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Lula, Dilma, Gleisi, Dino, Ciro, FHC: país precisa de outro rumo. (FOTO/ Reprodução). |
O
inédito 1º de Maio virtual, transmitido de forma ininterrupta durante quase
seis horas nesta sexta-feira, reuniu adversários políticos, líderes sindicais e
artistas, com discursos menos e mais explícitos contra o governo e em defesa do
isolamento social durante a pandemia. Houve manifestações pelo impeachment e
pela renúncia de Jair Bolsonaro e projeções sobre o cenário brasileiro
pós-pandemia. Terminou às 17h15 com vários artistas cantando O Sal da Terra, de
Beto Guedes. O verso “Vamos precisar de todo mundo” foi o mote do evento, em
dia também dedicado a angariar solidariedade às vítimas diretas e indiretas do
coronavírus.
A
ex-presidenta Dilma Rousseff (PT) disse que Bolsonaro “avilta a cadeira de
presidente da República”, Ciro Gomes (PDT) falou em novo projeto de
desenvolvimento (“Que possamos ser capazes de organizar a nossa luta e
reconquistar os nossos direitos”) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) – uma
participação que causou incômodo – afirmou que é preciso união para defender a
democracia e a liberdade. “O grande indutor do desenvolvimento é o investimento
público”, acrescentou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).
Antes
do início da transmissão do evento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva
já havia se pronunciado falando em solidariedade às vítimas da pandemia e de
quem está tentando salvar vidas. “A história nos ensina que grandes tragédias
costumam ser parceiras de grandes transformações”, afirmou. A presidenta do PT,
deputada Gleisi Hoffmann, disse que “nunca ficou tão evidente para a sociedade
a importância do trabalho humano, da força humana para a geração de riqueza”.
“Não é o mercado que faz a economia girar”, emendou.
Pelos
partidos, também participaram a ex-deputada Manuela D´Ávila e a presidenta do
PCdoB, Luciana Santos, os presidentes do PDT, Carlos Lupi, e do PV, José Luiz
Penna, a ex-candidata Marina Silva (Rede) e os deputados Alessandro Molon
(PSB-RJ), Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP), e Valdevan
Noventa (PSC-SE). A presença de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara,
não se confirmou.
Quase
no final, a esperada “atração
internacional”, o cantor inglês Roger Waters, saudou os trabalhadores
nestes “tempos conturbados” e cantou
We Shall Overcome (Venceremos, em tradução livre). São os sindicatos, os
trabalhadores e as pessoas comuns que vão salvar o mundo, afirmou.
Pouco
antes, o ator norte-americano Danny Glover havia dito que o Brasil teve
recentemente interrompido um processo de transformação social, iniciado por
Lula. E finalizou com o bordão “A luta
continua” em português.
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Roger Walters canta: são os sindicatos, os trabalhadores e as pessoas comuns que vão salvar o mundo. (FOTO/ Reprodução). |
Os
presidentes da CUT, Sérgio Nobre – o último a falar –, e da Força Sindical,
Miguel Torres, defenderam a renúncia do presidente da República. “Bolsonaro não tem condições de governar o
Brasil, não tem estatura pra ser presidente do Brasil”, disse Sérgio, para
quem ele não renunciará por não ter “grandeza”.
“O fora Bolsonaro precisa ser mais de uma
palavra de ordem”, afirmou.
“O senhor Bolsonaro é um criador de intensas
crises políticas e não tem condições de governar e tirar o país desta crise. O
melhor caminho é a renúncia”, disse Miguel, pouco antes. Ele lembrou que as
centrais têm procurado as instituições e os representantes dos poderes para
discutir soluções “que garantam a saúde,
a renda, o emprego e os direitos”, enquanto o presidente, com suas ações,
expõe a sociedade ao risco de morte.
Para
o presidente da CTB, a pandemia agravou uma crise que já existia e terá impacto
severo na economia brasileira e mundial. Ele também criticou Bolsonaro: “Afronta a Constituição, agride o STF e o
Congresso Nacional. Nestas condições, a luta em defesa da democracia ganha
centralidade”.
Mais
comedido, o presidente da UGT, Ricardo Patah, disse que o governo “não consegue dar respostas às necessidades
efetivas das pequenas e micros empresas e, principalmente, dos milhões de
trabalhadores”. E o presidente da CSB, Antonio Neto, afirmou que o
“gabinete do ódio” ataca a “jovem”
democracia brasileira.
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Artistas se unem para cantar "Sal da Terra". (FOTO/ Reprodução). |
“Enquanto durar esse governo, continuaremos a
sofrer com a doença do desemprego, da desindustrialização e dos juros
escorchantes do cartel bancário”, disse Neto. Também pediram o fim do
governo o presidente da CGTB, Ubiraci Dantas de Oliveira, e o secretário-geral
da Intersindical, Edson Carneiro, o Índio.
A
programação incluiu uma diversidade de artistas, cantores, intérpretes,
depoimentos de desempregados, moradores de rua, trabalhadores que convivem com
a pandemia e representantes de entidades. Como o Movimentos dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra, a Marcha Mundial das Mulheres, a Associação Brasileira de
Imprensa e a Ordem dos Advogados do Brasil, além da Organização Internacional
do Trabalho. “Hoje, mais do que nunca,
precisamos fazer o diálogo social”, afirmou o diretor da OIT no Brasil,
Martins Hahn.
Candidato
do PT à Presidência em 2018, Fernando Haddad disse que a tarefa agora, é
resistir e “recompor o campo
progressista, não apenas impedir o que está sendo feito, mas, revigorado,
passar à linha ofensiva”. Candidata a vice na chapa, a ex-deputada Manuela
D´Ávila lembrou que há tempo se denuncia os impactos negativos da precarização
do trabalho. “Este momento deixa clara a
necessidade de reconstrução de um Estado de bem-estar social.” Além disso,
acrescentou, “temos de sistematicamente
denunciar e apurar o conjunto de crimes de Jair Bolsonaro”. Segundo ela, o
país precisa “se livrar” do presidente para retomar o desenvolvimento.
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Com
informações da RBA.
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