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Brasil tem mais de 300 células nazistas em funcionamento. (FOTO/Wikimedia Commons). |
O
Brasil contém 334 células nazistas em atividade no Brasil, de acordo com uma
pesquisa feita por Adriana Abreu Magalhães Dias, antropóloga da Unicamp. A
maioria dos grupos se concentra nas regiões Sul e Sudeste e se dividem em até
17 movimentos distintos, entre hitleristas, supremacistas/separatistas, de
negação do Holocausto ou seções locais da Ku Klux Klan.
A
pesquisa mostra que há registros de grupos localizados em cidades como
Fortaleza, João Pessoa, Feira de Santana (BA) e Rondonópolis (MT). Porém, o
estado com mais células é São Paulo, com 99 grupos, sendo 28 só na capital.
Santa Catarina vem logo atrás com 69 células, seguido por Paraná (66) e Rio
Grande do Sul (47). Há exemplos também de estados que estavam sem registros de
atividades até pouco tempo, mas começam a ganhar corpo, como Goiás, que já
possui seis grupos nazistas. As células são compostas por três a 40 pessoas.
Em
suas pesquisas especializadas na ascensão da extrema direita, Adriana também
identificou mais de 6.500 endereços eletrônicos de organizações nazistas
somente em língua portuguesa e dezenas de milhares de neonazistas brasileiros
em fóruns internacionais.
Em
entrevista ao jornalista Matheus Pichonelli, do UOL, a pesquisadora afirma que,
normalmente, no Brasil, as células não se conectam, a não ser as grandes. “São
grupos de pessoas que conversam, que se reúnem, e eu localizei essas reuniões
por sites na internet, blogs ou fóruns. Nenhum deles tem uma corrente única.
Eles leem autores que, pelo mundo, brigam um com o outro”, explicou.
Os
neonazistas, segundo a Safernet, associação civil de direito privado com foco
na defesa dos direitos humanos na web, são grupos que promovem a intolerância
com base na ideologia nazista de superioridade e pureza racial com recursos de
agressão, humilhação e discriminação. São pessoas que fabricam, comercializam,
distribuem ou veiculam emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda com
símbolos (como a cruz suástica) e a defesa do pensamento nazista.
A
antropóloga conta que a finalidade dessas reuniões vai desde a própria leitura
de textos nazistas quanto à incitação à agressões físicas contra homossexuais. A antropóloga afirma que
os grupos estão presentes no Twitter e promovem uma postagem antissemita a cada
quatro segundos. Ela já calculou também que há uma postagem em português contra
negros, pessoas com deficiência e LGBTs a cada oito segundos.
A construção
do ódio
Em
setembro, os estudos da pesquisadora foram citados pela ativista Sharon
Nazarian, vice-presidente da Liga Anti-Difamação, em uma apresentação na Casa
Branca, sede do governo dos Estados Unidos. Entretanto, Adriana explica que o
presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está ciente do problema em seu
país, mas não demonstra interesse em encarar a questão.
A
construção desse ódio, segundo ela, está estruturada no culto à masculinidade
que despreza minorias. “O ódio não é de agora. Sempre houve ódio racial, de
classe, de gênero. Neste momento você tem uma articulação e uma sistematização
deste ódio. Uma capilarização como projeto político em muitos lugares. E é
impossível remover esse ódio enquanto você não civilizar as pessoas. É um processo
muito complexo porque o ódio dá um conforto para elas”, afirmou ao portal UOL.
Adriana
Dias se debruça sobre um novo conceito de empatia desenvolvido pelo filósofo
australiano Roman Krznaric, que trabalha com o conceito de ‘humanidade
compartilhada’. “Isso é o oposto do ódio. O século 20 foi o século da
interiorização. Ele defende um processo de ‘outrorização’, em que nossa
humanidade precisa ser compartilhada em outras humanidades possíveis”,
explicou.
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Com informações
da RBA.
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