Em 1969, morte de Marighella era anunciada pela imprensa. (FOTO/ Reprodução). |
O presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo excluirá de seu acervo todos os arquivos relacionados ao guerrilheiro comunista Carlos Marighella. Marighela, (1911-1969) nascido em Salvador e que foi considerado inimigo número 1 do regime militar, já que era um dos principais organizadores da luta armada no país. Marighella foi deputado federal pelo PCB, chegou a ser preso, foi torturado e assassinado pelo Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) em uma emboscada em São Paulo.
Sérgio Camargo usou suas redes sociais para fazer o anúncio e afirmou: “Além do imprestável Marighella, livros que promovem pedofilia, sexo grupal, pornografia juvenil, sodomia e necrofilia também estão com os dias contados na [Fundação] Palmares. Serão excluídos do acervo.” No entanto, Camargo não explica quais documentos exibem tal conteúdo nem tão pouco quais os relacionados à Marighella serão excluídos. Ainda não se sabe sobre a data da exclusão dos arquivos, mas Camargo já deixa claro que eles contém 300 livros repletos “de marxismo e perversão sexual”.
“É uma decisão profundamente ideológica e imoralizante“, afirma o Paulo César Ramos, sociólogo, pesquisador do Afro-Cebrap e coordenador do projeto Memória e Identidade do Ativismo Afro-brasileiro. “Isso constrói mentiras históricas, trata-se de uma subversão da memória. O que ele [Sérgio Camargo] está produzindo é o esquecimento, a antiverdade e justamente aquilo definido pelo Abdias do Nascimento como ‘genocídio simbólico‘.
Em junho de 2020, outras biografias de personalidades negras importantes para a história brasileira também foram censuradas no site da Fundação que deveria zelar pela memória negra e disponibilizar o acesso da mesma à população. Ramos diz ainda “E o que precisamos nos atentar é que hoje ele fala do Marighella, mas amanhã será outro.”
Já noticiamos aqui esta semana que o presidente da Fundação também anunciou que mudará o logotipo da entidade que é uma referência ao “machado de Xangô”. Os próprios funcionários e pesquisadores da Fundação alegam que Camargo, ao tomar esta decisão, acaba por negar a importância de pessoas negras “(…) infelizmente, passa a compactuar com uma perspectiva histórica e política que elege como e quais e personagens devem ser rememorados“, explica a historiadora Ynaê Lopes dos Santos, autora dos livros “História da África e do Brasil Afrodescendente” e “Além da Senzala: Arranjos Escravos de Moradia no Rio de Janeiro”.
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Com informações do Notícia Preta.
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