Estudantes da UFCA e Grunec realizam evento beneficente para garantir assistência jurídica a Ju e Everson. (FOTO/ Divulgação). |
Liberdade
para Ju e Everson
Em
abril de 2019 Ju e Everson foram vítimas do racismo estrutural que nos cerca
coRtidianamente e desde então se encontram em situação de cárcere na região do
cariri. Foi então que nós do Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC)
juntamente com estudantes e amigos da Universidade Federal do Cariri (UFCA),
planejamos uma atividade beneficente para a arrecadação de recursos financeiros
para a tão esperada assistência jurídica deles dois.
A
programação do evento estava dividida em eixos de grande importância, como por
exemplo, roda de conversa a cerca do encarceramento em massa do povo negro e
uma discussão atravessadora sobre planos e táticas que nos fossem
possibilitados mais sobrevivência nessa atual conjuntura e nesse país. No andar
do tema amplo, falamos da importância da desmilitarização da polícia e da
política como forma de prolongamento de vida, principalmente, por se tratar de
uma polícia que em sua maioria é negra e que serve também de massa de manobra
do estado, onde eles olham de cima enquanto a gente se mata entre os nossos.
Entendendo
a importância da não militarização para que a polícia tenha um treinamento
humanizado e não um adestramento brutal que o faça ter sangue no olho que o
impossibilita de enxergar o vizinho da sua ex falava. Pensamos também na falsa
guerra as drogas para entendermos que não é “guerra as drogas”, mas sim, guerra
a um povo negro marginalizado e considerado um ser não vivível. E para que saíssemos desse evento nomeado “em
prol de Ju e Everson” com alguns sentimentos que nos possibilitasse também
sonhar, sobretudo, com o debate a cerca do desencarceramento e da possibilidade
de uma sociedade sem prisões, pois as grades e amarras que um dia estavam nas
nossas pernas, ainda hoje nos mantém como maioria no sistema prisional nesse
país.
Mesmo
com toda uma organização coletiva estávamos um pouco aflitos com medo das
pessoas não irem pro evento, aquele sentimento de que isso ou a situação não
fosse tão importante para algumas pessoas. O chamado foi feito para
inquietações que sentíamos naquele momento, os antirracistas precisavam
aparecer ali, pois era a hora de contribuir com aquilo que é propagado, o
evento não foi apenas para close, mas sim, para que pudéssemos dar o nosso
melhor diante do que estava posto. Cada um que estava organizando deu o máximo
de si e foi gratificante. Eu espero que próximo mês não precisemos fazer um
evento novamente, pois estamos com esperanças e à espera da tão justa e
dolorosa liberdade de Ju e Everson.
Além
da roda de conversa tivemos um sarau poético onde foi debruçado em palavras
sentimentos reais de vida, e após o sarau tivemos um show incrível com a banda
Green Valleys que desde o início chegou junto com a gente.
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*Maria
Raiane Felix Bezerra é ativista do Grupo
de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) e estudante de ciências sociais na
Universidade Regional do Cariri (URCA).
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