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Em programa de rádio, professor Nicolau diz não querer concorrer a nenhum cargo político em Altaneira. (FOTO/ Flávia Regina). |
Texto: Valéria Rodrigues
O
radialista e servidor público João Alves, conhecido popularmente por Garoto
Beleza, entrevistou na tarde desta sexta-feira, 15, no jornal local “Notícias
em Destaque” da Rádio Comunitária Altaneira FM, o historiador, professor,
palestrante, blogueiro e ativista dos direitos civis e humanos das populações negras
pelo GRUNEC e membro da Academia de Letras do Brasil/Seccional Araripe-CE, Nicolau
Neto.
Sem
tema definido, João começou indagando sobre a atuação de Nicolau como
palestrante com foco na sua última conversa na Escola Municipal de Tempo
Integral 18 de Dezembro. O professor destacou que o diálogo se deu a partir de
uma proposta idealizada pela professora Josyanne Gomes e apoiada pela
professora e coordenadora da instituição escolar, Mácia David. Na escola,
Nicolau conversou com estudantes de 7º e 8º ano sobre a temática central a “Educação
Antirracista”.
Ainda
nesta seara, Nicolau mencionou que as leis 10.639/2003 e 11.645/2008 que versam
sobre as temáticas da história e cultura africana e afro-brasileira e história
e cultura indígena, respectivamente não são uma realidade na maioria das
escolas do pais e defende a necessidade do cumprimento desta nos currículos
escolares como um dos caminhos para a construção de uma educação antirracista e
um país com equidade racial. É um dos caminhos mais viáveis para o
enfrentamento ao racismo, a discriminação e o preconceito, pois elas abordam o
negro e a negra pelo lado positivo, disse ele.
Quando
perguntado sobre a aplicabilidade dessas leis no município, Nicolau foi
taxativo: “não posso falar sobre todas as
escolas, mas com relação à Escola 18 de Dezembro as professoras Josyanne e
Mácia garantiram que as temáticas aqui mencionadas são trabalhadas o ano
inteiro e que no mês de novembro elas são intensificadas. Isso permite que não
só as leis federais sejam cumpridas, mas que a lei municipal aprovada em 2017
também a seja”, arguiu ele. Em que pese a esta lei municipal, o professor
ressaltou que no primeiro ano pós sanção (2018) ela foi cumprida parcialmente,
pois órgão foram fechados, mas sem uma programação que versassem sobre as
condições negras no pais e em Altaneira, de forma particular.
Um
tema muito explorado pelo radialista foi a política local. Indagado sobre o
impacto no racismo a nível municipal, Nicolau frisou que assim como no país,
Altaneira sustenta essa forma perversa que segrega e alimenta as desigualdades
raciais. Basta ver quem ocupa os principais cargos de poder. Quantos prefeitas
e quantos prefeitos nós tivemos que se consideram negras/os?; E na Câmara,
quantos/as parlamentares tivemos e temos que se autodeclaram negros/as?; nas
secretarias, quanto/as secretários/as negros/as tivermos?; nas escolas, quantos
diretores/as negros/as temos? Essas perguntas são essenciais e nos ajudam a entender
como funciona o racismo estrutural, mencionou.
Perguntado
se pretende concorrer a algum cargo político, Nicolau não hesitou em responder.
“Não posse dizer que dessa água não
bebereis, mas não tenho nenhuma intenção em concorrer a qualquer cargo, seja de
vereador ou de prefeito”, respondeu ele.
“Me formei de História, sou professor. Essa é minha missão. Contribuir
para o desenvolvimento do pais e de Altaneira através da educação”,
complementou. “Mas apoiaria quem tivesse essa ideia de defender o grupo que você defende?”
quis saber João. “Sim, sem dúvida”,
disse.
“Uma terceira via ajudaria a qual grupo
político?”, perguntou o radialista se referindo a formação de um
terceiro grupo já formado em Altaneira sob a tutela do suplente de vereador
Paulo Henrique Maia com a legenda do Podemos. “Se for com ideias e projeto que contribuam para a ampliação da democracia, que
favoreça a implantação de políticas públicas que permitam a equidade racial, favorecerá
a polução, do contrário não contribui.
O problema é que a população local está muito apegada com a política
tradicional, com os políticos tradicionais, de carreira. Precisamos nos
desapegar desse modelo”, ressaltou Nicolau ao lembrar que quase todas as
pessoas que se elegem buscam sucessivas reeleições.
Na
entrevista também foram mencionadas as últimas conquistas dele enquanto
administrador e editor do Blog Negro Nicolau e da recente decisão do STF que
culminou na libertação do ex-presidente Lula.
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Valéria Rodrigues
possui graduação com bacharelado em Ciências Biológicas pela Universidade
Regional do Cariri (URCA) e licenciatura na mesma área também pela URCA. Exerceu
à docência na Escola de Ensino Médio Padre Luís Filgueiras até 2013 e na Escola
Estadual de Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo entre 2014 e
2016, ambas em Nova Olinda –CE. Nesta última, além da professora foi também
diretora de turma no curso técnico em edificações. Em 2015 presta concurso
público em Altaneira para o cargo de Agente Social. Com a aprovação, casa-se em
2016 com Nicolau Neto e resolve fixar residência no município.
Desde
então, Valéria passou a ser não apenas leitora do Blog Negro Nicolau (BNN), mas
também correctora ortográfica, colaboradora na página "Curiosidades"
e agora atua também como colunista.
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