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"Se você tem homens brancos na magistratura, você vai ter a visão e a vivência e a experiência do homem branco no mundo". (FOTO/ Katia Marko/ Brasil de Fato). |
“Nós
somos o resultado de nossas circunstâncias, de como nos constituímos, como
vemos o mundo. Se você tem uma criação e uma vivência que se aproxima ou se
afasta desse olhar feminino, se você não tem leitura sobre isso, se você não se
interessa sobre essas questões, você vai reproduzir comportamentos da
sociedade, e a nossa é machista”, analisa a juíza Karen Luise Vilanova
Batista de Souza, da 1ª Vara do Júri de Porto Alegre.
Karen,
como ela mesmo pontua, não é a primeira juíza negra do Estado do Rio Grande
do Sul, se não se engana, houve uma ou duas antes dela, porém sua atuação e
representatividade crítica da magistratura faz com que seja apontada como tal.
O campo de atuação de Karen, é similar há tantos outros, feitos, geridos
predominantemente por homens brancos. Conforme revela a ferramenta Justa,
lançada em agosto de 2019, e que tem como objetivos ser um observatório
permanente do sistema de Justiça brasileiro, para cada juíza negra há 7,4
juízes brancos, no país.
“Sou
uma juíza de Direito, mas sou uma juíza de Direito negra. Isso é um fator
importante, porque eu sou praticamente a única e a sociedade tem que prestar
atenção nisso, se as estruturas sociais continuarem funcionando, poucas haverão
iguais a mim”, critica.
Filha
de um advogado e uma farmacêutica, trilhou o caminho paterno e foi além. Há
mais de duas décadas na magistratura gaúcha, a mãe da Júlia e da Alice, também
é membra da Associação dos Juízes para a Democracia (AJD), Foi diretora do
Departamento de Direitos Humanos da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul
– AJURIS – e Presidente do Instituto de Acesso à Justiça (IAJ). É formadora da
Escola Nacional de Formação de Magistrados.
Para
mudar a realidade da magistratura, ela defende que precisa ser mais plural e
diversa. “Quanto mais pessoas partindo de
diferentes lugares, de diferentes espaços, mais visões diferentes sobre o mundo
vamos ter. Se você só tem homens brancos na magistratura, você vai ter a visão
e a vivência e a experiência do homem branco no mundo. A experiência de um
homem negro jamais será igual a de uma mulher negra no Brasil, experiência de
homem branco jamais será igual de uma mulher negra no Brasil”.
Em
entrevista ao Brasil de Fato RS, para a série especial sobre o 8 de Março, ela
revela que a Karen que entrou em 1999 no Judiciário, com cabelo alisado, curto,
não é mais a mesma. Hoje, assume seus cachos, e afirma cada vez mais sua
identidade.
Com
informações do Brasil de Fato. Confira a entrevista completa aqui.
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