Mulheres convocam manifestação nacional “Bolsonaro nunca mais” para 4 de dezembro

 

A lista de locais e horário das cidades confirmadas será divulgada na página @forabolsonaronacional - (FOTO/Jorge Araujo).

 Bolsonaro nunca mais”: com esse mote, mais um chamado nacional é feito para a tomada das ruas pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Dessa vez a convocatória do ato, marcado para 4 de dezembro, é feita por mulheres das entidades que compõem a Campanha Nacional Fora Bolsonaro, articulação que organizou seis manifestações ao longo do ano.

“O ataque que as mulheres têm sofrido no governo Bolsonaro é inegável”, diz o chamado para o ato, assinado por 29 organizações. Entre elas, estão a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), a Marcha Mundial de Mulheres (MMM), o Movimento Negro Unificado (MNU), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro).

Assinam também a convocatória os setoriais de mulheres do Partido dos Trabalhadores (PT), do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Central de Trabalhadoras e Trabalhadores do Brasil (CTB).

Inspirada na campanha #EleNão, que realizou massivos atos feministas contra Bolsonaro no período eleitoral em 2018, a mobilização atual realizou, como processo preparatório, uma plenária online no dia 23 de novembro. Houve a participação de 470 pessoas de diferentes partes do país.

De acordo com Sonia Coelho, da Sempreviva Organização Feminista e da MMM, entre as cidades com o ato já confirmado figuram, ao menos, Recife (PE), Natal (RN), Fortaleza (CE), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), São Paulo (SP), Campinas (SP), Santos (SP), Brasília (DF) e Palmas (TO). 

"É importante a gente tirar o Bolsonaro, nem que seja um dia antes dele terminar o governo dele”, afirma Sonia, para quem “é impossível continuar convivendo com um governo que destrói vidas e direitos todos os dias”.

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Com informações do Brasil de Fato.

'Ou ia pra aula ou comia': como insegurança alimentar está prejudicando universitários brasileiros

 

Estudante de fonoaudiologia, Franciele Rodrigues diz que tem dificuldade para comer desde que entrou na universidade, em 2013 — mas situação piorou na pandemia. (FOTO/ Tiago Coelho/ BBC).

Ao sair com sua bicicleta para fazer entregas de comida a serviço de um aplicativo, a universitária Franciele Rodrigues, 29 anos, "reza" para receber algum pagamento em dinheiro — e, com isso, ter ela mesma alguma quantia em mãos para garantir sua alimentação para os próximos dias.

Ela concilia a graduação em fonoaudiologia na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) com bicos de entregadora na capital gaúcha porque, desde que deixou de viver com sua família na periferia de Porto Alegre e se tornou universitária, "o bicho pegou" na tentativa de atender sozinha suas demandas de estudo, moradia e sustento.

Tudo isso se reflete em uma situação que ela conta já durar anos: ela vem comendo pouco e mal, o que já gerou consequências para sua saúde.

"Entrar na faculdade representou deixar de trabalhar e deixar de ter cuidado com minha saúde. Quando saí da casa dos meus pais e entrei na universidade, foi a primeira vez que precisei racionar comida para ter por mais tempo e diminuir a qualidade da minha dieta para ter o que comer no dia seguinte", contou Franciele por telefone à BBC News Brasil, dizendo já ter passado alguns dias sem comer nada nessa trajetória, além de ter tido anemia.

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As informações são da BBC News Brasil. Clique aqui e leia a íntegra do artigo.

Uma história Afirmativa. As cotas raciais 20 anos depois

 

(FOTO/ Joshua Mcknight)

No ano de 2001 vivíamos o limiar de transformações sociais importantes por conta da entrada em vigor de uma lei que instituiu o sistema de cotas raciais nas universidades estaduais do Rio de Janeiro. Há, nesta história, muitos significados, mas destacamos alguns. Com as cotas, pela primeira vez estudantes negros ingressariam de forma significativa no ensino superior, mormente em cursos mais elitistas como Direito, Medicina, Engenharia, etc. Além de tornarem mais democrático o acesso às instituições, as cotas também começariam a trazer um novo desafio para as políticas públicas brasileiras.

A construção de políticas públicas antirracistas no Brasil se insere num contexto de lutas que paulatinamente fazem com que as desigualdades raciais se tornem um desafio para o Estado Brasileiro. Neste contexto, nas últimas décadas, leis foram produzidas, políticas de promoção da igualdade foram criadas e o Supremo Tribunal Federal legitimou esse processo garantindo a constitucionalidade das políticas de cotas. Mas vinte anos depois de todas aquelas tensões que embalaram o início deste período de inclusão racial nas universidades do Rio de Janeiro, o que nos cabe dizer?

Ganhamos todos! É num contexto de avanços democráticos antirracistas que devemos assentar os desdobramentos trazidos pelas políticas de cotas. Os opositores, de um modo geral, foram silenciados pelo próprio caráter de inclusão, redistributivo e democrático que estas políticas trouxeram.

Há problemas? Sim. Fraudes, falta de recursos, um monitoramento mais preciso dos impactos das políticas por todo país, além de uma articulação entre as instituições e as empresas para se otimizar a promoção de talentos ávidos por mais oportunidades. Como em toda política contra hegemônica que para se consolidar está sujeita aos mais variados tipos de desafios institucionais, o sistema de cotas precisa e pode ser sempre aprimorado.

