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Valdívia foi um dos heróis do acesso do Palmeiras a elite do futebol brasileiro. |
O
Palmeiras está, finalmente, de volta à Série A do Campeonato Brasileiro. Foram
342 dias de um novo sofrimento ao torcedor alviverde, desde o famigerado gol do
ex-ídolo Vágner Love e a consequente queda, até o empate contra o São Caetano,
neste sábado, por 0 a 0.
O
fato de o Verdão ter uma traumatizante experiência na segunda divisão, quando a
disputou pela primeira vez em 2003, não serviu para diminuir o nervosismo do
elenco, do comandante Gilson Kleina, que havia vivido de perto o descenso, mas
principalmente de todos os amantes de um dos clubes mais vitoriosos do futebol
brasileiro.
É
verdade que, apesar de alguns tropeços com más atuações, como as derrotas para
América-MG, ABC-RN e Icasa-CE e empates decepcionantes contra América-RN e
Ceará, por exemplo, o retorno do Palmeiras ocorreu sem maiores sustos. Desde a
4ª rodada ocupando uma vaga no G-4 da Série B, a equipe demonstrou de forma
frequente sua superioridade técnica sobre adversários sem qualidade, campos
ruins e arbitragens fracas, que chegaram a gerar revolta dos palmeirenses.
Heróis do acesso
A
queda do Palmeiras, em 2012, foi o estopim para a saída de vários jogadores
contestados daquele elenco, como João Vitor, Artur e Daniel Carvalho. A ideia
era utilizar uma espinha dorsal formada por Henrique, Marcos Assunção, Wesley,
Valdivia e Barcos, mas Assunção não entrou em acordo com a nova diretoria para
renovar e foi para o Santos, enquanto o atacante argentino, que fora artilheiro
da equipe na temporada, acabou se transferindo para o Grêmio, mesmo depois de
se comprometer, por meio de um vídeo, a jogar a Série B pelo Verdão.
A
confiança e a necessidade de os remanescentes se unirem e jogarem mais ficou
ainda maior. O clube trouxe contratações que chegaram com status de titulares,
como Fernando Prass, o zagueiro Vilson e os atacantes Leandro e Alan Kardec,
enquanto outros atletas vieram para compor elenco, casos de Marcelo Oliveira,
Charles, André Luiz e Léo Gago.
De
fato, a fórmula deu certo. Mesmo jogadores "operários", como o
incansável Márcio Araújo e o atacante Serginho, mantiveram a regularidade e
ajudaram o time a conquistar a vaga. Do lado dos mais experientes, o goleiro
Fernando Prass fez defesas muito importantes e até defendeu um pênalti, contra
o Icasa, no primeiro turno, fazendo a torcida lembrar de São Marcos.
Os
maiores destaques não foram surpresa para ninguém. O desempenho pelo Palmeiras,
mesmo durante a segunda divisão, fez com que Henrique e Valdivia voltassem a
ser convocados para suas seleções. Leandro e Vinicius (este pela sub-20)
vestiram pela primeira vez a amarelinha, graças ao Verdão. Wesley, no início do
torneio escalado como armador, pediu, foi remanejado para a posição de volante
e se tornou outro jogador. Com arrancadas, dribles, assistências e gols, o
camisa 11 alviverde foi um dos destaques desta campanha.
A
frieza e precisão de Alan Kardec fizeram com que alguns palmeirenses se
lembrassem dos tempos mais áureos do time de Evair, ídolo do atual camisa 14 e
de muitos outros alviverdes. Ainda sobrou tempo para o Palmeiras "revelar
de novo" o lateral-direito Luis Felipe, renascido depois de atuações ruins
pelo time em 2010, que assumiu a posição e não saiu mais.
E
o que falar do Mago Valdivia? Talvez um dos poucos jogadores do futebol
brasileiro que não sentem a chamada "falta de ritmo de jogo", porque,
apesar de ter feito outra temporada mais fora do que dentro do campo, quando
entrou, foi decisivo. Driblou e irritou adversários, deu passes açucarados para
os companheiros e teve lampejos que renovaram mais uma vez a esperança dos fãs
da equipe. Em suma, sem nenhum craque, o Palmeiras volta com a força do
conjunto, do suor, da raça.
