Alexandre Lucas. (FOTO |Reprodução). |
Por Alexandre Lucas, Colunista
Democratizar
o acesso à cidade na sua complexidade e transversalidade é o termômetro para
indicar o grau de apropriação da diversidade e pluralidade cultural pelo
conjunto da população. Acessar a cidade, transita para além da urbanização e
mobilidade urbana, o que requer a ruptura com a exclusão e a desigualdade
social e ao mesmo tempo com os mecanismos de gestão participativa e
decisória
A
produção de uma cidade economicamente desigual gera uma apropriação desigual da
produção cultural, o que necessariamente evidencia as contradições
irreconciliáveis do modo de produção capitalista e aponta a luta pela
democratização da sociedade como parte do processo de transformação social, econômica
e das relações de poder.
Evidentemente
que a cultura e o direito à cidade compõem estruturas que se entrelaçam. Porém são traçados caminhos desconexos entre
as políticas de acessibilidade a cidade, criando quadrados sociais e
desintegrados.
Claro
que existe uma cidade invisível, excluída, silenciada, vulnerável e sistematicamente
oprimida e explorada, em que a elite econômica insiste em colocar como adereço
do seu poder.
Os
equipamentos públicos, como escolas, teatros, museus, galerias, praças,
auditórios, universidades, centros de assistência social, quadras esportivas,
etc, são instrumentos desse processo de
democratização da produção simbólica
historicamente erguida pela humanidade.
Ao
mesmo tempo, temos que nos questionar: Esses equipamentos existem? quais as
condições? Como são os seus processos de circulação e continuidade das suas
ocupações? Quais as suas perspectivas políticas e pedagógicas de sociedade?
Como inclui a diversidade e a pluralidade estética, literária, artística,
filosófica, científica e cultural? Existe uma cultura de pertencimento coletiva
desses equipamentos?
A história das sociedades divididas em classes sociais distintas e antagônicas têm demonstrado que predomina hegemonicamente e ideologicamente uma cultura orientada aos interesses da classe dominante para a sua manutenção no poder e ao mesmo destina para a cidade negada uma embriaguez cultural capaz de produzir subnutridos da cultura.
As
forças do capital quando evidenciam a cultura enquanto produção artística é
para poucos e quando pensam na sua dimensão de reprodução da vida a criam de
forma esquartejada espacialmente e socialmente.
O termômetro para medir o usufruto da cultura na sua extensão ampla e que possibilite tornar o erudito uma apropriação popular é marcado pelo direito de acessar e gestar a cidade de forma coletiva.
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