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Entre eles estão remédios a base de hidroxicloroquina, substância propagandeada pelo presidente Jair Bolsonaro mesmo sem estudos sólidos. (FOTO/ Reprodução/ YouTube). |
A
pandemia de Covid-19 disparou a venda de medicamentos sem eficácia comprovada,
com aumentos de até 180% em alguns produtos. Entre eles, estão remédios à base
de hidroxicloroquina, substância propagandeada pelo presidente Jair Bolsonaro
mesmo sem estudos sólidos e com efeitos colaterais perigosos, como parada
cardíaca.
A
constatação está em pesquisa encomendada pelo Conselho Federal de Farmácia
(CFF) e obtida pelo jornal O Estado de S. Paulo. O estudo comparou a quantidade
de comprimidos e cápsulas comercializados nas farmácias do país no primeiro
trimestre de 2019 com a do mesmo período deste ano. As seis substâncias
pesquisadas foram aquelas que, de alguma forma, apareceram em debates públicos.
Entre
janeiro e março de 2019 foram vendidas 231.546 unidades de medicamentos com
hidroxicloroquina, ante 388.829 no mesmo período deste ano, um aumento de
67,93%. A maneira como Bolsonaro se referia ao remédio pode ter afetado as
vendas, avaliou o farmacêutico Gerson Antônio Pianetti, doutor em Controle de
Qualidade de Medicamentos. "Está
tendo certa corrida inesperada e estamos tentando fazer com que o farmacêutico
seja o elemento que não deixe isso acontecer. Mas realmente o aumento do
consumo de medicamentos se deu a partir de inúmeras falas de pessoas com
confiabilidade na população, como alguns médicos, empresários e, principalmente,
o presidente."
Em
uma reunião com líderes do G-20, em março, o presidente chegou a apresentar uma
caixa de Reuquinol, medicamento que tem sulfato de hidroxicloroquina em sua
fórmula. A substância, primeiramente, foi autorizada para pacientes com covid-19
internados em estado moderado e grave. Mais tarde, o Conselho Federal de
Medicina liberou a prescrição para pacientes com sintomas leves, mas com a
ressalva de que essa decisão "não
seguiu a ciência", e foi tomada apenas para encerrar a polarização criada
em torno do medicamento.
Só
em 20 de março a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu que
remédios com hidroxicloroquina só poderiam ser vendidos mediante receita
especial. Mas profissionais do ramo admitem que é possível ter acesso a esse
remédio sem prescrição em farmácias com menos estrutura ou na ausência de
farmacêuticos.
Campanha
Uma
das conclusões do estudo encomendado pelo Conselho Federal de Farmácia é a de
que a crise sanitária expôs a influência do medo da população e o hábito da
automedicação. Farmacêuticos alertam que todos os remédios oferecem riscos,
mesmo os que independem de prescrição.
"A nossa recomendação é de que os
farmacêuticos continuem observando as recomendações da Anvisa e as boas
práticas farmacêuticas para realizar as dispensações desses medicamentos, e
orientem os usuários, pois a desinformação é um inimigo tão poderoso quanto o
novo coronavírus", afirmou o presidente do CFF, Walter da Silva Jorge
João.
Riscos
A
depender da dose, o paracetamol pode causar hepatite tóxica. A dipirona, risco
de choque anafilático. O ibuprofeno, por sua vez, pode ocasionar tonturas e
visão turva. O uso inadequado de vitamina C pode causar diarreias, cólicas, dor
abdominal e dor de cabeça. Já o uso indiscriminado de vitamina D pode fazer com
que o cálcio se deposite nos rins e provoque lesões permanentes. Entre os
efeitos colaterais da hidroxicloroquina estão arritmia e parada cardíaca.
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Com informações
do Correio Braziliense e do jornal O Estado de S Paulo.
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