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Valéria amamentando. (FOTO/Nicolau Neto). |
Texto
sugerido por Valéria
Rodrigues
“Nossa, mas ainda sai leite ainda?”. “Esse
leite não tem mais vitaminas.” “Nossa,
vai mamar até ficar adulto?” Essas são apenas algumas das frases ouvidas
pelas mães que optam por continuar amamentando seus filhos, mesmo quando eles
não são mais tão bebês. E o número de mulheres que escolhe dar prosseguimento
ao aleitamento mesmo quando o bebê já come diversos alimentos não é pequeno. Em
uma pesquisa realizada no site da CRESCER, 23% das 664 participantes disseram
que amamentaram os filhos até 1 ano, 16% até 1 ano e meio, 18% até 2 anos e 21%
continuaram depois dos 2 anos.
Será
que os palpites de quem critica essa escolha têm algum fundamento? O leite
materno ainda traz benefícios, mesmo quando a criança já tem uma dieta de
sólidos estabelecida? A resposta é sim. “Mesmo
depois dos seis meses, quando o bebê já passa a comer e a ingerir líquidos, o
leite materno continua trazendo benefícios. Além dos nutrientes, há a questão
do vínculo entre mãe e filho e das imunoglobulinas, que ajudam a fortalecer a
imunidade”, explica o pediatra e neonatologista Nelson Douglas Ejzenbaum,
de São Paulo (SP). Esse fator protetor, aliás, faz com que muitas famílias
prossigam com o aleitamento materno até a fase em que a criança entra no
berçário ou na creche pela primeira vez. “Dentro
dos dois primeiros anos, faz uma grande diferença”, afirma Ejzenbaum.
Silvana
Salgado Nader, membro do Departamento de Aleitamento Materno da Sociedade
Brasileira de Pediatria (SBP), concorda e diz: “As evidências científicas demonstram que há benefícios da amamentação
não só do ponto de vista nutricional, mas também imunológico, metabólico,
ortodôntico, fonoaudiológico, afetivo, econômico e social. Tudo isso é
evidenciado de forma intensa quando a amamentação ocorre de forma exclusiva até
os 6 meses de idade e complementada até pelo menos os 2 anos ou mais” --
recomendações, aliás, da Organização Mundial de Saúde, da Sociedade Brasileira
de Pediatria e do Ministério da Saúde.
E depois dos 2 anos?
Esse
tempo “a mais” é justamente a dúvida
que fica para muitas mães. Os benefícios do leite materno continuam existindo.
De acordo com Silvana, o aleitamento materno depois dessa idade está
relacionado com menor chance de sobrepeso e obesidade, uma vantagem e tanto já
que, atualmente, esse é um dos maiores perigos que rondam a infância. O leite
ainda oferece nutrientes, mas seu papel principal nesse ponto já foi
desempenhado. Ele não passa a ser "um
alimento vazio", como muita gente costuma repetir, mas os nutrientes
já são supridos com a alimentação sólida.
Por
isso, não há uma resposta exata sobre o momento certo do desmame. Tudo depende
da decisão da família. “A idade ideal
para desmamar é uma questão polêmica. Em algumas culturas não-ocidentais, as
mulheres amamentam seus filhos até 3 ou 4 anos de idade. O desmame sofre
influências de aspectos socioculturais e econômicos”, diz a especialista.
Para ela, o fim dessa fase faz parte do desenvolvimento do bebê e da evolução
da mulher como mãe. “O fim da amamentação
deve ser visto como um processo e não como um evento isolado. A decisão do
tempo de duração do aleitamento materno cabe ao binômio mãe-bebê e à sua
família”, explica.
A hora do desmame
De
acordo com a pediatra da SBP, a melhor forma de fazer o desmame é quando ele
ocorre naturalmente. Nesses casos, o bebê vai adquirindo maturidade para deixar
de demandar o leite materno. “Alguns
sinais de que a criança está amadurecendo para o desmame: menos interesse nas
mamadas, aceita variedade de outros alimentos, outras formas de consolo, não
ser amamentado em certas ocasiões e locais, é seguro na sua relação com a mãe”,
enumera.
Para Ejzenbaum, quando a mãe decidir pelo desmame,
é preciso ter cuidado para ser firme e não voltar atrás. “Uma vez que você negar, é necessário continuar explicando para o seu
filho que não tem mais. Ceder uma vez ou outra pode deixar a criança confusa e
tornar o processo mais difícil”, orienta.
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Com
informações da Revista Crescer.
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