O futuro é agora
Agora,
a "cereja do bolo" na campanha palestrina será a busca pelo título da
Série B, nos seis jogos restantes. A distância para o segundo colocado, a
Chapecoense, agora a única que importa, está em nove pontos, e o time só precisa manter o
ritmo, para garantir mais este troféu, menos vistoso, em sua galeria. O que a
torcida realmente deseja, entretanto, é saber como o time retornará ao lugar
que é seu de direito.
Em
seu último retorno, o time teve campanhas irregulares. Em 2004, 2005 e 2008, o
Verdão cravou três quartos lugares no Brasileirão, indo às Copas Libertadores
da América subsequentes. No entanto, além perder o título nacional praticamente
ganho em 2009 e terminar em quinto, a equipe lutou e escapou de novo
rebaixamento em 2006 na última rodada, e só fez figuração em 2010 e 2011, antes
da 18ª colocação na edição 2012.
Esse
caminho acidentado do Alviverde no Nacional é a senha do que a diretoria
encabeçada por Paulo Nobre e José Carlos Brunoro precisa para aproveitar essas
últimas seis rodadas e fazer um planejamento mais sólido, que garanta a
estabilidade do clube, para trazer de volta o time à briga pelos principais
títulos a serem disputados.
Centenário de casa nova
A
próxima temporada, caso este planejamento seja bem feito, promete ser uma das
mais marcantes da história do Palmeiras, por várias razões, fora a própria
presença do clube de novo na Série A.
Na
partida redentora diante do Azulão, o torcedor menos atento pode ter ficado
confuso com o Verdão jogando de amarelo, fazendo a comentada homenagem à sua
representação da seleção brasileira em 1965, mas a camisa tem outro objetivo
mais atual. Se tratou do início "oficial" das celebrações do
centenário de fundação do então Palestra Itália, que acontece em 26 de agosto
de 2014.
O
retorno do time ao seu modernizado Jardim Suspenso, agora chamado de Allianz
Parque, também gera expectativa no torcedor palmeirense, ligeiramente alheio à
discussão interminável entre clube e construtora sobre quem tem direito a quê
dentro da casa alviverde. Tudo o que o palestrino quer é voltar a abraçar seu
amor maior dentro de seu próprio templo, com previsão de entrega para o primeiro
trimestre de 2014, se as brigas políticas não atrapalharem.
Ter ou não ter Gilson Kleina
Que
o Palmeiras vai disputar a Série A em 2014, já é uma certeza. A dúvida agora
fica por conta de quem vai estar à frente do time nesta nova caminhada que se
inicia. Desde a eleição presidencial do clube, ocorrida em janeiro, especula-se
que Kleina não é o favorito da cúpula, e desde então ele convive com o
"fantasma" de uma demissão que nunca se concretizou.
Nas
últimas semanas, quando o acesso do Palmeiras se tornou questão de tempo,
surgiram especulações de que a diretoria estaria cogitando contratações para o
ano que vem, sem consultar o atual treinador, o que poderia indicar que ele não
é cotado para ter sequência no cargo. De sua parte, Kleina sempre manteve uma
postura tranquila, reforçando seu desejo de ficar, mas respeitando qualquer
decisão do presidente. O nome de Vanderlei Luxemburgo foi ventilado pela
imprensa para assumir o time, mas Paulo Nobre negou os rumores.
Com
contrato válido até dezembro de 2013, se o treinador, com suas constantes
variações entre três volantes e três atacantes e "abandonos" de
jogadores como Eguren e Rondinelly, ainda não conseguiu convencer Nobre e
Brunoro de que merece ser "o cara" no centenário do Palmeiras, ele só
tem 6 jogos para isso. Com as cartas todas na mesa, a bola está com a cúpula
alviverde.
Via
Yahoo Esporte Interativo