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Carlos Affonso Souza é advogado especialista em crimes digitais. (FOTO/ Felipe Monteiro/ Gshow). |
‘O julgamento no Supremo
Tribunal Federal (STF) do artigo 19 do Marco Civil da Internet, previsto para
2020, coloca em risco a liberdade de expressão e os diferentes modelos de
negócio da internet brasileira. A opinião é de Carlos Affonso de Souza, diretor
do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio). O
especialista em direito digital fala com propriedade sobre o assunto: Souza é
considerado o ‘pai’ do artigo 19, um dos maiores pontos de debate durante o
processo de construção do Marco Civil.
“Sem o artigo 19, caminhamos para uma
internet menos diversa”, explicou ele em entrevista exclusiva ao Estado.
Um
dos fatores agravantes relacionados ao julgamento é a responsabilização das
plataformas de internet sobre notícias falsas – tivesse ocorrido em outra
época, talvez a corte não estivesse observando a constitucionalidade do artigo
sob a ótica dos perigos das ‘fake news’. Souza diz que essa discussão está
moldando o debate, mas que a nulidade do artigo 19 não é a solução para o
problema.
“A desinformação é um problema complexo, que
envolve uma solução que precisa ser jurídica, econômica, social e tecnológica.
Não é só a existência ou não do artigo 19 que resolverá o problema”, diz.
Confira abaixo os principais pontos da conversa.
O que está em risco caso o artigo 19
seja considerado inconstitucional?
O
que está em risco é a liberdade de expressão na internet brasileira, que
sofreria a restrição natural derivada da insegurança jurídica relacionada ao
regime de responsabilização das mais diversas plataformas. Está em risco o
modelo de operação não apenas das grandes empresas de tecnologia, como Facebook
e Google, mas também uma série de outros modelos. Entre eles: Wikipédia, sites
de reclamação de consumidor, e plataformas de jornalismo comunitário. Todos
seriam fortemente atingidos com o desaparecimento do artigo 19.
Da
forma que se desenhou o julgamento no STF, os representantes que defenderão a
constitucionalidade do artigo 19 são uma associação profissional, o Instituto
dos Advogados de São Paulo (Iasp), e as maiores empresas de tecnologia. A
proteção que o artigo 19 oferece não é apenas para as grandes companhias. Ele
oferece proteção para qualquer plataforma que dependa de conteúdo de terceiros
na internet.
Podemos caminhar para um cenário de
autocensura?
Sim,
e dessa forma caminhamos para uma internet menos diversa. Se aparecer um
conteúdo que seja mais crítico, que deixa alguma subjetividade sobre se lesiona
ou não a honra de alguém, a plataforma vai remover.
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As
informações são do Estadão e do Geledés. Clique aqui e confira o artigo na
íntegra.
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