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Governo Bolsonaro segue reduzindo a previsão de vacinas que o país deve receber nos próximos meses. (FOTO/ Nelson Almeida/ AFP). |
No Brasil, três imunizantes contra a covid-19 diferentes estão em distribuição e aplicação: CoronaVac, AstraZeneca e Pfizer, como ficaram popularmente conhecidos. As doses de outras vacinas, como da Sputnik V, estão em fase negociação entre as empresas e governos estaduais. Além delas, há as que estão sendo desenvolvidas pelo Brasil, ButanVac e Versamune.
Mas
quais são as diferenças entre esses imunizantes? Qual é a eficácia e tecnologia
de cada um? E, por último, mas não menos importante, por que não é possível
tomar doses de imunizantes diferentes?
CoronaVac
O
imunizante, que é produzido por meio de uma parceria entre o Instituto Butantan
e o laboratório chinês Sinovac utiliza o vírus inativado. Isso significa que o
Sars-CoV-2 é inativado por meio de um produto químico ou calor. No corpo, o
vírus inativado estimula a reação imune das células, capturando tais vírus e
ativando os linfócitos, que são as células responsáveis por combater o novo
coronavírus e produzir os anticorpos.
Aqueles
que tomam a vacina têm 50,38% menos chances de adoecer caso sejam infectados
pelo vírus, 78% contra casos leves e 100% de eficácia contra casos graves.
O
imunizante deve ser aplicado em duas doses, dentro de um intervalo de 14 a 28
dias entre ambas. Segundo o governo do estado de São Paulo, as prefeituras
podem adotar prazos diferentes para as aplicações, mas sempre dentro dos
limites estabelecidos.
De
acordo com o Instituto Butantan, as reações indesejadas mais observadas após a
aplicação da vacina foram dor no local da aplicação e dor de cabeça após a
primeira dose. Até o momento, não foram identificados efeitos adversos graves.
AstraZeneca
A
vacina é produzida por meio de uma parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz
(Fiocruz), a Universidade de Oxford e a empresa biofarmacêutica britânica
AstraZeneca. A tecnologia utilizada é de vetor viral: um vírus conhecido por
causar gripe comum em chimpanzés, denominado cientificamente como adenovírus, é
enfraquecido e utilizado para carregar o material genético do Sars-CoV-2 para
dentro do corpo humano. Nas células, o adenovírus começa a produzir a proteína
Spike, que auxilia o Sars-CoV-2 a invadir as células humanas, estimulando o
sistema imunológico.
Segundo
a Fiocruz, a vacina protege em 79% contra casos sintomáticos e em 100% contra
casos graves e hospitalizações. Deve ser aplicada em duas doses, com um
intervalo de três meses entre ambas.
De
acordo com a bula do imunizante, as reações adversas mais reportadas foram dor
no local da injeção, cefaleia, fadiga, mialgia, mal estar, pirexia, calafrios,
artralgia e náusea, todas de intensidade leve.
Pfizer
O
imunizante utiliza uma tecnologia parecida com a do vetor viral, conhecida como
mRNA ou RNA-mensageiro. Em vez do cultivo do vírus em laboratório, o imunizante
é criado a partir da replicação do RNA do Sars-CoV-2, que contém a informação
genética do novo coronavírus. O RNA replicado, então, imita a proteína Spike,
específica da covid-19, e invade as células, estimulando uma resposta imune.
A
eficácia do imunizante, de acordo com um estudo israelense, é de 97% contra
casos sintomáticos, 91,5% contra casos assintomáticos, 96,7% contra casos
graves e 96,7% contra óbitos.
Os
efeitos colaterais observados são cansaço, dor de cabeça, muscular e nas
articulações, calafrios, febre, inchaço e vermelhidão na região da aplicação,
náusea, mal-estar e linfonodos inchados.
ButanVac
A
ButanVac ainda está em desenvolvimento pelo Instituto Butantan, em parceria com
a Escola de Medicina do Hospital Mount Sinai, de Nova York, nos Estados Unidos.
Por isso, ainda não há informações sobre efeitos adversos e eficácia em
humanos.
De
acordo com o Butantan, o imunizante utilizará a técnica do vetor viral. O vírus
que causa a Doença de Newcastle, que não tem sintomas em humanos, carrega a
proteína Spike utilizada pelo Sars-CoV-2 para dentro das células humanas,
estimulando-as a produzir anticorpos.
Diferente
da CoronaVac e da vacina da AstraZeneca, o imunizante será produzido “sem
dependência de insumo importado”. “Todos os processos produtivos, desde a
qualificação dos ovos embrionados, inoculação, crescimento viral, processamento
e purificação viral, inativação, formulação, qualificação, controle de
qualidade, produção em escala, envase, rotulagem, registro sanitário, serão
realizados pelo Butantan", informa o intituto.
Versamune
O
imunizante é desenvolvido pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo (FMRP-USP) em parceria com a startup Farmacore
Biotecnologia e a estadunidense PDS Biotechnology, com recursos do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Também por ainda
estar em desenvolvimento, não há informações sobre eficácia e reações adversas.
Os pesquisadores estão utilizando o antígeno S1, que é uma das regiões funcionais da proteína Spike, associado a uma partícula conhecida como Versamune, utilizada para carregar a informação genética do Sars-CoV-2, contida no antígeno, para dentro das células humanas. Assim, estimula a produção de anticorpos.
“No geral, podemos definir essa como uma
vacina nanoparticulada, que contém o antígeno S1, veiculada com um carreador. É
um imunizante que, ao entrar na célula, estimula todo o sistema imunológico”,
resumiu o coordenador da pesquisa, Celio Lopes Silva, do Departamento de
Bioquímica e Imunologia da FMRP, ao Jornal da USP.
Sputnik V
Doses
do imunizante Sputnik V, produzido na Rússia pelo Centro Nacional de Pesquisa
de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya e pelo Fundo Russo de Investimento
Direto (RDIF), foram compradas por governos estaduais, mas ainda não foram
aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A
vacina também utiliza a tecnologia de “vetor viral”, ou seja, outros vírus
inativados que carregam a informação genética do novo coronavírus para dentro
das células humanas, estimulando-as a gerar uma resposta imune.
A
eficácia é de 91,6% contra a doença sintomática e 100% eficaz na prevenção de
casos graves e mortes. O imunizante deve ser aplicado em duas doses, com um
intervalo de 21 dias entre ambas.
Doses tomadas devem ser da mesma vacina
A
segurança e a eficácia das vacinas utilizadas no Brasil foram testadas a partir
da aplicação de duas doses do mesmo imunizante, criado a partir de tecnologia e
componentes diferentes por cada empresa. Portanto, por não haver pesquisas
sobre a segurança das vacinas misturadas, não está autorizada a aplicação de
doses misturadas.
Caso
isso ocorra, a recomendação do Ministério da Saúde é tomar uma terceira dose da
mesma marca da primeira para completar a proteção integral, se o intervalo
entre a primeira e a segunda for menor do que 14 dias. Mas, se o intervalo for
maior do que isso, o recomendado é não fazer a aplicação de uma terceira dose.
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Com informações do Brasil de Fato.
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