Cultura comunitária: conheça os grupos de tradição caririenses doTerritório Criativo do Gesso

 

Espaço Capoeira.

Maracatu, coco, capoeira e outras manifestações são desenvolvidas no local.

Com o intuito de abordar temáticas relevantes ao debate social, o Território Criativo do Gesso executa, em formato online, ações de pluralidade cultural, abordando tópicos relacionados ao direito à cidade e à multiplicidade artística. O projeto faz parte da rede de projetos financiados pela Lei Aldir Blanc, da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará – Secult – através do Prêmio Fomento Cultura e Arte do Ceará. O local é um celeiro de grupos de tradição caririenses, como maracatu, coco e capoeira.

O Coletivo Camaradas tem contribuído com apoio financeiro e equipamentos para que esses grupos tenham um suporte a mais para desenvolver suas atividades.

A Lei implementa práticas culturais e artísticas como ações emergenciais diante o estado de calamidade pública consequente da covid-19. As atividades do Projeto são desenvolvidas em quatro bairros da cidade de Crato-CE (São Miguel, Pinto Madeira, Santa Luzia e Centro), que juntos compõem o Território Criativo do Gesso. Conheça mais sobre as manifestações culturais desse Território.

As organizações do Território Criativo do Gesso

O Território Criativo do Gesso é formado por seis eventos e 11 instituições, que serão trabalhadas em ações coletivas iniciadas no mês de março e que continuarão ao longo do mês de abril, maio e junho. Dentre as instituições que o compõem, temos: Espaço Capoeira, Coco Scan, Ponto de Cultura Paraíso dos Caipiras, Maracatu Raízes e Terreiro do Mestre Roxinha.

Espaço Capoeira

O Espaço Capoeira foi fundado pelo professor Ricardo Rodrigues e Dona Narcisa, com a supervisão do Mestre Cupim Liberdade. A organização surgiu em um fundo de quintal. A ideia de criar o grupo surgiu do desejo em ofertar ações esportivas aos moradores da comunidade, assistindo jovens e crianças que ali viviam em situação de risco, assim como unir os grupos de capoeiras existentes na região do Cariri.

Segundo Ricardo, “Trabalhamos a Capoeira Angolana, a Capoeira Regional, o Samba de Roda, o Maculelê e a Puxada de Rede. Oferecemos oficinas de instrumentos musicais, como a confecção própria de berimbaus e reco-reco, para compor a bateria da capoeira. Promovemos eventos, aulões com mestres da região, ações de musicalidade, bingos e sorteios, tudo buscando ajudar os capoeiristas e a comunidade em geral”.

Coco Scan

A Sociedade Cratense de Auxílio aos Necessitados, Scan, existe há 80 anos. Foi criada pelas famílias tradicionais de alto poder aquisitivo da cidade, que decidiram realizar filantropias às pessoas carentes, sem abrigo ou comida.

O Coco da Scan possui a Mestre Naninha em seu grupo, uma senhora de 80 anos que veio da zona rural com familiares brincantes e produtores culturais. O Coco passa a girar em torno das memórias e sabedorias expostas por ela. Atualmente, a organização é formada apenas por mulheres, em maioria idosas, mas que já conta com um subgrupo de crianças e adolescentes entre 12 e 16 anos, descendentes dos membros já participantes.

O espaço físico é compartilhado entre ações e organizações culturais da região. Para o presidente da organização, João do Crato, a Coco Scan é “importante para a cultura, principalmente, porque é um espaço democrático aberto para todo mundo e engloba toda a comunidade que está ali no entorno”.

Ponto de Cultura Paraíso dos Caipiras

A organização Ponto de Cultura Paraíso dos Caipiras é uma instituição sem fins lucrativos. Criada em maio de 1989, o grupo possui caráter sociocultural e tem como principal objetivo destacar ações que exaltam a cultura popular regional, inserindo jovens da comunidade em suas atividades, para estarem em contato direto com o folclore brasileiro.

