programa, ou o “pior momento”, como define o relatório, acontece em um momento dramático da defesa dos direitos humanos no país. O Brasil ocupa o 4º lugar em ranking global de assassinatos de defensores de direitos humanos, atrás apenas de Colômbia, México e Filipinas. A situação fica ainda mais dramática quando se usa por base a série histórica da Organização das Nações Unidas. Entre 2015 e 2019 foram 1.323 vítimas, das quais 174 no país, o que leva o Brasil ao segundo lugar na lista de países mais perigosos para defensores dos direitos humanos.

Sandra Carvalho, da Justiça Global, vê com extrema inquietação o desmantelamento do PPDDH, que é fruto da mobilização da sociedade civil. “Vivemos um momento muito preocupante para a militância em defesa dos direitos humanos. Estamos diante do desmonte das políticas de proteção e de ataque frontal às lutas sociais”, afirma. 

As maiores ameaças

O documento lista as oito maiores ameaças ao programa, começando pela baixa execução orçamentária. As medidas de austeridade fiscal implementadas a partir de 2016, que criaram um teto de gastos, e a eleição de um governo contrário às políticas públicas de direitos humanos se refletiram diretamente nas verbas destinadas ao PPDDH.

Nos últimos anos, ficou evidente a estratégia de destinar recursos, mas não executá-los. Em 2019, menos de 17% do orçamento destinado para o programa foram pagos. Em 2020, para um orçamento de R$ 9.140.968,00, o governo liberou apenas 10,27% desse valor.

Luciana Pivato, da Terra de Direitos, destaca que “A diminuição do orçamento intensifica os riscos aos defensores e defensoras de direitos humanos. Sem recursos não é possível manter equipes, implementar ações protetivas nos casos existentes, muito menos pensar na ampliação de casos. A falta de orçamento também impede a ampliação da rede de proteção nos estados, por meio da implementação de novos programas estaduais.”

Criado em 2004, o PPDDH, nasceu vinculado à então Secretaria Especial de Direitos Humanos, mas, até hoje, segue sem a edição de uma lei federal que o institucionalize como política de Estado. Atualmente, o marco normativo nacional é integrado pelo Decreto nº 6.044, de 2007, que aprovou a Política Nacional de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos; pelo Decreto nº 9.937, de 2019, com redação modificada pelo Decreto nº10.815, de 2010, que alterou a política para constituí-la como o PPDDH.

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Por Andressa Franco, originalmente na Revista Afirmativa.

Fime O Grande Desafio

 

Denzel Washington no papel do brilhante professor Melvin Thompson. (FOTO/ Reprodução).

Por Nicolau Neto, editor

O Grande Desafio é um filme estrelado pelo ator Denzel Washington que no roteiro exerce o papel do professor Melvin Thompson. Amante dos livros, das palavras e de um bom debate, ele atua na escola com um objetivo a ser atingido: a transformação da realidade a partir dos alunos e das alunas.

Para isso, ele decide criar grupos de debatedores e colocar a pequena Wiley College, do Texas (EUA), no circuito dos campeonatos entre as universidades.

A história que é baseada em fatos reais, traz como pano de fundo o racismo e as desigualdades que ele gera.

Abaixo um trailer do filme. Mas ele está disponível de forma completa no YouTube:

             

Há mais gente incomodada com a melanina de Marighella do que com a ausência dela nas imagens de Jesus, diz Karnal na análise do filme

 

(FOTO/ Reprodução)

Por Nicolau Neto, editor

O historiador e escritor brasileiro Leandro Karnal analisou um dos filmes que está tendo a maior repercussão dos últimos anos, antes mesmo do seu lançamento. O filme "Mariguella", do ator e autor Wagner Moura, sofreu até boicotes. Resistiu e hoje é um sucesso.

Para Karnal, o obra de Mora representa um diálogo entre os acontecimentos da década de 1960 e hoje. "Filmes históricos retratam o passado a partir das releituras do presente", disse ele. Dentre desse jogo dialógico, Karnal afirmou que a história do filme conectou o bordão "abaixo a ditadura" com "um invisível 'fora Bolsonaro'".

