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Após repercussão negativa, mineradoras abandonam defesa de PL que atinge terras indígenas

 

Caetano Veloso e outros artistas reuniram milhares de pessoas contra retrocessos ambientais em Brasília - Mídia Ninja.

Gigantes da mineração com atuação no Brasil - como Vale, Vallourec, Samarco, Rio Tinto e Anglo American - voltaram atrás no apoio ao Projeto de Lei (PL) 191/2020, que autoriza a exploração mineral em terras indígenas.

Por meio de nota do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), as empresas se pronunciaram nesta terça-feira (15) contra a aprovação do texto, uma das agendas legislativas prioritárias do governo de Jair Bolsonaro (PL).

Segundo o comunicado, o projeto "não é adequado para os fins a que se destina" e deveria "ser amplamente debatida pela sociedade brasileira, especialmente pelos próprios povos indígenas".

O posicionamento contraria um artigo em defesa do PL 191/2020 assinado pelo diretor-presidente do Ibram, Flávio Ottoni Penido, e publicado pela Folha de S.Paulo em fevereiro de 2020. "Para o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) (...) a iniciativa é adequada e deve ser apoiada pelos brasileiros", escreveu Penido.

"A aprovação desse projeto de lei trará segurança jurídica e condições de competitividade para as mineradoras direcionarem seus eventuais investimentos em terras indígenas", continua o texto de autoria do presidente do Ibram publicado há dois anos.

Repercussão negativa

A pressa pela aprovação do projeto repercutiu negativamente na opinião pública. No dia 9 de março, a Câmara aprovou a tramitação em regime de urgência. Enquanto isso, do lado de fora do Congresso, um protesto liderado pelo cantor e compositor Caetano Veloso reunia artistas e manifestantes contra a iniciativa. 

Antes da mobilização, Bolsonaro afirmou que o conflito na Ucrânia é uma “boa oportunidade” para liberar a atividade nas áreas indígenas, em função da redução da oferta de fertilizantes produzidos na Rússia.

Embora represente um recuo na defesa do PL, o comunicado mais recente do Ibram reafirma que a "mineração industrial pode ser viabilizada em qualquer parte do território brasileiro", desde que amparada pela legislação. 

Leia na íntegra o comunicado do Ibram do dia 15 de março de 2022

"O Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração) entende que o PL 191/2020, encaminhado pelo poder Executivo ao Congresso Nacional, não é adequado para os fins a que se destina, que seria regulamentar o dispositivo constitucional que prevê a possibilidade de implantação de atividades econômicas em terras indígenas como geração de energia, produção de óleo, gás e mineração. ...

Uma vez que a mineração em terras indígenas está inscrita na Constituição Federal, artigos 176 e 231, a sua regulamentação precisa ser amplamente debatida pela sociedade brasileira, especialmente pelos próprios povos indígenas, respeitando seus direitos constitucionais, e pelo parlamento brasileiro.

O Ibram considera que a mineração industrial pode ser viabilizada em qualquer parte do território brasileiro, desde que condicionada aos requisitos de pesquisa geológica, estudos de viabilidade econômica, licenças ambientais embasadas em estudos e outras autorizações previstas em lei, de modo a preservar a vida e o meio ambiente, em especial na Amazônia, evitando o desmatamento.

No caso de mineração em terras indígenas, quando regulamentada, é imprescindível o CLPI (Consentimento Livre, Prévio e Informado) dos indígenas. O CLPI é um princípio previsto na OIT 169 e em uma série de outras diretivas internacionais, o qual define que cada povo indígena, considerando sua autonomia e autodeterminação, pode estabelecer seu próprio protocolo de consulta para autorizar as atividades que impactem suas terras e seus modos de vida.

É importante destacar que o Ibram condena qualquer atividade de garimpo ilegal em terras indígenas, na Amazônia ou em qualquer parte do território nacional, e acredita que esta atividade deve ser rigorosamente combatida e seus promotores responsabilizados penalmente. A preservação da Amazônia é condição necessária para as discussões de todos os temas relativos à mineração no Brasil."

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Com informações do Brasil de Fato.