Para Francisco Suelanho, coordenador e fundador da organização, as ações praticadas são “muito importantes para a cultura, pois resgata, não deixa desaparecer as manifestações culturais. Nós, desde que começamos, não paramos mais, as manifestações são ininterruptas, justamente, por isto, para não deixar desaparecer o que já é tão raro, que é a riqueza da cultura popular. Além disto, ainda há o cunho social, pois preenchemos o tempo ocioso das crianças, dos jovens e adolescentes, para que eles possam melhorar a qualidade de vida”.

Maracatu Raízes

O maracatu cearense baseia-se e se tornou referência na cultura do maracatu pernambucano, diferenciando na inserção de objetos constituídos de ferro, como os triângulos, que assumem papel essencial na produção de sons e ritmo dentro da composição total.  O Maracatu Raízes surgiu em 2012, em Crato-CE, e retrata em suas apresentações, a coroação da rainha negra.

Segundo Beto Ribeiro, o grupo se apresenta com 25 a 30 brincantes, destacando-se em diversos eventos na região. Oferecem suas performances em festas, cortejos nas ruas, shows de palco, palestras e apresentações sobre os aspectos históricos do maracatu, workshops, oficinas, entre outras intervenções. Para Beto “o maracatu, é um modo de manter viva as raízes, a cultura, as tradições e a história afro-brasileira”.

Terreiro do Mestre Roxinha

O Terreiro do Mestre Roxinha nasceu em uma parceria com Alexandre Lucas, membro do Coletivo Camaradas e Maria Rosenana Saraiva, filha do Mestre Roxinha. Com um ano desde a inauguração, a organização visa levar alegrias às crianças e moradores da comunidade.

O Terreiro do Mestre Roxinho é muito importante para a comunidade, pois traz cultura, assim como religiosidade. Fazemos movimentos religiosos, buscamos sempre evangelizar crianças que muitas vezes não participam de catecismos. A cultura em nosso meio é essencial. As pessoas que têm talentos de dança, de recitar poesias, vêm para o nosso Terreiro. Aqui as próprias crianças fazem suas poesias. Vejo que nossa meta é que a comunidade cresça em cultura, sempre procurando oferecer o melhor”, afirma Rosenana.

A história do Gesso

A história da comunidade foi marcada, a partir da década de 1950 até meados da década de 1990, por um cenário de prostituição e, posteriormente, por tráfico de drogas. Seu espaço físico é demarcado pela presença da linha de trem que separava os moradores da região dos demais. Esta linha representava algo mais que um ponto estratégico de transporte urbano, a segmentação proposta a partir de um preconceito apontado diante de prostíbulos e drogas.

Desta forma, o Projeto Território Criativo do Gesso expõe narrativas locais e diálogos que protagonizam os moradores da comunidade e mobilizam reflexões sobre o papel de articulação entre poder público e sociedade no que tange ao direito à cidade.

O Coletivo Camaradas

Criada em 2007, a rede do Coletivo Camaradas desempenha intervenções artísticas com o objetivo de auxiliar nas mudanças sociais em sua comunidade. Por meio de práticas como rodas de conversa e oficinas, há a construção de um processo de conscientização dentro da própria comunidade.

O Coletivo expõe, assim, formas contrárias ao vitimismo, aplicando atividades de empoderamento social mediante a arte. Os residentes da região são convidados a participar das atuações, contribuindo dentro do Coletivo para transformações políticas de seu espaço.

O Coletivo executa suas atividades em espaço urbano e fornece conteúdos de cunho social. Os indivíduos presentes refletem sobre a região ao seu redor e comunicam-se com a intervenção artística proposta. Desta forma, novas narrativas são criadas, ressignificando o que antes era estigmatizado.

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Texto encaminhado a redação do blog  pela Clique Comunicação.

Abaixo outras fotos.


Terreiro do Mestre Roxinha.

Paraíso dos Caipiras.

Maracatu Raízes. 

Coco da Scan.

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