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Quais escolas de samba me representaram em 2019? (FOTO/Reprodução). |
As
escolas de samba do carnaval vêm há alguns anos se politizando. Quem não lembra
da edição 2018? Foi maravilhoso. A Paraíso do Tuiuti (vice-campeã) nos orgulhou
protestando contra o racismo e as sequelas da escravidão até hoje sentidas e
sofridas pelos negros e pelas negras desse país.
Este
ano, confesso, que gostei do desfile da União da Ilha do Governador ao trazer
como destaques personagens marcantes da história do Ceará, especificamente do
cariri (Padre Cícero, Espedito Seleiro e o Museu de Paleontologia por meio da
representação de um grande dinossauro).
Mas
eu não poderia deixar de registrar o quanto me senti representado nas escolas
de samba Mangueira e mais uma vez a Paraíso do Tuiuti. A primeira contou na
sapucai o que a História tradicional e conservadora não conta. Trouxe a lume
personagens esquecidos propositadamente (negros/as e indígenas) ao recontar o
processo de ocupação do país desde o "descobrimento".
Brasil, meu nego
Deixa eu te contarA história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
Dizia
os versos reflexivos da Mangueira. E foi na luta, na resistência que negros e
indígenas enfrentaram o processo de escravidão e o pouco de conquista que se
tem hoje foi fruto desse embate, desse enfrentamento e não do mito pacificador
e de concessões.
A escola também falou de Marielle, vereadora negra pelo PSOL (RJ) assassinada e que a justiça ainda não conseguiu apontar quem a matou.
A escola também falou de Marielle, vereadora negra pelo PSOL (RJ) assassinada e que a justiça ainda não conseguiu apontar quem a matou.
A Paraíso
do Tuiuti falou de nordeste, de Ceará. E foi aqui, na “terra da luz”, que veio a
inspiração da escola para trabalhar o tema “O Salvador da Pátria”. A Sapucai
ouviu e viu ser contada a história do cearense Bode Ioiô. Na década de 1990, Ioiô
foi eleito vereador por Fortaleza quando o voto ainda era feito em papel. Em 1992,
ao ser eleito, Ioiô teve sua candidatura impugnada.
De forma
indireta, a escola conseguiu fazer um pararelo com a história do ex-presidente Lula
que em 2018 foi impedido de concorrer à presidência. Ano passado, mesmo preso,
Lula liderava a corrida de intenção de voto.
Um
dos trechos do samba da Paraíso colocou na sapucai um pedaço da história do ex-presidente
quando este deixou Pernambuco em busca de melhores condições de vida:
“Do nada, um bode vindo lá do interior, destino pobre, nordestino sonhador, vazou da fome, retirante ao Deus dará, soprou as chamas do dragão do mar”.
A
escola ainda lembrou que o momento em que o Brasil esteve em boas condições foi
quando esteve sendo presidido por um sindicalista e de origem popular, em
referência a Lula:
“Ora, meu patrão, vida de gado, desse povo
tão marcado, não precisa de dotô, quando clareou o resultado, tava o bode ali
sentado, aclamado o vencedor”.
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