O
Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC, através de um de seus membros,
Karla Alves, publicou nesta quarta-feira, 21, CARTA REPÚDIO com o propósito de
demonstrar a insatisfação e indignação com a forma desrespeitosa de como foi
conduzido o processo de preparação, organização e execução da III Conferência
de Promoção da Igualdade Racial nas suas etapas antecedentes.
De
acordo com a carta, os membros se indignam com Secretaria de Cultura do Crato
que não levou em consideração a importância do GRUNEC, como portador de
comprovadas atuações no que toca ao combate à discriminação racial junto às
comunidades tradicionais negras rurais e de terreiro na região do cariri, descartando a sua participação na
mobilização e organização do processo descrito.
Foi
alvo de críticas também Ivaldo Paixão, coordenador da Coordenadoria Especial de
Políticas de Promoção da Igualdade Racial, no Estado, a CEPPIR. Para Karla
Alves ele, durante a realização da etapa regional, em Crato, agiu de forma
autoritária. “E em decorrência do seu descontrole, desrespeitou o exercício da
democracia, intimando através de seus gritos desnecessários a todo o plenário
presente. Resolveu pelo seu próprio intelecto, que a conferência prevista para
encerrar às 15h30min fosse encerrada às 13h30min e, ao final não permitiu de
forma alguma que a plenária fizesse qualquer crítica ao seu comportamento elitista,
arrogante e descontrolado”, diz Karla na carta.
Ante
o exposto o GRUNEC se recusa a participar da etapa estadual da III Conferência
de Promoção da Igualdade Racial.
Karla Alves, membro do GRUNEC. Foto retirada do seu perfil na rede social facebook |
Confira na íntegra a CARTA REPÚDIO
publicada ontem por Karla Alves
“O
Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC – que há 13 anos desenvolve
atividades a nível regional para o combate à discriminação racial junto às
comunidades tradicionais negras rurais e de terreiro, procurando manter o
diálogo com as universidades, grupos culturais e demais setores da sociedade
local, estimulando pesquisas na temática e buscando fortalecer e propagar a
cultura negra no Cariri e, portanto, consideravelmente apto a participar do
processo de preparação e execução da III Conferência de Promoção da Igualdade
Racial, vem por meio desta expressar sua TOTAL INDIGNAÇÃO E REPÚDIO aos
organizadores e coordenadores da etapa macro regional Centro Sul pela forma
centralizadora e desrespeitosa como se deu a efetivação da referida
conferência.
A
princípio, nossa indignação se volta contra a SECRETARIA DE CULTURA DO CRATO
que em parceria com a CEPPIR subsidiou a etapa regional da III Conferência
Estadual da Igualdade Racial, que ocorreu na cidade do Crato, região Sul do
estado Ceará, no último dia 06 de agosto. A referida Secretaria descartou
totalmente a possibilidade de contribuição do único grupo de movimento negro
organizado com uma atuação historicamente comprovada no Cariri, portanto com
devida competência para a articulação e mobilização da sociedade civil e,
principalmente, daqueles que estão verdadeiramente comprometidos com o combate
ao racismo.
Dos
42 municípios que compõem a região do Cariri cearense, representantes de apenas
05 municípios se fizeram presentes. Das 25 comunidades negras rurais da região
caririense e onde se localizam as 04 comunidades certificadas pela Fundação
Cultural Palmares como remanescentes quilombolas, apenas 02 representantes se
fizeram presentes graças à rapidez e à eficácia dos membros do GRUNEC que,
mesmo diante do descaso de ser informado somente 05 dias antes da realização da
conferência, considerou ser de suma importância garantir a presença daqueles
que mais sofrem pela falta e/ou inacessibilidade de políticas públicas.
Enfatizamos que sabíamos da realização prévia da Conferência das Comunidades
Tradicionais, todavia, entendemos que a participação deste segmento iria
evidenciar as necessidades específicas de suas localidades e contribuir para,
concretamente, demarcar e instituir na agenda do movimento negro o peso das
demandas das comunidades rurais do Cariri, necessidades estas também
descartadas pela organização do referido evento.
Em
segundo lugar, REPUDIAMOS completamente a forma de execução da conferência,
reflexo da total incapacidade e despreparo do Sr. Ivaldo Paixão, coordenador da
CEPPIR Estadual, pessoa a qual se designa a coordenação das conferências no
estado do Ceará. Durante a realização do evento, o Sr. Ivaldo mostrou-se, por
diversas vezes, exageradamente exaltado. E em decorrência do seu descontrole,
desrespeitou o exercício da democracia, intimando através de seus gritos
desnecessários a todo o plenário presente. Resolveu pelo seu próprio intelecto,
que a conferência prevista para encerrar às 15h30min fosse encerrada às
13h30min e, ao final não permitiu de forma alguma que a plenária fizesse
qualquer crítica ao seu comportamento elitista, arrogante e descontrolado.
Reconhecemos
e acreditamos na importância e na necessidade das conferências nacionais,
estaduais e regionais convocadas pela Secretaria de Promoção da Igualdade
Racial – SEPPIR- que visa estabelecer e aproximar o diálogo entre governo e
sociedade civil, nos permitindo ampliar o debate sobre a questão racial a nível
nacional, procurando atender as demandas específicas da diversidade étnica de
cada região.
Contudo, não admitimos, nem compactuamos com nenhuma das atitudes
citadas acima, que envergonham a trajetória de luta do povo negro neste país,
neste Estado e na nossa região. Por fim, ressaltamos que não nos sentimos
representados sob nenhuma hipótese pelo Sr. Ivaldo Paixão, a quem só lamentamos
por estar à frente da CEPPIR estadual. Deste modo nós, membros do GRUNEC,
renunciamos a participação na etapa estadual da III Conferência de Promoção da
Igualdade Racial do Estado do Ceará.
GRUPO
DE VALORIZAÇÃO NEGRA DO CARIRI – GRUNEC”.
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