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Flávio Dino. (FOTO/ Divulgação). |
A
ideia de que o Partido Comunista do Brasil poderá trocar seu nome vem ganhando
corpo na esfera pública. Um primeiro aceno nessa direção partiu do deputado
federal Orlando Silva que, em entrevista para a Revista Forum, sugeriu a troca
da foice e do martelo por um chip como símbolo da atual luta dos trabalhadores.
Ontem foi a vez do governador do Maranhão, Flávio Dino, defender a atualização
do nome do partido em uma entrevista para o SBT.
A
proposta é polêmica. O PCdoB mantém o mesmo nome desde 1922. Em 2022, portanto,
completará seu centenário. Ao longo desses 98 anos o nome foi mantido, não
obstante a mudança da sigla PCB para PCdoB em 1962. Por essa razão sua
militância está em alvoroço.
Os
defensores da troca argumentam que, para vencer as eleições presidenciais de
2022, o Partido precisaria ter um nome mais palatável na opinião pública. De
fato, pesquisas mostram que uma parcela considerável do eleitorado brasileiro
tem uma imagem negativa do movimento comunista. Trata-se de uma vitória da
ditadura militar, que foi derrotada politicamente em 1985, mas que teve essa
vitória duradoura no campo simbólico.
Os
críticos da mudança sustentam, em geral, três argumentos: (1) o exemplo
italiano em que o PCI sumiu do mapa político do país após mudar de nome; (2) o
exemplo brasileiro em que o PCB, após mudar para PPS, mudou também de programa
em direção ao projeto liberal de terceira via; (3) por fim, a ideia de que a
mudança de nome acarretaria no fim do ator político responsável por ser o
guardião da memória e da tradição comunista no Brasil. Lideranças importantes
do partido, Jandira Feghali e Luciana Santos já deixaram claro publicamente que
o partido não deve mudar seu nome.
Em
meio a essa polêmica pública e a essa disputa interna, surge uma solução que
parece ser a mais viável e menos conflitiva: a tese dos dois partidos.
Sem
precedentes no cenário internacional, a tese dos dois partidos aponta para a
manutenção do PCdoB como guardião do movimento comunista no Brasil, ao mesmo
tempo em que é criado um novo partido que tenha como centralidade política a
disputa eleitoral.
Os
dois partidos teriam táticas distintas, mas fariam parte do mesmo objetivo
estrategico, com afinidade programática e alinhamento político. Se assim
desejar, Flavio Dino e outras lideranças políticas poderiam disputar a eleição
de 2022 por esse partido, em coligação com o PCdoB, mas sem ter o suposto ônus
eleitoral de carregar a foice e o martelo.
Em
tempos de Fundo Eleitoral público, a tese dos dois partidos teria ainda a
vantagem de trazer mais recursos para a candidatura presidencial de 2022.
Numa
conjuntura de autoritarismo, em que a unidade é a mais importante ferramenta
que a esquerda pode ter, a tese dos dois partidos parece ser a melhor forma de
impedir uma luta fratricida no seio do movimento comunista do Brasil ao mesmo
tempo em que joga pela vitória presidencial em 2022.
*Theófilo
Rodrigues é cientista político.
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Publicado
originalmente no Cafezinho.
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