Professora alfabetiza crianças a partir de rodas de conversa e educação antirracista

 

Albari Rosa/ Gazeta do Povo/ Arquivo). 

Quando as crianças do primeiro ano do Ensino Fundamental chegam à sala de aula da professora Ana Paula Venâncio, no Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro (Iserj), uma escola pública da rede Faetec (Fundação de Apoio à Escola Técnica), a primeira coisa que fazem é sentar em roda e conversar. Nada de cartilhas pontilhadas, ditados e tarefas de copiar a lousa. Na prática da educadora, as crianças aprendem a ler e escrever quase como consequência de um processo maior de alfabetização.

Nesses diálogos em roda, o estudante vai cultivando o hábito de narrar sobre o mundo, suas vidas e quem são, de escutar o outro e suas experiências. Daqui e dali surgem histórias de racismo ou falas que reproduzem essa violência, inevitavelmente, uma vez que no Brasil a questão é estrutural e permeia todos os espaços e interações, desde muito cedo. A própria professora também traz o assunto diretamente e se interessa por saber o que as crianças entendem por racismo. 

Esses fios que despontam nas rodas de conversa, a professora puxa e amarra com outros fios narrativos, como os da valorização das histórias, culturas e identidades negras e afro-brasileiras, passadas e presentes, e os de compreender o que é o racismo e suas manifestações na escola e em outros espaços.

Essas amarrações todas parecem intrigar as crianças e despertar nelas várias curiosidades. É para perseguir o desejo de saber mais que começam a se interessar e efetivamente a ler e escrever, ainda que a alfabetização tenha começado muito antes, fazendo leituras de si próprias, das relações e do mundo. “Não se trata de escolarizar a conversa, os desejos, as curiosidades que as crianças trazem, mas de tornar isso um estudo”, diz a educadora.

Em entrevista ao Centro de Referências Em Educação Integral, a professora Ana Paula Venâncio contou sobre a trajetória que a levou a construir a prática de alfabetização na perspectiva antirracista e como ela acontece em sala de aula. 

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Com informações do Geledés. Clique aqui e confira os principais trechos da conversa.

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