Você que comemora o natal: já ouviu falar do Kwanzaa? (FOTO/ Divulgação). |
O
período de festas é uma data especial no Brasil, com celebrações e momentos de
descanso para a maioria das pessoas. Natal e o Revellion são as principais
comemorações no calendário nacional, mas não são as únicas. O Kwanzaa é uma
delas, com início marcado para o dia 26 de dezembro e celebrado por 7 dias. O
encerramento, no dia 1º de janeiro, conta com uma grande festa.
“É importante dizer que o natal é o natal, o
nascimento de Jesus Cristo, momento importante para o cristianismo. O Kwanzaa
não é o natal negro. O Kwanzaa é o festival da colheita. Não é apenas um dia,
como o natal”, diz Gyasi Kweisi Mpfume (Carlos Machado), mestre em história
pela USP e pesquisador sobre a festa.
A
história da celebração começou na passagem de 1966 para 1967, em Los Angeles,
na Califórnia (EUA). O início da festa se deu no contexto da luta por direitos
civis no país norte-americano e com o objetivo de fortalecer a união da
comunidade negra no mundo. A celebração foi criada pelo professor Maulana
Karenga.
“Ela é baseada no festival das
colheitas, que existe há muito tempo no continente africano. O evento se
inspirou no festival Umkhosi Wokweshwama, do povo Zulu, e dos festivais da
colheita do povo Ashanti, mas também de outros povos africanos que fazem o
festival da colheita”, conta Gyasi Kweisi Mpfume.
O
historiador celebra o Kwanzaa desde 2008, um ano depois da chegada da
celebração no Brasil, em 2007, na cidade de Salvador, na Bahia. O primeiro
ritual foi criado por um coletivo de negros cristãos.
“O objetivo do Kwanzaa é de que nós podemos
falar sobre nós, para além das reuniões do movimento negro, onde a gente sabe
que poucas pessoas participam. O Kwanzaa é uma celebração, um espaço de
comemoração da nossa ancestralidade, das nossas civilizações africanas.
Conhecer mais sobre nós e estarmos juntos em comunidade, resolvendo problemas
juntos”, explica.
A
palavra Kwanzaa significa “os primeiros
frutos” e tem origem Suaíli, a língua africana mais falada no continente,
com aproximadamente 150 milhões de falantes. O continente africano tem 1,2
bilhão de pessoas.
A
celebração tem 7 dias de duração e para ela se usam 7 velas, em referências aos
7 princípios da festa. Os valores são Umoja, que significa unidade;
Kujichagulia, autodeterminação; Ujima, trabalho coletivo e responsabilidade;
Ujamaa, economia cooperativa; Nia, propósito; Kuumba, criatividade; e Imani,
fé.
A
cada dia, uma vela de cor diferente deve ser acesa em um altar onde são
colocadas frutas frescas e uma espiga de milho por cada criança que houver na
casa. Depois de acesa a vela, todos bebem uma taça comum em reverência aos
antepassados e saúdam com a exclamação “Harambee”, que tanto significa “reúnam
todas as coisas” quanto “vamos fazer juntos”. A grande festa é a de 1 de
janeiro, quando há muita comida e cada criança ganha três presentes que devem
ser modestos: um livro, um objeto simbólico e um brinquedo.
“São falados assuntos sobre a nossa história,
ao mesmo tempo que é um espaço lúdico e de entretenimento. O Kwanzaa vem para
reforçar a identidade negra e para ser um espaço para a nossa irmandade se
valorizar, se gostar, estarmos juntos e pensarmos como uma comunidade”,
conclui Gyasi Kweisi Mpfume.
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Com
informações do Alma Preta.
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