Os dados que chegam demonstram avanços significativos no que tange ao aumento de afrobrasileiros nas universidades. As pesquisas apontam que a população negra, de um modo geral, goza de melhores índices educacionais, mas ainda se mantém atrás das pessoas brancas. Neste sentido, a experiencia bem sucedida das cotas revelou a necessidade de construir um sistema de ações afirmativas que contemple um feixe de medidas que vão desde estimular estudantes pobres e negros a ingressarem na graduação, até a pós-graduação e inclusão no mercado de trabalho. Mas quem frequentou as universidades antes das ações afirmativas e volta por lá hoje, se surpreende com o alunado que anda pelo campus. O corpo discente está cada vez mais em sintonia com a diversidade que encontramos na sociedade brasileira.

Podemos dizer que as políticas de ação afirmativa deram certo e se estabilizaram de modo inexorável. Esse fato nos convida a refletir sobre muitos dos seus desdobramentos positivos. As cotas para as pessoas negras, em especial, marcam o fim da democracia racial na educação, democratizam um dos espaços mais importantes para a reprodução do poder e do saber, estimulam nossa juventude a vencer na vida por meio do acesso ao conhecimento crítico, contribuem para diversificar nossas elites e ajudam a transformar a vidas de milhares de pessoas.

Esse processo, ainda em curso, não está mais relacionado somente à graduação. As cotas são medidas poderosas e foram adotadas em mestrados, doutorados, concursos públicos federais, em muitos estaduais e municipais. Em relação ao mercado de trabalho, elas estão desafiando o silêncio corporativo dos que ainda, equivocadamente, pensam que pode haver compatibilidade entre democracia e desigualdade racial.  

Com as cotas, a democratização que o antirracismo promove criou instituições mais justas, uma verdadeira transformação social vem se consolidando, apesar de todo retrocesso dos últimos anos.

O Brasil precisa cada vez mais, reconhecer para libertar. Consignar o consenso de que estudantes negros e pobres a partir das cotas estão mudando a universidade pra melhor, e por elas transformando o país. As ações afirmativas são uma realidade, um fato social potente e democrático, que se desenvolvem em diversas áreas, fomentando a cidadania e tornando possível o que antes delas era impensável.

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Com informações do Notícia Preta.

Dos pasquins à internet: jornalismo negro atravessou séculos em luta contra o racismo

 

Imprensa negra sempre debateu desigualdade, violência e racismo no Brasil - WikiCommons

Não é exagero dizer que a imprensa brasileira deve boa parte de sua evolução ao movimento negro. Poucas décadas após o início da prática jornalística no país, a partir da chegada da coroa portuguesa, em 1808, a luta contra o racismo esteve presente e, muitas vezes, chegou a ter papel central no desenvolvimento crítico do setor.

Essa importância, no entanto, não se traduziu em espaço, apoio ou fortalecimento. Embora tenha sido essencial para a construção da comunicação no Brasil, a luta do povo preto foi marginalizada, o que é traduzido na abordagem ainda tímida do racismo e na presença pequena de pessoas negras nas redações e agências.

Em uma pesquisa realizada por iniciativa dos Jornalistas&Cia, Portal dos Jornalistas, Instituto Corda e I’MAX, dados mostram que, entre jornalistas que se declaram pretos, pretas, pardos e pardas, 98% relatam dificuldades para se desenvolver na carreira.

Ainda de acordo com o estudo, a sub-representação é expressiva. Apenas 10% dos e das profissionais de imprensa se autodeclararam negros ou negras. A maior parte dos cargos de coordenação e chefia é ocupado por pessoas brancas, que estão em mais de 60% dessas posições. O cenário se inverte na realidade de trabalhadores e trabalhadoras pretos e pretas, mais de 60% estão na linha de frente da produção de notícias, são repórteres, editoras, editores, produtoras e produtores.

Há disparidade também nos salários. Pouco mais de 20% das pessoas brancas estão na faixa de remuneração mais baixa, entre as pretas, esse percentual ultrapassa 40%. O cenário é resultado de uma realidade que tem suas estruturas baseadas no racismo e que pouco avançou na reparação por séculos de desumanização e escravidão.

No cotidiano de profissionais, esses números viram experiências dolorosas e esforços multiplicados para o crescimento profissional, "tem microagressões que a gente não sabe nem como nomear. É tão sofisticado, que parece que está na nossa cabeça", relata a jornalista Yasmin Santos, pesquisadora em direitos humanos e em questões raciais.

Ela percebe uma melhora gradual na representatividade nas redações, mas lembra que os cargos de chefia e as funções com autonomia para tomada de decisões seguem ocupados predominantemente por homens brancos.

"Existe a sensação de que está melhorando, mas isso não quer dizer que a gente não tem muito a caminhar. Se a gente pega quem são os chefes dessas empresas, a porcentagem de profissionais negros e que cargos eles ocupam, a gente vê ainda uma desigualdade muito grande".

A pesquisadora ressalta que o cenário ideal também passa por remunerações mais justas, "Se a gente vê, por essa pesquisa, que profissionais negros têm dificuldade de crescer dentro da carreira, temos que construir um ambiente de trabalho em que profissionais possam crescer por seus próprios méritos. Que não precisem trabalhar duas, três, quatro, cinco vezes mais, para conseguir o primeiro aumento da carreira cinco anos depois".

A reação

Tentativas de contraponto a essa dinâmica crescem com a internet, espaço que hoje abriga boa parte das experiências de jornalismo negro no país. O Brasil de Fato conversou com jornalistas responsáveis por veículos online que tratam exclusivamente das pautas negras. As mudanças e avanços são celebrados, mas ainda há obstáculos econômicos e políticos.

