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(Desmonte da cultura. FOTO/ Divulgação). |
Está
em fase de conclusão a montagem da Secretaria Especial da Cultura que, no
governo do capitão, passou a ser um apêndice do Ministério da Cidadania. É o
que restou do Ministério da Cultura, que em anos passados já teve como
titulares Celso Furtado e Antônio Houaiss.
Um
anônimo, identificado pela imprensa como “maestro”, foi nomeado presidente da
Funarte, aquele órgão do governo federal cuja missão “é promover e incentivar a produção, a prática, o desenvolvimento e a
difusão das artes no País”. Para o novo burocrata, “o rock ativa as drogas, que ativam o sexo livre, que ativa a indústria
do aborto, que ativa o satanismo”.
Aí
estão não apenas seu conceito de música, mas, igualmente, sua visão de mundo.
Segundo
esse, digamos, maestro, um antediluviano assustado com os espectros do
“marxismo cultural” que atazana a vida do ministro da Educação, os Beatles “teriam vindo ao mundo para implementar o
comunismo e acabar com os valores das famílias” (O Estado de S.Paulo,
3/12/2019). Os rapazes de Liverpool teriam sido na verdade agentes da KGB, e a
Scotland Yard não sabia, nem mesmo a CIA, a Agência de Inteligência e
terrorismo dos EUA, para ele “infiltrada
de soviéticos com a finalidade de destruir a moral burguesa da família
americana”.
Complementando
a equipe do secretário especial da Cultura (aquele que ficou conhecido por
haver difamado Fernanda Montenegro), o maestro fará companhia ao novo
presidente da Fundação Biblioteca Nacional, mais um monarquista inconformado
com a República. Já o presidente da Fundação Palmares (criada para “promover a preservação dos valores
culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da
sociedade brasileira”) detesta o poeta Martinho da Vila e a ex-vereadora
Marielle Franco e quer acabar com os festejos do Dia da Consciência Negra. Para
o patético provocador, “a negrada aqui
reclama (do racismo) porque é imbecil e desinformada pela esquerda”.
Trabalharão
esses senhores vindos do baixo medievo ao lado da nova secretária de
Audiovisual, que defende o fim da Ancine, principal fonte de investimento de
filmes e séries nacionais, e da apresentadora de televisão que assumiu a
presidência da Fundação Casa de Rui Barbosa, um dos maiores centros de pesquisa
social do País, ocupando a cadeira onde já se sentou Wanderley Guilherme dos
Santos.
Esta
não seria indicação, como as demais, do astrólogo de Virgínia, mas de um
pastor-deputado, irmão na mesma seita neopentecostal.
Da
futura czarina do cinema (do cinema que produz “Estômago” e “Bacurau”), sabe-se
que participou da “Cúpula Conservadora
das Américas”, reunida em dezembro do ano passado em Foz do Iguaçu, sob a
liderança do deputado Eduardo Bolsonaro, defensor, como o vereador seu irmão e
o ministro da Economia, da aplicação do AI-5 se ocorrerem entre nós
movimentações de rua. A “Cúpula” produziu uma carta, apresentada pelo deputado
(autoproclamado “príncipe”) Luiz Philippe de Orleans e Bragança, que, para a
área da cultura propõe por ideário: “Deus,
pátria, família, propriedade, liberdade individual e direito à legítima defesa como
princípios; como valores, fomentar o ensino e a arte clássica liberal; combater
a cultura da ditadura verde; estimular a cultura do empreendedorismo e do
desenvolvimento pessoal sem a participação do Estado; combater a cultura do
banditismo e do vitimismo; resgatar a cultura da verdadeira democracia,
desconcentrando o poder de Brasília para estados e municípios e promover a
cultura do direito à legítima defesa”.
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Clique aqui e confira o artigo completo de Roberto Amaral.
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