Congresso Nacional. (FOTO/ Pedro França/ Ag Senado). |
A
tese de que os três poderes são independentes e coesos entre si não tem
convencido a população brasileira. Pelo menos é isso que indica uma pesquisa
realizada pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e pela Fundação
Getúlio Vargas (FGV-Rio). O estudo, publicado nesta segunda-feira (2), afirma
que a maior parte da sociedade vê uma relação conflituosa entre os poderes e
tem mais críticas do que elogios para essas instituições: 79% não confia no
Legislativo, 63% não confia na presidência da República e 44% não confia no
Judiciário.
O
Legislativo é o poder que recebeu a pior avaliação nesta pesquisa, que ouviu
duas mil pessoas em todo o país em agosto deste ano. De acordo com o estudo,
que tem uma margem de erro de 2,2 pontos percentuais, só 19% da sociedade
brasileira confia no Congresso Nacional e apenas 10% avalia a atuação do
Legislativo como ótima ou boa. A maior parte dos entrevistados (51%) avaliou,
portanto, como ruim e péssima a atuação da Câmara e do Senado e outros 37%
disseram que esse trabalho é regular.
Os
índices não são muito diferentes dos registrados pela presidência da República,
que tem a confiança de apenas 34% da população. De acordo com a pesquisa da
AMB, somente 16% da população classifica como ótima e boa a atuação do
Executivo. Outros 36% dizem ser regular a atuação do governo Bolsonaro, que foi
classificada como ruim ou péssima por 46% dos entrevistados.
O
Judiciário ficou, então, com a melhor avaliação entre os três poderes. Esse
poder é classificado como confiável por 44% da população, mas nem por isso
deixa de ser alvo de críticas. Segundo o estudo, 21% da população vê como ótima
e boa a atuação do Judiciário, mas 41% classifica esse trabalho como regular e
35% como ruim e péssimo.
A
maior parte da sociedade (54%) ainda taxa o funcionamento do Judiciário como
mal e muito mal - avaliação pior que a registrada em agosto do ano passado,
quando a Associação dos Magistrados Brasileiros recebeu 47% de avaliações
negativas acerca do trabalho do Judiciário.
Quando
questionados sobre qual o seu sentimento em relação ao Judiciário, 45% dos
entrevistados ainda disseram estar preocupados. Por isso, a Associação dos
Magistrados Brasileiros foi mais a fundo neste ponto para descobrir o aspecto
da Justiça que mais incomoda a população. E a atuação do Supremo Tribunal
Federal (STF), que tem acumulado julgamentos polêmicos neste ano, como o da
prisão em segunda instância e o dos dados do Coaf, apareceu como um dos maiores
pontos de insatisfação.
Segundo
o estudo, 32% da população classifica como ruim e péssima a atuação dos
ministros do STF - a pior avaliação de todos os membros do sistema de Justiça.
Por isso, 64% dos entrevistados ainda disseram ser contra o atual sistema de
indicação dos ministros do STF, cuja nomeação cabe ao presidente da República.
O
“Estudo da Imagem do Poder Judiciário” ainda diz que só 13% da população
brasileira vê uma relação harmônica entre o Legislativo, o Executivo e o
Judiciário. Isso porque 34% dos entrevistados acreditam que um poder
frequentemente interfere no outro e outros 26% chegam a dizer que não há
independência entre os poderes. A pesquisa ainda afirma que o Judiciário é o
poder que mais sofre interferência externa e aponta o Congresso e os políticos
brasileiros como os principais responsáveis por essas interferências.
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Com informações
do Congresso em Foco.
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