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Museu de Altaneira. (FOTO/ Nicolau Neto). |
Texto: Nicolau Neto
Causou
estranheza, tanto pela ausência de debates quanto ao nome sugerido pós
aprovação, quanto pela desconsideração ao ofício encaminhado pela equipe que
está sob a responsabilidade de encontrar fontes, colher informações junto à
comunidade, mapeamento de lugares de memória, catalogação, dentre outras
atribuições que permitam a inauguração deste espaço de memória e de história.
E é
exatamente essa definição de museu baseado em uma história feita por sujeitos
históricos desapegada da visão tradicional da história – personificada e de “heróis”
-, que em discussão com parte de setores da sociedade em um seminário, chegou-se à
conclusão que o nome do museu seria “Museu da Memória e da História do Povo Altaneirense”.
Um espaço de resgate e de preservação das “memórias” que podem levar a
construção de várias “histórias” que permitiram a formação de Altaneira.
Nessa
podem aparecer vários agentes históricos e de várias classes sociais e não a
que ora se tem, uma história feita por homens brancos que tiveram posse e com
conotação exclusivamente política partidária. Onde estavam as mulheres, as mulheres
negras na construção de Altaneira? O que faziam? Onde estavam aqueles despossuídos
de recursos econômicos? O que estavam fazendo? Onde estavam os homens negros? Onde
estavam aqueles descendentes de indígenas? É sabido que há alguns registros de
mulheres, mas ainda irrisório ante a supremacia masculina e branca. Na História do
Brasil, negros, negras, indígenas e as mulheres como um todo têm suas ações
invisibilizadas. Altaneira também.
Nesse
contexto, foi encaminhado ofício à Câmara informando que o nome do prédio que
receberá objetos, documentos e iconografia seria “Museu da Memória e da
História do Povo Altaneirense”, pois já se sabia que o vereador Antonio Leite havia apresentado Projeto de Lei dando nome de Frutuoso José de Oliveira. O ofício foi
lido, mas não teve peso na decisão tanto do autor, quanto daqueles que votaram
pela aprovação na última sessão realizada dia 27 de novembro.
É
válido dizer que apenas dois dos integrantes da equipe lamentaram a aprovação. A arqueóloga Heloísa Bitu e o professor Nicolau Neto.
Quem foi Frutuoso José de Oliveira
Na
História política de Altaneira que foi escrita até agora, Frutuoso José de
Oliveira foi um dos responsáveis por doar 14 tarefas de terras para a
construção das primeiras residências e da capela por volta dos anos 1930 quando
o povoado começa a ganhar dimensões de vila (nesse período o território
pertencia a Santana do Cariri). No entanto, figurou também como um dos
responsáveis por ter se posicionado contrário junto a Elpídio Ricardo de
Carvalho ao grupo que lutou pela emancipação política em 1958 do distrito Santa
Teresa, época em que pertencia a Quixará, hoje Farias Brito.
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