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Professor Nicolau Neto em conversa com estudantes da ETI 18 de Dezembro. (FOTO/Professora Josyanne Gomes). |
Texto: Valéria Rodrigues
Estudantes
que cursam o sétimo e o oitavo ano da Escola de Tempo Integral 18 de Dezembro,
em Altaneira, no sul do Estado do Ceará, participaram na manhã desta sexta-feira,
08 de novembro, no auditório, de um momento de conversa com o professor e
ativista dos direitos civis e humanos das populações negras pelo Grupo de Valorização
Negra do Cariri (GRUNEC), Nicolau Neto.
O
encontro foi pensado pelas professoras Josyanne Gomes e Macia Davis, vinculadas
à instituição. A primeira ministra a disciplina de Educação Patrimonial e a
segunda está atualmente na coordenação.
O
tema central da conversa foi “Por uma Educação Antirracista” e
Nicolau iniciou apresentando um conto africano “Todos dependem da boca”, uma lenda de Moçambique. A ideia é
dialogar acerca da necessidade afirmar que cada um de nós, independentemente da
cor, da religião ou da ausência desta e da orientação sexual, temos uma
importância na sociedade e que não há justificativas para conceitos como “superioridade” e “inferioridade” quanto se trata de seres humanos.
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Estudantes da ETI 18 de Dezembro participam de conversa com o professor Nicolau Neto. (FOTO/Professora Josyanne Gomes). |
Nicolau
também afirmou que o nosso pais é um dos mais racistas do mundo e que isso é
percebido em cada palavra, frase e que na grande maioria das vezes isso ocorre
dentro dos ambientes escolares - espaços que possuem como principal
característica a promoção da equidade étnico-racial. “Por isso que esse momento é importante e vocês enquanto estudantes
precisam ser agentes multiplicadores dessa conversa”, disse o professor
Nicolau.
No
segundo momento, Nicolau conversou sobre autoafirmação e empoderamento. Para tanto,
apresentou o livro “O Cabelo de Lelê” em formato de vídeo. A obra relata as
dúvidas de uma garota (Lelê) com seu cabelo cheio de cachinhos e demonstra sua
tristeza ao não saber lidar com eles. A garota vai em busca de respostas para
suas indagações e encontra seus cabelos nos livros de história e, depois de um
tempo, passa gosta do que vê, a aceitá-lo. A proposta era fazer com que a garotada
entenda a importância de nos aceitarmos, se empoderando e lutando contra quem
insista em continuar a perpetuar o preconceito, o racismo e a discriminação.
Por
fim, o professor mencionou uma série de personalidade negras que estão ausentes
dos livros de história e quando estão inclusos apresentam uma história distorcida
ou simplista. Nomes como Abdias Nascimento, Beatriz Nascimento, Antonieta de
Barros, Tereza de Benguela, Dandara, Carolina Maria de Jesus, Luisa Mahin, Luiz
Gama, Mestre Bimba, Oliveira Silveira, Tia Simoa, Francisco Jose do Nascimento
(Dragão do Mar), dentre outros tiveram suas biografias apresentadas.
Segundo
as professoras Josyanne e Macia David, as temáticas que versam sobre a história
e cultura africana e afro-brasileira são trabalhadas durante todo o ano letivo
e são intensificadas em novembro.
Em
2017 a Câmara de Altaneira aprovou uma lei que institui o 20 de novembro como
dia de promoção de atividades relacionadas à causa negra. Pela lei 674, de 01 de fevereiro de 2017, a data fica incluída no Calendário Municipal de Eventos,
sendo comemorada com atividades diversas relacionadas ao fortalecimento da
consciência negra, promovidas principalmente, pelos setores de educação e
cultura e estabelece ponto facultativo.
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Valéria Rodrigues
possui graduação com bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade
Regional do Cariri (URCA) e licenciatura na mesma área também pela URCA. Exerceu
à docência na Escola de Ensino Médio Padre Luís Filgueiras até 2013 e na Escola
Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo entre 2014 e
2016, ambas em Nova Olinda –CE. Nesta última, além da professora foi também
diretora de turma no curso técnico em edificações. Em 2015 presta concurso
público em Altaneira para o cargo de Agente Social. Com a aprovação, casa-se em
2016 com Nicolau Neto e resolve fixar residência no município.
Desde
então, Valéria passou a ser não apenas leitora do Blog Negro Nicolau (BNN), mas
também correctora ortográfica, colaboradora na página "Curiosidades"
e agora atua também como colunista.
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