Uma dessas profissionais, Tânia Regina Pinto, criou o site Primeiros Negros, que nasceu de “um blog sobre o pioneirismo do povo negro” e, hoje, se dedica à promoção do antirracismo, da igualdade e do desenvolvimento das potencialidades de pretos e pretas. Por mais de dez anos, ela escreveu sobre “como é existir”.

No início da pandemia, em conversas com o filho Pedro Otávio sobre os impactos que a crise sanitária causaria ao povo preto, ela decidiu transformar o projeto em um site. De início, Tania e o filho, que é designer e DJ, definiram que a iniciativa operaria com uma equipe totalmente preta.

Eu tenho mais de 40 anos de jornalismo e é a primeira vez que eu trabalho com uma redação totalmente preta. Isso nunca aconteceu. Eu sempre fui a única. Essa meninada que está chegando hoje traz um olhar novo”, celebra.

Pedro Borges, co-fundador e editor-chefe do site Alma Preta, agência de jornalismo especializada na temática racial, também destaca a coletividade preta como ponto fundamental para existência e manutenção do projeto.

O site nasceu a partir de um coletivo de estudantes pretos da Unesp, que se juntou impulsionado pelas discussões sobre cotas raciais em 2014. O nome da página surgiu como um contraponto à expressão racista “preto de alma branca”.

As coisas que estão acontecendo hoje, são coisas que a gente sonhava no começo. Que era a gente, de alguma maneira, criar um espaço para produzir sobre o tema. Mais do que isso, trazer um pouco da centralidade da questão racial e olhar como pano de fundo das desigualdades do país”.

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Com informações do Brasil de Fato. Clique aqui e leia o texto na íntegra.

“Vamos romper a conciliação com os opressores”, diz Léo Péricles, pré-candidato à presidência

 

Léo Péricles. (FOTO/ Motoca/UP).

O partido político Unidade Popular (UP) decidiu concorrer com um candidato próprio para a eleição presidencial em 2022. O escolhido foi o mineiro Leonardo Péricles Vieira Roque, 40 anos, conhecido como Leo Péricles.

Fundada em junho de 2016 e com o registro oficializado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2019, a legenda Unidade Popular é um partido socialista. Entre outubro de 2016 e setembro de 2018, os militantes da UP conseguiram coletar 1,2 milhão de assinaturas de eleitores para a criação da legenda.

O lançamento da pré-candidatura aconteceu no dia 14 de novembro, durante o 2º congresso nacional do partido, realizado em São Paulo com 200 delegados, que representavam 20 estados. “Somos de uma posição de esquerda que, consequentemente, não abre mão dos interesses da classe trabalhadora e do nosso povo pobre, negro e das periferias”, diz Péricles.

Filho da dona de casa Lurdes Rosário e do pintor de carros Chico Preto, ele nasceu em Belo Horizonte (MG), mas cresceu na periferia de Contagem (MG). Péricles começou a militância no movimento estudantil, em 2000. A partir de 2012, passou a atuar nos movimentos populares de periferia e ocupação urbana e é coordenador do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), além de presidente da UP.

Entre as principais diretrizes de governo da UP, estão: a reforma agrária, a reforma urbana, a identificação dos torturadores desde a ditadura até os dias atuais, a retomada das estatais privatizadas, a auditoria da dívida pública, a promoção da educação antirracista e a revogação das reformas previdenciária e trabalhista.

Queremos cotas em todos os âmbitos do governo federal e combater o racismo nas estruturas institucionais, em especial no Poder Executivo, será uma tarefa central. As portas estarão permanentemente abertas para o povo negro e originário, vamos fazer a demarcação e a posse das terras quilombolas e indígenas”, promete Péricles, que pretende também apresentar um projeto de reversão do encarceramento em massa, a partir de um processo de transição de justiça no Brasil, desde os crimes cometidos na ditadura militar.

A impunidade dos crimes cometidos no passado leva à impunidade no presente. Hoje, a violência do Estado se dá contra a juventude pobre e negra”, afirma o pré-candidato, que em 2005, iniciou o curso de biblioteconomia, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mas não concluiu.

Em 2019, Péricles compôs a chapa coligada com o PCB e PSOL para a prefeitura de Belo Horizonte e conseguiram 100 mil votos, ficando em 4º lugar. Ele concorreu como vice da Áurea Carolina (PSOL) contra outras 14 candidaturas.

O pré-candidato da UP resume o programa do partido para a corrida eleitoral do ano que vem em três frentes: antirracista, antifascista e anticapitalista. A campanha será focada na mobilização popular, em sindicatos, nas lutas sociais, nas manifestações e ocupações, para divulgar as ideias de reformas estruturais.

Precisamos reverter a atual política econômica, que é neoliberal, e iniciar uma economia popular. Vamos taxar as grandes fortunas e gerar soluções para chagas sociais nas áreas da saúde e da educação. Queremos também a redução da jornada de trabalho sem redução de salários. Vamos romper com a conciliação com os opressores”, defende Péricles.

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Com informações do Alma Preta.

Para encontrar Oliveira Silveira: O Poeta da Consciência Negra

 

Oliveira Silveira. (FOTO/ Divulgação/ LiteraturaRS).

 encontrei minhas origens

no leste

no mar em imundos tumbeiros

encontrei

em doces palavras

……..cantos

em furiosos tambores

………ritos

encontrei minhas origens

na cor da minha pele

nos lanhos de minha alma

em mim

em minha gente escura

em meus heróis altivos

encontrei

encontrei-as enfim

me encontrei

Esta escrita surge a partir das nossas vidas e se constrói com o objetivo de realizar um registro histórico que ao mesmo tempo em que é singular expressa uma vivência coletiva. Por isto, ela também é o encontro de nós mesmas, por um ideal comum – a luta pela consciência negra e a preservação das memórias de todos aqueles que vieram antes de nós e que brigaram muito para que chegássemos até aqui.