Ao analisar o papel de Seu Jorge como Mariguella, o historiador afirma que o protagonista foi excelente. E ao constatar que Marighella era realmente negro, ele frisa que "parece que há mais gente incomodada com a melanina de Marighella do que com a ausência dela nas imagens de Jesus".

Tudo que se faz ou não é um ato político. Nossas escolhas são políticas. Por isso ele destacou que "as representações são opções políticas: Jesus de olhos azuis também é uma representação ideológica. Arte é sempre política e sempre deveria ser livre”.

Outro ponto analisado por ele foi as violências da ditadura brasileira. "Eles não são instaurados pelo golpe, porém pela tradição contra pobres e negros", disse e complementou ao dizer que  a posição está também em outros analistas: a violência, no Brasil, pode ficar mais descarada em regimes de exceção (como 1964-1985), todavia, é constante na sociedade brasileira e sua raiz é social e racial".

Por fim, o filme, na sua opinião, ganharia com 40 minutos a menos. "Não é análise técnica, apenas opinião", comentou.

"Saudade de quando preto era escravo": garoto é vítima de racismo por colegas de escola

 

Garoto é vítima de racismo na escola(FOTO/ Getty Images).

Um garoto de 14 anos foi alvo de ataques racistas pelos próprios colegas de classe, em uma escola de Belo Horizonte. As mensagens dos alunos em um grupo de WhatsApp chegaram a citar conteúdos como "saudades de quando preto era escravo". O caso aconteceu com alunos do Colégio Cristão Ver, na região noroeste de Belo Horizonte, nessa semana.

Ao Uol, o pai contou que o grupo foi criado pelos próprios alunos da escola para estudarem conteúdo de uma prova que seria aplicada. Segundo ele, logo depois de criado, seu filho começou a ser excluído e isolado das conversas. O garoto decidiu sair do grupo e, logo em seguida, começaram os ataques racistas. "Que bom que o 'neguin' não tá, já não aguentava mais preto naquele grupo", disse um dos alunos. Outro disse "nem sabia que preto estudava". Em determinado momento, um aluno em questão disse que "nem sabia que preto podia ter celular" e "sdds [saudades] de quando preto só era escravo", sendo respondido com "e sempre trabalhava".

O garoto, vítima de ataques racistas, recebeu os prints de um colega que viu as mensagens e o alertou. Logo em seguida o menino contou para o pai. "Eu fiquei estarrecido, o dia acabou para mim", contou o pai, que, ao procurar a escola, disse que eles se solidarizaram e marcaram uma reunião. "Pensei que seria apenas eu, só que os pais dos outros alunos também estavam", disse. Ele relatou que alguns dos pais presentes na reunião tentaram minimizar o caso de racismo.

"Eles se desculparam, mas o leite já foi derramado", disse o pai. Segundo ele, o garoto está com sintomas de depressão. "Eles bateram muito forte não só na minha família, mas no meu filho também. Hoje [ele] não foi disputar um campeonato, não sai de casa e não está comendo", relata.

O pai da criança que sofreu racismo informou ao Uol que procurou a Delegacia da Criança e do Adolescente. Ele foi orientado a comparecer em outra unidade da Polícia Civil, junto com seu filho, nesta segunda-feira, 20, para registrar o Boletim de Ocorrência. O portal Uol tentou entrar em contato com o colégio, porém não localizou nenhum representante ou a direção da instituição para comentar sobre o caso.

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Com informações do Uol e do O Povo.

Fotos de Altaneira dos anos 80 e 90

 

Casa de Farinha em Altaneira. (FOTO/ IBGE).

Por Nicolau Neto, editor

O Município de Altaneira, localizado na microrregião serrana de Caririaçu e na Região do Cariri possui, segundo estimativas de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma população equivalente a 7.650 habitantes e veio a ganhar autonomia política e administrativa no dia 18 de dezembro de 1958 segundo a historiografia contada pelas elites da época e sustentada ainda hoje.

