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(FOTO/ Getty Images). |
No
último domingo, um cidadão moçambicano foi diagnosticado com Covid-19, fazendo
o número de infectados no continente africano subir para 38 entre 54 países. A
doença já é uma realidade local, mas tem passado mais desapercebida no
noticiário mundial.
Em
um continente marcado pela colonização, guerras, miséria e governos
autoritários, a situação tende a se agravar devido ao precário sistema de saúde
em que há a falta de material, unidades de terapia intensiva e médicos.
O
continente, nos anos 2014 e 2016, foi cenário da proliferação do Ebola, que
deixou mais de 11 mil mortos entre 28 mil infectados. O novo coronavírus é bem
menos letal, mas já é mais uma entre as várias patologias disseminadas no
continente, segundo a professora de Relações Internacionais da UniSantos,
Natália Fingerman.
“Os casos já são uma realidade por lá. Mas
não há um controle tão grande por parte da população e dos governos em relação
aos números. Os números oficiais são baixos embora projeções dizem que Brasil e
Nigéria vão ser dois dos países que mais vão sofrer, por terem grandes
conglomerados populacionais em regiões pobres”, afirma.
Ela
ressalta, porém, que os números no Brasil deverão ser muito mais divulgados,
porque, aparentemente, terá passado por uma situação mais grave. Apenas
aparentemente.
“Independentemente das limitações
brasileiras, há um Ministério da Saúde ativo, instituições como a Fiocruz que
monitoram e tratam com maior embasamento. Daqui a um ano, por isso, vai parecer
que o Brasil teve um número de casos bem maior do que a Nigéria, mas não será
bem assim”, ressalta.
O
fato de o continente ter uma quantidade pequena de idosos, em função da baixa
expectativa de vida, não garante uma quantidade muito menor de vítimas, já que
as precárias condições sanitárias e a desnutrição são fatores que abalam a
saúde da população.
Mas,
neste caso, diante das inúmeras mortes (são 400 mil casos de malária por ano),
o novo coronavírus passa a ser apenas mais um foco de doenças.
“Por causa do calor, pode ser que a
disseminação não seja tão rápida. Mas também acontece, mesmo em outro ritmo. A
questão é que vai se saber menos sobre a causa da doença, no caso o covid-19.
São tantas que ocorrem lá que se diluem no caos. Já na Itália, por exemplo,
país rico e na Europa, a situação foi uma lamentável novidade, por isso chamou
muito mais a atenção”, destaca.
Neste
sentido, Fingerman ressalta que a África, novamente, tem sido um continente
esquecido. Ela afirma que até mesmo o etíope Tedros Adhanom Ghebreyesus,
presidente da Organização Mundial da Saúde, não tem trazido, na prática, o
debate para o continente.
“A OMS tem focado suas atenções mais nos
países ricos. São eles que pagam a conta, afinal. O presidente da instituição
deveria trazer o debate também para o continente africano, algo que não vem
fazendo. E os outros países, neste momento, vivem cada um o seu caos em relação
à doença”, completa.
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