Nossa infância deu-se na década de 70. Foi naquele tempo que pela primeira vez pessoas negras reuniram-se em uma casa no bairro Bonfim, Porto Alegre, pretendendo dar início a estudos com o objetivo de encontrar uma data mais significativa ao povo negro, fugindo da narrativa de que sua liberdade teve por protagonistas pessoas brancas que defenderam o fim da escravização no Brasil.

O anfitrião era o Professor José Maria, sobre quem todos falavam como um amante do magistério, que cultivava a negritude. Ele abriu as portas de sua casa para que o genro, Oliveira Silveira,reunisse o Grupo Palmares, que fazia uma oposição ao dia 13 de maio, com o olhar crítico para a abolição da escravidão no Brasil.

Dali surgiu o primeiro ato evocativo do Grupo Palmares, no Clube Marcílio Dias, o qual apenas se realizou após obterem a licença da Censura (Afinal: o que um grupo de negros pretendia em reunião?).

 Firmou-se ali, em 1971, o primeiro 20 de novembro!

A data da morte de Zumbi dos Palmares emerge como referência de luta e o quilombo é reverenciado como espaço coletivo de fortalecimento e resistência em oposição a um sistema que não reconhecia identidade e subjetividade a negras e negros em nosso país.

Assim era Oliveira Silveira, também professor, poeta gaúcho, natural de Rosário do Sul, que sempre viu nos espaços coletivos uma possibilidade de fortalecimento:

— Ele sempre trabalhou com grupos! Terminava um grupo ele já formava outro e formava outro, mais outro!

Nossa ancestralidade e nosso presente são produtos de muitos grupos, pois somados talentos, experiências, habilidades, diferentes modos de pensar e agir, potencializam-se forças e a história é preservada!

Oliveira percebeu nas diversas tribos em África: grupos; nas pessoas em sofrimento nos navios negreiros: grupos; nos privados de liberdade das senzalas: grupos; nosquilombos:nossos mais valiosos grupos!

Depois da lei de Isabel, nas reuniões de família e amigos: grupos!Nos clubes sociais Marcilio Dias, Associação Satélite Prontidão, Floresta Aurora, formados apenas por pessoas negras: grupos!

Nas escolas de samba, Bambas da Orgia, Imperadores do Samba, União da Vila do IAPI: grupos.Sempre estivemos reunidos em grupos! 

E foram esses grupos – lugares existenciais de sociabilidade, refúgio e luta contra o racismo- que não permitiram e não permitem que sejamos eliminados, pois é no coletivo que encontramos sentido para nossas existências. Pela oralidade transmitimos, de uma geração para outra nossos conhecimentos, nossa sabedoria, hábitos alimentares, as curas, a fé. Pensamos em coletivo, pensamos em grupo, para resistirmos ao dia a dia, para fortalecermos nossas subjetividades, para construirmos identidades próprias.

Na verdade, Oliveira Silveira vivia de construir quilombos: espaços em que negras e negros pretendiam fugir da nova escravidão e viver em liberdade.

Surgiram Palmares, Semba, Associação Negra de Cultura, dentre tantos outros, todos viabilizando encontros com nós mesmos. Como diz a poesia, pessoas de pele escura, buscando umas pelas outras para enfim poderem encontrar a si próprias.

Encontre negros e negras unidos e resistindo e estará diante de um grupo, lugar onde Oliveira Silveira se encontrou! Lugar onde sua memória permanece viva!

Por isto, para encontrar Oliveira Silveira, o poeta da Consciência Negra, procure um grupo de pessoas negras que buscam por identidade e compreendem a liberdade como um processo de luta, e não como algo que foi entregue pelo opressor.

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Por Karen Luise Souza e Naiara Rodrigues da Silveira Lacerda, originalmente no Justificando.

"A novidade para esse país são os negros no poder", diz Douglas Belchior

 

Convidado desta semana no BDF Entrevista, Belchior fala sobre o casos de racimo no Carrefour e sobre a política brasileira . (FOTO/Arquivo Pessoal).

As mortes da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do estadunidense George Floyd, dois dos mais trágicos casos de violência da história recente, foram divisores temporais na luta do movimento negro no Brasil e no mundo. A pauta ganhou força e não recuará frente às ameaças que sofre constantemente.

Desde então, as câmaras e assembleias lesgilativas do país foram ocupadas por candidaturas negras e LGBTQIA+, em paralelo ao aumento do conservadorismo dessas casas. Para Douglas Belchior, fundador da Uneafro, rede de cursos populares para negras e negros, e membro da Coalizão Negra por Direitos, a novidade para o Brasil “são os negros no poder”.

Convidado desta semana no BDF Entrevista, Belchior estuda uma filiação ao Partido dos Trabalhadores, onde já militou durante a juventude, para concorrer a uma vaga no Congresso Nacional. Esta seria sua terceira tentativa de integrar o legislativo brasileiro.

As outras duas foram em 2014 e em 2018. Ambas colocaram Belchior como suplente de deputados do PSOL, partido do qual se desfiliou neste ano, denunciando casuísmo com a pauta racial pela sigla, ao tratar o tema como um “compromisso absolutamente superficial e utilitário”.