De acordo com as explicações dessas fontes e de alguns populares mais velhos, a formação desse território que posteriormente veio a ser denominado de Altaneira teve início nos anos finais do século XIX, quando os primeiros habitantes começaram a ocupar a área em 1870. Com a fixação e organização desses povos formou-se um povoado que levou o nome de Santa Tereza. Esta posteriormente foi concebida como a padroeira do município. Segundo as mesmas fontes, as primeiras famílias a se estabelecerem na localidade tinham como chefes João Bezerra, Manoel Bezerra, Joaquim de Almeida Braga, José Almeida Braga, além de José Braz, Firmino Ferreira Lima e João Correia de Araújo. O que permite perceber laços familiares no molde patriarcal.

Antes de se tornar independente politicamente o povoado da vila Santa Tereza foi subordinado aos municípios de Quixará (hoje Farias Brito) e Assaré.  A historiografia local, seja por intermédio de fontes orais ou escrita, são poucas e até ineficiente para se ter um relato mais preciso e as que estão a disposição acabam não revelando uma luta pela independência fervorosa e ou, com grandes conflitos armados. O que leva a perceber a necessidade de um estudo mais aprofundado para se analisar a historiografia local.

Levando em consideração esses os relatos, pode-se afirmar que o povoado foi elevado a categoria de distrito pela lei estadual nº 1153, de 22 de novembro 1951, sendo pertencente ao município de Quixará.  Pela lei estadual nº 2194, de 15 de dezembro de 1953, o distrito de Altaneira passou a fazer parte do município de Assaré. Toda via, o ponto auge é atingido somente em dezembro de 1958 quando, de fato, o distrito passa a se tornar município de Altaneira. O Padre David Augusto Moreira é apontado como o responsável pela denominação do Município. Ainda no que toca ao processo de autonomia política, ocorreu em virtude do Projeto de Lei nº. 299/58, cujo o autor foi o Dep. Cincinato Furtado Leite, nome que, inclusive foi dado ao plenário da Câmara.

Segundo as informações de populares mais antigos e de algumas fontes escritas a religiosidade é uma conotação ávida e se faz presente com vigor ainda hoje. Nas primeiras décadas do século passado foram dados os primeiros passos para a construção de uma capela no distrito, sendo que a primeira missa campal se deu em 1937 sob a organização do Padre Joaquim Sabino Dantas.

Mas a História de Altaneira tem muitas lacunas. E essas precisam ser problematizadas a partir de fontes, de vestígios deixados pelos humanos. Os documentos históricos são vários, deste escrito e objetos a oralidade. Em Apologia da História ou ofício do historiador, Marc Bloch destaca que tudo que o homem fala e escreve, tudo que produz, tudo que toca pode e deve informar sobre ele, sobre a humanidade.

Assim, as fotos estão classificadas como fontes materiais e são vestígios que dizem sobre uma sociedade e sua organização. No caso de Altaneira, elas (as fotos) e objetos que possam ser encontrados ao lado das fontes imateriais (relatos contados por pessoas que viveram certo acontecimento histórico) são caminhos para se construir outra versão da História do município.

Abaixo disponibilizamos algumas fotos de Altaneira do século passado colhidas junto ao IBGE:

Chafariz em Altaneira.

Forno de Cal em Altaneira.

Hospital Municipal de Altaneira.

Capela Santo Antônio em Altaneira.

Construção do Açude Pajeu em Altaneira.

Praça David Moreira em Altaneira.

Legião Brasileira de Assistência - LBA em Altaneira.

Escola Antônia Rufino Pereira em Altaneira.

Escola de 1º Grau Santa Tereza em Altaneira.

Escola de Ensino Fundamental 18 de Dezembro em Altaneira.

Extensão da Escola de Ensino Fundamental 18 de Dezembro em Altaneira.

Centro Comunitário em Altaneira.

Creche Comunitária Maria Raquel Pequeno em Altaneira.

Matadouro Público em Altaneira.

Micro Posto em Altaneira.

Posto telefônico em Altaneira.

Vista panorâmica de Altaneira.

Centro Administrativo Frutuoso José de Oliveira em Altaneira.

Centro Comunitário em Altaneira.

Centro Educacional Joaquim Rufino em Altaneira.

Câmara Municipal em Altaneira.

Campo de Futebol em Altaneira.

Eros Dancing Club em Altaneira.