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Hélio Santos. (FOTO/ Reprodução/ Facebook). |
Quando
soube, ontem dia 27, dos absurdos ditos pelo atual titular da FCP, minha
primeira reação foi a que pretendo reiterar a todas e todos aqui agora: NADA
FAZER. Precisamente nada!
A
FCP nasce no esteio da luta pela redemocratização do país no fim dos anos 1980
e é o resultado de grande empenho do Movimento Negro Brasileiro. Essa batalha
passa pelo Triângulo Mineiro durante a gestão do prefeito de Uberaba Wagner do
Nascimento, negro, engenheiro e ativista, profundamente injustiçado. Lá se vão
mais de 30 anos. A FCP teve um papel histórico definitivo na titulação das
terras de quilombo - epopeia ainda não vencida e em grave risco de
descontinuidade. Diversos nomes importantes da batalha antirracista passaram
por lá, desde Carlos Moura, passando por Joel Rufino dos Santos, Dulce Maria
Pereira, Zulu Araujo e Hilton Cobra. O Movimento Social Negro, como reconhece a
docente da UFMG Nilma Gomes, é um movimento educador que fortaleceu a cidadania
brasileira. A identidade negra nesses 30 anos de Palmares mudou a forma de
vários negros verem a si mesmos, mas não salvamos todos. Esse movimento trouxe
para a agenda o racismo estrutural que impede no limite o país a ser uma
efetiva democracia. Escancarou as desigualdades que estão no DNA do Brasil
Muita coisa há ainda para ser feita, mas fomos protagonistas de inúmeras
vitórias. Portanto, nesses tempos sombrios, devemos ficar atentos com cães
pretos treinados por adestradores brancos e fascistas. Plantam no ladrar desses
cães tudo aquilo que sentem e pensam. Nessas ocasiões, quando agimos de maneira
reativa, satisfazemos à sanha da branquitude que inventou a meritocracia no
último país a abolir a escravidão. Esses cães sabem o exato tamanho da corda da
coleira que os prendem à mão do adestrador branco. Não têm muito espaço - deixe
latir e não vamos prestar a atenção neles. Façamos isso em homenagem aos
dirigentes anteriores da FCP que honraram com o seu empenho a luta que foi
construir aquela institucionalidade. Não sei sequer o nome desses pretos de
aluguel que vez por outra surgem do nada. Que ninguém ouse também trazer a mim
tais figuras. São como peido na ventania, fedem mas são levados pra longe. Não
resistem à resiliência do Movimento Social mais antigo do Brasil e que se
instala aqui no século XVI. NADA DEVE SER FEITO!
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Hélio Santos é Doutor
em Administração pela FEA-USP e leciona hoje no Mestrado em Desenvolvimento
Humano da secular Fundação Visconde de Cairu. Pesquisador da temática sociorracial
no Brasil, é autor de A busca de um caminho para o Brasil: a trilha do círculo
vicioso (Editora Senac, 2000); coautor de várias obras na sua especialidade e
publica regularmente artigos sobre desenvolvimento humano e diversidade e consultor
de gestão da diversidade de várias organizações, entre elas Itaú-Unibanco,
Abril, CPFL e Ford Foundation.
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