Há uma conversa com o PT sobre uma filiação, mas isso também significa ter, da parte do PT, sinais de que a agenda é importante para eles. O PT precisa perceber isso e reivindicar esse ativo político, que é reconhecer que o racismo estrutura as relações de desigualdade e a desgraça brasileira, mas que também é no povo negro que nós temos a solução”, afirma.

Professor e uma das principais vozes do movimento negro brasileiro, Belchior fala ainda sobre o apagamento da representatividade da população negra na política nacional, principalmente na estruturação da esquerda brasileira, e sobre como a rede de supermercados Carrefour e as instituições privadas do país tentam mascarar o racismo.

O Carrefour é uma empresa racista, uma empresa genocida, que promove o racismo. O caso do [João Alberto de Freitas] Beto Freitas é o que mais se aproxima do caso de George Floyd no Brasil, e isso não foi suficiente para mobilizar os sentimentos da nação brasileira, porque a morte negra não comove.”

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Com informações do Brasil de Fato. Clique aqui e confira a entrevista na íntegra.

Se cada pessoa fizer sua parte?

 

Alexandre Lucas. (FOTO/ Reprodução).

Por Alexandre Lucas, Colunista

Uma onda festiva, harmoniosa, individualista, cheia de boas intenções e carregada de muita convicção acredita em uma tal revolução da consciência. Revolução cultural gestada de forma espontânea e a partir da autoconsciência. Baseada nas ideias “eu faço a minha parte” e de que a revolução se dará a partir do momento em que cada pessoa “tome consciência” do seu papel no processo civilizatório. Essas ideias preencheram o pensamento dos socialistas utópicos, mas não é coisa do passado, se faz presente no discurso contemporâneo, tanto do senso comum como de concepções mais elaboradas.

Essa tal revolução da consciência tem aconchego tanto na direita como na esquerda e nos ditos e enganosos movimentos livres e independentes. O que caracteriza a grosso modo esse pensamento é uma concepção que não leva em consideração a perspectiva histórica-social e as condições objetivas da sociedade. De feição idealista, ou seja, se acredita que apenas e unicamente as ideias podem fazer a transformação social. É como definir a vitória de um time de futebol sem considerar o time adversário ou escrever um romance épico sem conhecer a história.  

Essa concepção coloca em disputa para a classe trabalhadora caminhos de emancipação humana, onde o seu percurso e chegada se diferem e se antagonizam.  A esquerda enfrenta no seu seio um processo de alastramento e confusão com essas ideias, que tem ganhado capilaridade nos movimentos sociais e enfraquecido a luta da classe trabalhadora pela sua emancipação, a partir de uma compreensão histórica e social, que considera as condições objetivas da sociedade e a relação capital e trabalho, como fatores estruturantes das relações de exploração, opressão e desigualdade social.

Uma esquerda mística e carregada de idealismo pode atrasar a acumulação de forças da classe trabalhadora, como também uma esquerda sectária que não consegue enxergar para além da dimensão de uma Kombi ou que ainda faz análises conjunturais fora do tempo presente.      

A tal “revolução cultural” se encaixa como uma compressão micro de sociedade, como narrativa de grupos e ações isoladas, como um esquartejamento espacial para acomodação de grupos, pois não consegue dar conta de um projeto macro de sociedade com arquitetura e engenharia social de nação que se processa na vida real permeada de condições objetivas e de suas contradições.

Se cada um fizer sua parte não é suficiente, é paliativo, é ilusório insistir nesta tese. A revolução cultural se faz concomitantemente com a inversão das estruturas de poder. O que nos leva a crer que não se faz uma coisa independente da outra. A mudança de consciência faz parte da mudança das relações econômicas de poder, uma interfere na outra de forma dialética.

Organizar-se com a classe trabalhadora para desestruturar o poder, tomá-lo de assalto e ao mesmo tempo perceber a revolução cultural no curso deste processo é abrir alas para a construção de uma sociedade de novo tipo, onde a felicidade não esteja à venda no shopping center e a esperança de construir mudanças na estrutura social  e econômica estejam sempre vinculadas a realidade concreta.

Enem 2021: mais de 208 mil candidatos devem fazer prova no Ceará neste domingo, 21

 

Estudantes de todo Brasil terão o primeiro dia de prova do Enem 2021 neste domingo, 2021(FOTO/ Marcello Casal JrAgência Brasil)

O primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) acontece neste domingo, 21 de novembro. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a edição 2021 do exame teve 3.109.762 pessoas com a inscrição confirmada. No Ceará, são 208.841 estudantes que devem realizar a prova.

Destes, mais de 206 mil farão o exame impresso e apenas 2.457 escolheram o Enem Digital. O número é cerca de 36% menor que o total de inscritos para o Enem 2020 no Estado, quando 322.581 cearenses se inscreveram para versão impressa e 3.026, para a digital.

Neste domingo, o Enem impresso está sendo aplicado em 119 municípios cearenses. Já a versão Digital acontece apenas em Fortaleza, Quixadá e Sobral.

O Inep indica ainda que 56% dos inscritos no Estado são do sexo feminino e 63% se declararam pardos.

Os candidatos farão neste primeiro dia provas de Linguagens, Códigos e suas tecnologias; e de Ciências Humanas e suas Tecnologias; além da redação. No segundo dia de Enem, no próximo domingo, 28 de novembro, haverá provas de Ciências da Natureza e suas Tecnologias e de Matemática e suas Tecnologias.

O que levar e o que não levar?