Tribunal anula autorizações para garimpos em terras indígenas

 

O TRF1 anulou as autorizações de garimpo na Região. (FOTO/Vincent Tan/Pexels).

A 5ª turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) anulou, por unanimidade as autorizações para exploração mineral, garimpos, nas terras indígenas na região do Tucuruí, no Pará. O pleito foi solicitado pela mineradora Vale S/A e pela Agência Nacional de Mineração (ANM) e as apelações foram negadas pelos magistrados.

A decisão foi tomada em dezembro, mas o Ministério Público Federal (MPF) divulgou apenas esta semana e é válida para as Terras Indígenas Parakanã e Trocará. O MPF defende que “a mera proximidade do empreendimento econômico é suficiente para impactar social e ambientalmente as comunidades indígenas”. O que na prática quer dizer que, mesmo se o empreendimento estiver fora das áreas indígenas e for impactá-la, o requerimento é nulo.

É ilegal a existência de atividades de exploração minerária em terras indígenas – ainda que com interferência periférica – bem como a constatação de processos administrativos para a autorização de pesquisa e de exploração mineral nas referidas terras”, defendeu o relator, desembargador federal Souza Prudente, em seu relatório.

Segundo o Tribunal, mesmo se a exploração fosse legal, seria necessário o licenciamento ambiental e consulta prévia. A Vale alega que o recurso foi feito pela empresa antes da decisão judicial. Em nota, a mineradora disse que “não tem direitos minerários nas Terras Indígenas mencionadas, não desenvolve quaisquer atividades de pesquisa mineral ou lavras em terras indígenas”.

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Com informações do Notícia Preta.

Artistas e juristas entregam carta ao STF por demarcação de terras indígenas

 

Carta protocolada no Supremo fala em "exemplos mais cristalinos de injustiça." (FOTO/ @eryckmarck / @midiaindiaoficial).

Artistas, juristas, acadêmicos e membros da sociedade civil enviaram carta aberta ao Supremo Tribunal Federal (STF) manifestando posição contrária à tese do marco temporal, que restringe o direito dos povos indígenas à demarcação de terras. O tema está na iminência de julgamento na própria Corte e previsto no Projeto de Lei (PL) 490/2007, aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJC) da Câmara. A carta, assinada por 301 nomes, foi entregue na quinta-feira (24) por representantes do acampamento Levante Pela Terra, mobilização que reúne cerca de 850 indígenas de 48 povos de diversas regiões do país há mais de duas semanas em Brasília.

O julgamento previsto no STF vai analisar ação de reintegração de posse movida pelo governo de Santa Catarina contra o povo Xokleng, referente à terra Ibirama-Laklanõ, onde também vivem indígenas Guarani e Kaingang. A decisão tem repercussão geral desde 2019. Assim, servirá de diretriz para o governo e todas as instâncias do Judiciário no que diz respeito à demarcação de terras indígenas. Também vai servir para balizar propostas legislativas que tratem do tema.

Exemplo cristalino de injustiça

O marco temporal é uma interpretação defendida por ruralistas e setores interessados na exploração das terras indígenas. Eles querem que os povos originários só teriam direito à terra se estivessem sobre sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data de promulgação a Constituição. “Este Supremo Tribunal tem em suas mãos a oportunidade de corrigir esse erro histórico e, finalmente, garantir a justiça que a Constituição determinou que se fizesse aos povos originários”, dizem os signatários da mensagem (leia a íntegra). “(O marco temporal) é sem dúvida um dos exemplos mais cristalinos de injustiça que se pode oferecer a alunos de um curso de teoria da justiça. Não há ângulo sob o qual se olhe e se encontre alguma sombra de justiça e legalidade.”

Ao todo são 301 nomes, entre eles, o jornalista Juca Kfouri, a cartunista Laerte Coutinho, o cantor e compositor Chico Buarque, e a jogadora de vôlei de praia Carol Solberg, Assinam também Cao Hamburger (ator e cineasta), a cantora Daniela Mercury e as atrizes Denise Fraga, Dira Paes e Letícia Sabatella. O documento traz ainda as assinaturas do teólogo e escritor Leonardo Boff e do comentarista e ex-jogador Walter Casagrande Jr.

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Com informações da RBA.