Por Alexandre Lucas, Colunista
Onde
as brincadeiras acontecem para as crianças que estão nas margens do direito à
cidade? Em especial, nos espaços da ambiência familiar, nas escolas e nas ruas.
A precariedade arquitetônica das moradias e de muitos ambientes escolares e a
urbanização desumanizadora e cada vez mais pensada para o trânsito de motores
tem eliminado ou secundarizado os espaços do brincar.
A
gestão das cidades deve garantir o direito da população de decidir sobre a
arquitetura e a urbanização dos seus lugares e territórios, entretanto, com o
devido cuidado para não esparramar no populismo inconsequente e eleitoral, que
descartar a ciência sobre o planejamento urbano e os impactos ambientais e
socioculturais.
No
contexto da gestão das cidades, o brincar não pode ser roubado do cenário das
políticas públicas. As cidades devem ser pensadas na sua complexidade dos
fluxos populacionais, econômicos, na acessibilidade urbana e de serviços, na
manutenção das memórias, identidades e histórias e na ampliação dos espaços verdes
e integrativos de cultura, esporte e lazer.
As
cidades construídas para uma paisagem de asfalto e cinzenta, distancia as
crianças da rua, do espaço urbano e do brincar. Chegamos até a pensar que as
ruas são para os carros, talvez seja para outras realidades, mas não para as
crianças excluídas do direito à cidade, que tem a rua como um dos principais
lugares de interação.
Se a
rua é ponto de encontro das crianças, mas não de qualquer criança,
especificamente daquelas excluídas economicamente, socialmente e espacialmente,
o caráter de classe e cor, definem essas crianças: Pobres, negras, oriundas da
classe trabalhadora.
Isso
não é por acaso, as cidades são fabricadas, a partir da desigual divisão da
produção das riquezas, portanto, as arquiteturas e urbanizações em cada lugar
refletem a divisão e as lutas de classes sociais.
O
brincar é elemento central para o desenvolvimento de crianças saudáveis nos
seus múltiplos aspectos: cognitivos, sociais, emocionais e motor.
Quando
a criança brinca ela está se desenvolvendo, se apropriando da realidade que a
compõe e ensaiando a sua vida adulta. O brincar é um direito fundamental,
muitas vezes negligenciado nas ambiências familiares, nas escolas e nos espaços
urbanos.
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