De acordo com o edital do Enem, os itens obrigatórios e permitidos no dia do exame são:

Documento original com foto (são válidos qualquer um dos seguintes: RG, identidade expedida pelo Ministério da Justiça para estrangeiros e refugiados, passaporte, Carteira Nacional de Habilitação (CNH), Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), entre outros). Não é válida a apresentação de carteirinha de estudante, crachá ou cópia mesmo autenticada de documento original;

Máscara

Caneta preta de tubo transparente

Cartão de confirmação de inscrição

Lanche (permitido)

Álcool em gel (permitido)

Já os itens abaixo são proibidos e alguns podem até resultar na eliminação do candidato:

Telefones celulares e quaisquer equipamentos eletrônicos. Devem ser mantidos desligados e devidamente guardados no envelope porta-objetos. Caso algum som seja emitido dos aparelhos durante a prova, o candidato será eliminado;

Qualquer dispositivo que receba imagens, vídeos ou mensagens;

Óculos escuros, bonés, chapéus, viseiras ou gorros;

Bebidas alcoólicas e/ou drogas ilícitas.

De olho na hora

No primeiro dia, os portões abrem às 12 horas e fecham às 13 horas (horário de Brasília). A duração da prova é de 5 horas e 30 minutos - das 13h30min às 19 horas (horário de Brasília).

Após às 15h30min, os candidatos podem sair do local de provas sem o caderno de questões. Somente após as 18h30min é possível sair com o caderno.

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Com informações do O Povo.

Às vésperas do Dia da Consciência Negra, Escola Menezes Pimentel homenageia Tia Simoa e Oliveira Silveira

 

Menezes Pimentel homenageia Tia Simoa e Oliveira Silveira. (FOTO/ Prof. João Lucian).

Por Nicolau Neto, editor

A Escola de Ensino Fundamental e Médio Menezes Pimentel, do município de Potengi, na região do cariri, realizou na noite desta sexta-feira (19), via Google Meet e as véspera do Dia Nacional da Consciência Negra, um conjunto de atividades oriundas do projeto “Nossos Passos Vêm de Longe - Ensino da História e Culturas Afro-brasileiras e Indígenas.”

Com o tema “A Importância da Aplicabilidade das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 nas Escolas”, estudantes se revezaram com poemas, documentários, vídeos, rodas de conversas e debates, além de apresentarem dados estatísticos das populações negras e dos povos nativos (indígenas) na região do cariri, trazendo para o embate a grande distância que há entre os números populacionais, visto que o Brasil é o país mais negro do mundo fora do continente africano, e a representatividade nos espaços de poder.

O evento foi apresentado pelas alunas Vivianne Cruz, do 2º Ano A, e Luiziany Fideles, do 1º Ano C. Segundo elas, “foram séculos de violência física, mental e de extermínio que teve como consequência um racismo estrutural.” Elas trouxeram dados que corroboram com a assertiva. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) a chance de um negro ser alfabetizado é cinco vezes menor do que um branco. No nível superior a realidade é praticamente a mesma. Somente uma a cada quatro pessoas formadas é negra. Sem contar os inúmeros casos de discriminação e racismo que crianças e jovens de pele negra sofrem todos os dias nas salas de aulas. Muitos inclusive abandonam as escolas por não serem capazes de superar esse câncer que assola o país desde invasão dos portugueses, apontaram as estudantes.

Nos livros didáticos, negros, negras e povos nativos não se reconhecem. Não conseguem se perceber nele porque nosso currículo ainda é pautado pelo viés europeu”, disseram.

Para o professor de História, Nicolau Neto, “é dentro desse contexto que necessitamos construir uma educação voltada para a diversidade, para a pluralidade e que esteja direcionada a combater cotidianamente o racismo. A nossa educação precisa ser antirracista e um dos caminhos para isso é o debate, a reflexão e promoção de ações que perceba negros, negras e povos nativos não só como contribuidores na formação do país, mas principalmente como produtores de conhecimentos e de saberes, como grandes intelectuais e lideranças da sua própria história. Isso precisa está na mente e nos livros didáticos.”

Personalidades Negras Homenageadas

Tia Simoa e Oliveira Silveira. (FOTO/ Divulgação/ Monstagem/ Blog Negro Nicolau).

Duas personalidades foram homenageadas no evento. Tia Simoa, mulher negra e símbolo de luta contra a escravidão no Ceará. “A Preta Tia Simoa foi uma negra liberta que, ao lado de seu marido (José Luís Napoleão) liderou os acontecimentos de 27, 30 e 31 de janeiro de 1881 em Fortaleza – Ce , episódio que ficou conhecido como a ‘Greve dos Jangadeiros’, onde se decretou o fim do embarque de escravizados naquele porto, definindo os rumos para a abolição da escravidão na então Província do Ceará, que se efetivaria três anos mais tarde”, conforme destaca a historiadora e ativista Karla Alves. A biografia de Simoa foi lida pela estudante Keury, do 1º Ano A. Oliveira Silveira foi outro homenageado. Ele é o idealizador do estabelecimento do dia 20 de Novembro – data da morte de Zumbi dos Palmares em 1695 – como o “Dia Nacional da Consciência Negra”. Sua biografia foi destacada pelo prof. Nicolau Neto.

Por isso”, complementou, “precisamos fazer das palavras da escritora Conceição Evaristo, uma das maiores intelectuais e referência negra do pais, um hino: ‘o que os livros escondem, as palavras ditas libertam.’ “Creio que é por ai que devemos continuar a nos movimentar”, asseverou.

O que nos move?

