Na
semana em que foi citado nas delações da JBS por ter recebido R$ 200 mil da
empresa para sua campanha em 2014 e um dia após a grande manifestação popular
que ocupou Brasília contra o governo Temer e suas reformas, resistindo à sua
brutal repressão, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC/RJ), em entrevista
nesta quinta-feira (25), não vacilou em defender a permanência do presidente
ilegítimo, fortalecendo a sua aliança com quem ataca os pobres.
Por Edgar
Fogaça, no EO - Na citada entrevista, referindo-se a uma possível antecipação
das eleições, o deputado afirmou: “Não
podemos partir para casuísmos agora, não podemos mudar a regra com o jogo em
andamento. O Temer, eu acho que dificilmente renunciaria ao seu mandato. Temos
o TSE pela frente e se não for no TSE, um possível impedimento. E se não tiver,
que continue até o final”. Compara ainda a Constituição Federal a uma
“Bíblia para os homens aqui da Terra”.
Para
o deputado, só vale mudar as regras do jogo e fazer gol de mão quando é o
atacante do seu time.
Bolsonaro
tem medo que o povo decida
Estão
em debate, nas ruas e no parlamento, as alternativas para a crise política
nacional.
A
maioria da população e das organizações de esquerda pressiona por eleições
diretas, entendendo que este Congresso, onde mais de dois terços estão
envolvidos em recentes casos de corrupção, não tem condições de decidir os
rumos do país ou votar reformas.
De
outro lado, aqueles que defendem eleições indiretas se apoiam na legislação,
dizendo que cumprir a regra atual e realizar eleições indiretas é o único meio
legal de estabilizar o país. Em verdade, eles estão com medo da força das ruas.
Enquanto
o povo pobre não acumula forças para tomar o poder e governar o país, devemos
forçar os limites da democracia e utilizar todos os meios legais para barrar os
ataques contra o povo.
Eleições
indiretas não são a única saída por dentro da lei
Mesmo
dentro da ordem estabelecida no chamado estado democrático de direito, havendo
vontade política, é possível apresentar uma saída onde o povo possa escolher o
presidente e até mesmo mudar todo o Congresso Nacional. Bastaria que os
parlamentares de Brasília dessem andamento à proposta de mudança à Constituição
(PEC 227/16), determinando eleições diretas para o caso. Esta é uma saída que
amplia e fortalece a participação popular, especialmente em meio a esta grave
crise de representação, onde o povo não se sente representado pelos políticos
tradicionais.
A
Constituição Federal (CF/88) apresenta uma ideia em sua base, segundo a qual
todo o poder é do povo.
A
CF/88 ressalta: Art.1º – A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados, Municípios e do Distrito federal, constitui-se em
Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: Parágrafo único: Todo o
poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta Constituição.
Portanto,
não há nenhuma ilegalidade em defender a realização de eleições diretas. Pelo
contrário, reforçaria a ideia que está na base da própria Constituição Federal.
As
leis são fruto da vontade dos legisladores e da pressão popular
As
leis são fruto da disputa de forças entre os trabalhadores e os ricos. Quando
um lado avança, com suas tropas e seus métodos de luta, o lado contrário
precisa recuar, e muitas vezes o faz lentamente, para negociar uma saída. Os
ricos e poderosos, inteligentes e com muitos recursos, quando precisam recuar,
preferem entregar migalhas a aceitar uma revolta popular.
De
forma muito simplificada, pode-se dizer que as leis mais favoráveis aos
trabalhadores, são arrancadas como concessões, com as quais os ricos buscam
frear as lutas dos trabalhadores.
A
própria CF/88 é um exemplo disso, tendo sido criada em meio a pressão popular
por diretas e pelo fim da ditadura militar, com o povo nas ruas exigindo
decidir o futuro do país.
Bolsonaro
defende os ricos e ataca os pobres
Em
outros artigos, já alertamos para as ações do deputado Bolsonaro, que jamais
moveu um dedo em favor dos trabalhadores e odeia aos setores oprimidos.
Ao
defender que Temer somente poderia ser retirado por meio de um processo de
impedimento ou através da cassação de chapa junto ao TSE (o julgamento está
marcado para ser retomado em 06 de junho), afastando a possibilidade de
renúncia, o deputado está contra a vontade da população brasileira.
O
povo não aguenta mais o governo Temer e este congresso corrupto. Ao defender a
manutenção das leis como estão, o deputado, em verdade, está defendendo a
continuidade do mandato do presidente ilegítimo e das reformas contra o povo.
Esta
é a consequência prática do que defendeu na entrevista e vem repetindo nas
redes sociais.
Para
o deputado, bandido bom é bandido de terno e gravata
Ainda
mais nos surpreende a atitude do deputado, pois esta é contra o que ele sempre
defendeu. O deputado é famoso por defender a ditadura, a perseguição aos
setores oprimidos, a escravidão e submissão de negros e uma série de outras
barbaridades. Ele é um dos deputados que liderou a tentativa de mudança na
legislação, buscando diminuir a maioridade penal no país. Estes são apenas
alguns exemplos nos quais o deputado defendeu mudar ou passar por cima das
leis.
E
mais: ele é linha de frente na defesa das reformas de Michel Temer, que atacam
conquistas históricas dos trabalhadores e estão sendo feitas passando por cima
da vontade popular e de vários procedimentos legais.
Ou
seja, quando convêm para a defesa de suas pautas reacionárias ele encaminha as
mudanças legais que julga necessárias. Porém, quando está em jogo o pescoço dos
seus colegas de parlamento e os interesses dos ricos e poderosos, a sua atitude
é diferente.
Segundo
o que pensa o deputado, bandido bom, é bandido de terno e gravata!