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Aurélio Matias. (FOTO/ Reprodução/ Facebook). |
Na quarentena, em que pais e filhos estão confinados em seus lares para preservação da vida, entre muitas questões, uma ficou evidente: a importância do papel do professor! São muitos os relatos e manifestações nas redes sociais nesse sentido: de uma hora para outra os pais se viram obrigados a cumprir o papel de todos os profissionais da escola, agora dentro de suas próprias casas. Muitos dos pais, sem a devida capacitação, em tom de desespero, expõem que ensinar aos filhos por atividades remotas se tornou uma das ações mais exasperantes da epidemia.
O
uso do ensino remoto como substituição ao ensino convencional, dada a
excepcionalidade da pandemia, trouxe à tona algumas constatações e contradições
no ensino brasileiro: 1 - Os professores são os profissionais capacitados para
o ato de ensinar; 2- O despreparo da maioria dos pais para ensinar aos filhos;
3- A grande exclusão digital: dados do IBGE informam que 42% dos estudantes não
têm acesso à internet. 4 - Não houve a prévia organização do MEC, nem a capacitação
dos professores, para a nova realidade, o que impera é o improviso. 5 – Amentou
o tempo de trabalho do professor com
preparação de aulas e acompanhamento quase individualizado, maior cobrança dos
coordenadores, e maior incidência de doença como depressão e ansiedade; 6 -
Maior desemprego: muitos governos se
aproveitam da crise para retirar direitos, como a redução dos salários e a
suspensão dos contratos dos professores temporários.
A
aplicação das atividades remotas, se justifica pela situação emergencial,
causada pela epidemia, deve ser usada como forma de solidariedade e
acolhimento, de manter os laços e vínculos da escola com os alunos. Mas não
deve ser utilizada de forma obrigatória. Muitos alunos e professores não tem
acesso à internet. As plataformas e aulas utilizadas, inclusive da Globo, sem
nenhuma interação, não garante em nada a aprendizagem. O aprendizado na
educação básica se dá principalmente na convivência social, nas atividades
interativas, lúdicas e afetivas. Além de que, nessa fase da vida, crianças e
adolescentes apresentam pouca autonomia didática. Nesse momento, o mais
importante é o cuidado com a vida. Professoras, professores e a família devem
cultivar valores como a solidariedade, a empatia e o amor.
No entanto, grupos empresarias, que enxergam a educação como mercadoria, com o apoio do MEC, já ambicionam expandir, pós-pandemia, o modelo de Educação a Distância - EaD para à Educação Básica. As novas tecnologias devem ser usadas como ferramentas de apoio, mas os protagonistas do ato de educar devem ser professores e alunos. Aplicar EaD na Educação Básica, como quer esse governo, significará um rebaixamento da qualidade do ensino no Brasil.
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Aurélio Matias é
professor, mestre em Ciências Sociais, diretor de formação sindical da APEOC e
autor do livro “Resistência, Rota de Fuga e Refúgio: o Cariri cearense na
ditadura militar”
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