Contribuir para o cumprimento das leis 10.639/2003 e 11.645/2008 e para a descolonização e europeização do currículo, visando trazer para o cerne da discussão a história contada pelo viés do povo que foi escravizado por mais de 300 anos, é que os estudantes se movimentaram a partir de várias intelectuais negras e intelectuais negros do passado e do presente por meio de diversas linguagens. Além de apresentarem obras de literatura afro-brasileiras que podem ser incluídas nas aulas e desmistificaram a famigerada ideia do racismo reverso.

Abaixo as principais atividades desenvolvidas:

Poema “Encontrei Minhas Origens”, de Oliveira Silveira, recitado pela estudante Vivianne (2º A);

Poema “Negro forro”, de Adão Ventura, recitado pelo estudante Yarllei (1º A);

Frases de personalidades negras que nos dão uma dimensão do quão são necessárias a resistência e a luta para construir uma sociedade com equidade, falada pela estudante Alice (1º C);

Biografia de Abidias Nascimento lida pela estudante Maria Alice (2º C);

Dados da população nativa (indígena) no Ceará, apresentado pelo estudante Luiz Kauã (2º A);

Exibição do vídeo “Tem nome de índio o meu Ceará”, do integrante do Movimento de Arte e Cultura do Sopé e Serra do Araripe, Manoel Leandro, pelo prof. Nicolau Neto;

Biografia da filósofa Djamila Ribeiro, pela estudante Vivianne (2º A);

Poema “Sou Negra Sim”, recitado pela estudante Maria Luiza;

Dança a partir da música “Waka Waka”, pelas estudantes Hesedy, Nicole, Kariny, do 2º Ano A;

Poema “Negro”, de Jorge Posada, recitado pelo estudante Luiz Kauã (2º A);

Desmitificação do Racismo Reverso, pelas estudantes Ana Letícia e Rayssa Mayra (ambas do 2º A);

Exibição do vídeo “Mapeamento das Comunidades Rurais Negras e Quilombolas do Cariri”, construção do Grunec e da Cáritas Diocesana, pelo prof. Nicolau Neto;

Biografia da ativista Rosa Parks, apresentada pela estudante Maria Eduarda (2º C);

Poema “poeta”, de Carolina Maria de Jesus, recitado pela estudante Jhennifer (2º D);

15 obras sobre literatura afro-brasileira e africana que podem ser incluídas nas nossas aulas de literatura, apresentado pelos estudantes Kayky e Naiala (ambos do 2º A);

Poema “Vozes-mulheres”, de Conceição Evaristo, recitado pelo estudante Luiz Gustavo (1º A);

Vídeo contando a histórias de várias mulheres negras, a exemplo de Tereza de Benguela, produzido pelas estudantes Ana Flávia, Maria Eduarda, Eduarda Custódio, Sarah, Mikael, Emilly e Iure (todos do 3º A).

Racismo impõe cegueira mental em face da realidade

 

Professor Henrique Cunha Junior. (FOTO/ Danny Abensur).

Por Henrique Cunha Junior*

Racismo existe pode ser visto e revisto de diversos ângulos e nas suas diversas facetas pelas quais vemos a sociedade brasileira.

Não importa de qual ângulo ou sob qual perspectiva que se aborde a sociedade brasileira e aí temos uma visão do racismo contra a população negra. São visões de todos os ângulos porque é um racismo estrutural a sociedade brasileira. No entanto existem pessoas que não veem e não sentem o racismo.

Portanto, são portadores de uma cegueira mental. Fazem parte da parte da sociedade que não enxerga a realidade e produz uma alienação mental em não ver a realidade. Produz uma doença mental de alienação a realidade. 

Trata-se uma forma do racismo antinegro para não se sentir culpada das condições sociais e das injustiças em que nós população negra vivemos. São parcelas da sociedade que desfrutam dos benefícios da existência do racismo antinegro e, portanto para não se sentirem culpadas e nem injustas desenvolveram uma alienação mental, ficam fora da realidade e negam tudo que veem na realidade. Principalmente o racismo antinegro que elas próprias praticam.

A cegueira mental diante ao racismo antinegro também é uma forma de racismo pela alienação da realidade, não se importam com realidade e não tem ética nenhuma para pensarem em mudar a realidade. Elas estão bem, não importa o restante. São pessoas imbuídas de um profundo individualismo coletivo. Individualismo compartilhado e executado com todo setor da sociedade que comunga da cegueira mental sobre a realidade e a visão do racismo antinegro.

São pessoas que ficam nervosas e agressivas quando alguém afirma diante delas que existe racismo, porque elas  não veem, mas também não poderiam se dizer também surdas. Seria demasiado serem cegas e surdas com relação ao racismo, então investem em silenciar que fala da existência do racismo antinegro.

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* Pesquisador e professor titular da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Data que virou referência, Dia da Consciência Negra completa 50 anos

 

O casal de guerreiros Zumbi e Dandara dos Palmares. (FOTO/ Reprodução).

O Dia da Consciência Negra, anualmente celebrado no 20 de novembro, faz referência à data da morte de Zumbi dos Palmares – ocorrida em 1695, após a traição de um ex-companheiro de luta contra a escravização.

Do ponto de vista do Estado, o Dia da Consciência Negra foi inserido no calendário escolar em 2003. Em 2011, foi reconhecido legal no âmbito federal. Ainda assim, o caráter de feriado depende das leis locais. Antes do reconhecimento, a data passou por um longo percurso. Há exato meio século – ou seja, em 1971 – ocorreu a primeira celebração contemporânea do 20 de Novembro.

