(FOTO/ Emília Silberstein). |
Leonardo
Péricles, presidente do Partido Unidade Popular (UP) e pré-candidato à
presidência da República, afirma que, se eleito, vai lutar pelos direitos dos
povos quilombolas, principalmente o direito às terras. Em entrevista exclusiva
à Alma Preta Jornalismo, ele falou sobre empregabilidade, economia, meio
ambiente e citou os principais desafios de sua pré-campanha até o momento.
O
Congresso Nacional tem pautado projetos como o PL 490/2007, que institui o
Marco Temporal. O Supremo Tribunal Federal (STF), pautou para 23 de junho de 2022, a
continuidade do julgamento que decide sobre a validade desta matéria. A tese
discutida diz que populações indígenas e quilombolas só podem reivindicar
terras que ocupavam na data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de
1988.
Para
Péricles, desde o início da formação do Brasil existe um processo gradativo de
expulsão das comunidades indígenas e quilombolas dos seus territórios. Os povos
tradicionais e originários foram submetidos a um processo de escravização ao
qual resistem até os dias atuais. Por isso, segundo ele, o direito à terra e ao
aquilombamento é um dos maiores bens para manter a identidade e a vida dos
povos quilombolas e indígenas.
"As
comunidades de remanescentes quilombolas no Brasil são de extrema legitimidade.
Esses povos podem ser pescadores, ribeirinhos, vasanteiros. Um governo de
esquerda precisa olhar para essas pessoas como a base da sociedade brasileira
", declara o pré-candidato.
Ele
argumentou que, como presidente da República a demarcação de terras será de
extrema importância no possível mandato. Essa é uma questão que, para Léo
Péricles, atinge a vida dos demais setores da população brasileira, de todas as
pessoas, pois, "eles [os povos tradicionais] nos mostram que é possível
ter uma relação extremamente harmônica e fraternal com o
meio-ambiente".
"Eles
têm uma prática de preservação permanente das nossas matas, dos nossos rios,
dos animais que se encontram nessas regiões. A proteção da biodiversidade tem
uma relação íntima com a quantidade de temas historicamente demarcadas",
diz.
O trabalho com outros órgãos
Outras
propostas legislativas que influenciam no direito na garantia ao usufruto
dessas terras são os Projetos de Lei
6299/2002, conhecido como PL do Veneno por ampliar o uso de agrotóxicos,
e os PLs 2633/2020 e 510/2021, que facilita a grilagem de terras. Esses
projetos tramitam no Senado Federal e, se aprovados, vão para sanção do
presidente Jair Bolsonaro. O PL do Veneno, por exemplo, teve aprovação em
regime de urgência na Câmara dos Deputados em fevereiro.
Léo
Péricles afirma que, para se garantir o direito à vida dos povos tradicionais,
não basta apenas atuar junto ao Congresso nas questões legislativas, mas as
autarquias e fundações precisam de uma atenção especial. Esses órgãos são diretamente
ligados à execução de políticas públicas para essa população e pela
fiscalização da lei.
Órgãos
como a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária (INCRA) e a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e do Parnaíba (CODEVASF), entes do governo e autarquias que, em geral
cuidam de temáticas voltadas as pessoas do campo, ribeirinhas, quilombolas e
indígenas, devem ser considerados em uma possível gestão de Leonardo Péricles.
O
pré-candidato menciona que, para se ter uma demarcação de terras ou uma reforma
agrária eficientes, é necessário "mexer no coração desses órgãos".
Para ele, a estrutura estatal deve se voltar ao povo, o que não acontece hoje
em dia. "As autarquias, que deveriam garantir o cumprimento de políticas
públicas estão falidas e omissas.
"Visitei
ribeirinhos e quilombolas em Minas Gerais, onde as pessoas estão devastadas
pelas ações das mineradoras, como a Vale, que era uma estatal, foi vendida, e
agora os entes do governo não se preocupam em fazer a decida fiscalização, não
dispõe de recursos humanos e nem de orçamento suficiente", reitera.
Economia
e trabalho
A
estatização vem como uma das propostas de fomentar a geração de empregos e a
movimentação da economia em um possível governo de Leonado Péricles. Em sua
visão, quando mais obras públicas como a construção de estradas, hospitais,
escolas, praças, industrias, maior a disponibilidade de trabalho para pessoas
de todas as esferas sociais. Assim, a riqueza brasileira e os investimentos
permaneceriam em território nacional.
Outra
medida considerada central que defende o pré-candidato é a suspensão do
pagamento da dívida pública e, também, a sua auditoria. Segundo ele, a proposta
é usar o recurso dessa dívida para o interesse do povo brasileiro.
"Hoje
esta é uma dívida usada para enriquecer banqueiros. Essa quantidade de recurso
pode ser revestido nas áreas sociais pra gerar milhões de oportunidades e, com
certeza, nosso povo negro seria um dos principais beneficiados", explica
Léo Péricles.
Desafios
O
pré-candidato considera que o maior desafio de sua pré-campanha e campanha é o
orçamento escasso. De acordo com ele a Unidade Popular possui, para toda a
corrida eleitoral, R$3 milhões advindos do Fundo Eleitoral.
Além
disso, a UP é um partido político fundado em 2014 e registrado oficialmente em
2019. Possui cerca de 2,6 mil filiados e ainda não conta com uma cadeira no
Congresso Nacional. Por isso, a legenda esbarra na cláusula de barreira,
instituída pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em fevereiro de 2019.
Também
conhecida como cláusula de exclusão, a legislação é uma norma que impede ou
restringe o funcionamento parlamentar ao partido que não alcançar determinado
percentual de votos. O dispositivo foi aprovado pelo Congresso em 1995 para ter
validade nas eleições de 2006, mas foi considerado inconstitucional pela
unanimidade dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), sob o argumento de
que prejudicaria os pequenos partidos.
A
regra determina que os partidos com menos de 5% dos votos nacionais não terão
direito a representação partidária e não poderiam indicar titulares para as
comissões, incluindo CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito). Também não
teriam direito à liderança ou cargos nas Mesas Diretoras. Além dessas
restrições, perderão recursos do fundo partidário e ficarão com tempo restrito
de propaganda eleitoral em rede nacional de rádio e de TV. O desempenho
eleitoral exigido das legendas partidárias será aplicado de forma gradual e
alcançará seu ápice nas eleições de 2030, conforme previsto na EC nº 97/2017.
"Essa
resistência à visibilidade está sendo quebrada graças às mídias independentes
que, felizmente, também têm pautado a grande imprensa. Podemos não ter tempo de
TV, mas podemos ir aos debates. Queremos e fazemos questão de estar em
todos", conclui Léo Péricles.
___________
Com informações do Alma Preta.
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