"Ele quer uma América grande e eu também quero um Brasil grande", disse Bolsonaro na Casa Branca. (FOTO/Divulgação/Twitter). |
Na
rápida entrevista coletiva dada pelos presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro
na Casa Branca, durante visita oficial, no início da tarde de hoje (19), o
norte-americano disse que “Brasil e
Estados Unidos nunca foram tão próximos quanto agora”. Ele acrescentou que
houve hostilidade de outros governos brasileiros aos Estados Unidos, sem
explicitar quais, e, sobre a Venezuela, que "todas
as opções estão na mesa". O colega brasileiro aproveitou para dizer
sobre sua “satisfação” de estar em solo
estadunidense “depois de algumas décadas
de presidentes antiamericanos”. Bolsonaro acrescentou: “Temos muita coisa a oferecer um ao outro
para o bem dos nossos povos. Ele quer uma América grande e eu também quero um
Brasil grande.”
Para
o diplomata Celso Amorim, a afirmativa de Bolsonaro, de que sucede uma série de
ex-presidentes antiamericanos, é “conceitualmente
uma bobagem”. Tendo ocupado cargos de embaixador no governo de Fernando
Henrique Cardoso e de ministro de Itamar Franco, Luiz Inácio Lula da Silva e
Dilma Rousseff, ele destaca que em nenhum desses momentos houve
“antiamericanismo” dos governos brasileiros.
“O que existe são disputas naturais. Tem que
reconhecer as diferenças, até para se poder lidar com elas. A não ser que um dos países resolva abrir mão
de todos os seus interesses. Está parecendo que é essa a direção que se está
tomando”, diz. “O Brasil evoluiu de
um processo em que tinha uma certa independência, claro que com limitações,
para, no governo Temer, uma certa subalternidade estratégica implícita, e agora
para uma situação de submissão explícita.”
A
questão do chamado antiamericanismo de governos brasileiros anteriores foi
muito difundida pela grande mídia, diz. Para ele, a discordância brasileira dos
Estados Unidos, sobretudo em assuntos econômicos em que os interesses da
imprensa estavam envolvidos de uma forma ou de outra, provocava esse tipo de
avaliação.
“Mas é evidente que não era antiamericanismo”,
diz. Ele lembra de períodos como no governo José Sarney, quando houve uma
disputa sobre informática com os EUA, ou as tentativas posteriores dos
norte-americanos esvaziarem o Mercosul, com o projeto da Área de Livre Comércio
das Américas (Alca), recusado pela maioria dos governos latino-americanos,
assim como as diferenças sobre a atitude americana no Iraque.
“Essas diferenças se mantiveram no governo
Lula, mas nada disso impediu o diálogo. Lula esteve com George W. Bush em Camp
David por cinco horas. Não vejo essa hostilidade de modo nenhum nos governos
anteriores. Bush veio ao Brasil e colocou o capacete da Petrobras quando ela
não estava sendo privatizada”, lembra. “O
próprio Bush, uma vez, se dirigindo a Lula, disse que temos nossas diferenças,
mas trataríamos daquilo que nos aproxima.”
Embora
seja tachado por setores conservadores, pejorativamente, como “petista”, Amorim
foi embaixador de Fernando Henrique Cardoso em três postos importantes: nas
Nações Unidas, em organismos internacionais em Genebra (com destaque para a
Organização Mundial do Comércio) e embaixador em Londres. “Nem sempre eu estava em concordância com tudo. O Brasil tinha posição
contrária ao uso da força no Iraque e tive apoio do governo Fernando Henrique.
Isso não quer dizer que não houvesse diálogo.”(Com informações da RBA).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!