A ideia de se utilizar o dia da morte de Zumbi dos Palmares para rememorar o legado da escravização e do racismo na formação do Brasil, bem como da resistência de negros e negras, está intimamente ligado ao Grupo Palmares, do Rio Grande do Sul.

Fundado em julho de 1971, o Grupo funcionou até 1978. Em 20 de agosto daquele ano, lembraram os 89 anos da morte do abolicionista Luiz Gama. Em 20 de novembro, realizariam o primeiro “Dia do Negro” em plena ditadura militar, a partir de uma sugestão de Oliveira Silveira, um dos principais integrantes e intelectuais do Grupo.

A importância de Silveira seria reconhecida em 2011, quando a Biblioteca da Fundação Palmares, ligada ao Governo Federal, foi nomeada em sua homenagem. Já sob o governo Bolsonaro, a direção do órgão tenta modificar o nome do acervo da Fundação.

A primeira celebração do 20 de Novembro ocorreu no Clube Social Negro “Marcílio Dias”, fundado em 1949 em Porto Alegre.

O clima repressivo da ditadura era tal que o Grupo Palmares precisou explicar às autoridades que não tinha ligação com a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), grupo de resistência armada ao regime militar.

A iniciativa do Grupo Palmares se expandiria pelo país principalmente a partir de 1978, quando é fundado o Movimento Negro Unificado (MNU), em São Paulo.

O MNU surge tendo como um de seus objetivos articular diversas organizações locais já existentes – como o Grupo Palmares – e expandir o movimento negro pelo país. Fundado em julho de 78, o Movimento Negro Unificado decidiria em 4 de novembro daquele mesmo ano definir duas datas para a luta antirracista no Brasil.

A primeira delas seria o tradicional 13 de Maio, dia da Abolição. Por entender que o processo de extinção formal e legal da escravização não incluiu o negro e a negra na sociedade brasileira, o MNU passou a chamar a data de Dia Nacional de Denúncia Contra o Racismo.

O 20 de novembro, nos debates e na decisão do MNU em 1978, passaria a ser chamado de Dia Nacional da Consciência Negra.

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Com informações do Reconte Ai e do Portal Vermelho.

Livro que reúne ensaios de mulheres negras nordestinas é lançado neste sábado (20), Dia da Consciência Negra

(FOTO/ Divulgação).

Com textos escritos no contexto da pandemia da Covid-19, o livro “Insubmissão Intelectual de Mulheres Negras Nordestinas”, da editora Diálogos Insubmissos, reúne nove ensaios de mulheres negras dos estados do Nordeste. A publicação será lançada neste sábado (20), Dia da Consciência Negra. A obra marca a estreia da plataforma Diálogos Insubmissos enquanto editora de livros e é fruto de parceria com a Fundação Rosa Luxemburgo. 

Organizado por Dayse Sacramento (doutoranda, professora e editora), Manoela Barbosa (doutoranda, pesquisadora e consultora) e Nubia Regina (professora e doutora), “Insubmissão Intelectual de Mulheres Negras Nordestinas” é o primeiro livro a ser lançado pelo projeto no formato impresso. A obra já havia sido publicada em E-Book anteriormente. A distribuição será gratuita e uma cota dos exemplares será doada para organizações de mulheres negras e uma escola pública de cada estado indicada pelas autoras do livro. “Nos interessa, com a publicação, romper com os estereótipos regionais e raciais, trazendo para a cena imagens positivadas de pessoas negras, sobretudo de mulheres negras e suas intelectualidades em movimento”, explica Dayse Sacramento, idealizadora do Diálogos Insubmissos.

O livro traz nove ensaios que foram escritos em 2020, no contexto da pandemia de coronavírus. “As narrativas foram escritas na coexistência entre razão e emoção; objetividade e subjetividade; ativismo e academicismo”, explica Núbia Regina no prefácio.

Entre os ensaios que compõem a publicação estão: “Pandemia de Covid-19: entre vidas negras e a morte”, da baiana Joanice Conceição; “Memória como lugar de origem”, da alagoana Kika Sena; “Mulheres negras: tramando resistências e liberdade no Ceará”, da cearense Francisca Maria Rodrigues Sena; “Filha, diga o que vê. Sopro ancestral e escrita feminina afro-brasileira”, da paraibana Danielle de Luna e Silva; “Nordeste maravilha. Recife: coração cultural do Brasil”, da pernambucana Denise ´Ògún Botelho; “A minha história é talvez igual a sua. Viveres de uma mulher negra no Brasil do tempo presente”, da piauiense Iraneide Soares da Silva; “Mulheres afro-potiguares: uma experiência de aquilombamento”, da potiguar Stéphanie Campos Paiva Moreira; “Tempos de atravessar: eu, mulher negra, movo-me sem cessar”, da sergipana Yérsia Souza de Assis e “Futuro possível é a construção de um passado que garante o presente”, da maranhense Zica Pires. Assinam o texto de apresentação do livro Dayse Sacramento e Manoela Barbosa, e o prefácio é de Núbia Regina Moreira. A obra é bilíngue, traduzida para o espanhol pela tradutora Camila Barros.

O evento de lançamento é para convidades e está marcado para o dia 20 de novembro (sábado), às 16h, no Teatro e no pátio do Goethe-Institut, Corredor da Vitória, Salvador (BA). O acesso dos convidados se dará a partir da entrega de um pacote de absorvente, que será doado para pessoas que menstruam, beneficiárias do Corra pro Abraço, programa que tem como objetivo promover cidadania e garantir direitos de pessoas em contextos de vulnerabilidade social.

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Com informações da Revista Afirmativa.