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É legítimo reagir e não tolerar mais nenhum tipo de violência simbólica e física contra nenhum de nós". (FOTO/Eduardo Maretti). |
“Tenho
expectativa de que, assim como os outros países da América Latina, nós vamos
construir caminhos para a resistência popular com mobilização social e unidade
política”, diz a ex-candidata à vice-presidência da República Manuela
D’Ávila (PCdoB). Ela saiu de Buenos Aires nesta segunda-feira (28) para lançar
seu novo livro, Por que lutamos? – Livro Sobre Amor e Liberdade (editora
Planeta), em São Paulo. Na capital argentina, assistiu à vitória da chapa
Alberto Fernández-Cristina Kirchner, eleita para dirigir o país pelos próximos
quatro anos.
Para
Manuela, a eleição argentina trouxe, basicamente, duas lições para os setores
progressistas brasileiros: unidade e mobilização. “O movimento da Cristina Kirchner de não ser candidata à presidência foi
um movimento de construção da unidade, de reconstrução de um campo político
complexo”, diz. Perguntada sobre se a esquerda brasileira está unida,
responde: “Pode estar mais”.
A
autora e ex-deputada estadual e federal pelo Rio Grande do Sul diz que tem
ouvido a pergunta sobre por que falar “tanto em amor”, no livro que está
lançando. A obra, dirigida principalmente ao universo feminino jovem, “é um esforço de construir uma ponte com as
pessoas que queiram atravessar com a gente e caminhar em direção a uma
sociedade mais justa”, de acordo com ela.
Manuela
acredita que a construção dessa ponte precisa de mais pessoas. “Não desisti das pessoas que não estão com a
gente. Não nos interessa desistir delas pelo simples fato de que nós perdemos.
Se não nos conformamos com a derrota, como eu não me conformei, precisamos
buscar mais pessoas para estar com a gente”, afirma.
Olhando
para a realidade, “parece óbvio que, se a
gente não tentar ganhar mais ninguém para o nosso lado, a mudança não
acontecerá”, pontua. “Queremos construir um mundo em que mulheres e homens sejam
livres.”
Em
sua opinião, o Brasil também vive na atualidade “a maior mobilização de mulheres da nossa história e isso não pode ser
visto como uma questão irrelevante”. Nesse quadro, “talvez seja mais fácil
dizer que é um livro para jovens” e que foi motivado pela conjuntura “muito
particular” da história do país.
“Nós imaginamos que as pessoas mais jovens
sabem menos. Mas as meninas mais jovens do movimento feminista sabem bem mais
do que nós. É um livro para quem está chegando. Nós vivemos um momento em que
as pessoas parecem saber tudo. Transformar uma sociedade estruturada a partir
do machismo não é uma irrelevância.”
Na
atual conjuntura histórica brasileira, diz, “o feminismo é vinculado ao ódio, à ideia de que odiamos os homens, a
família, quem pensa diferente”. Por isso, Por que lutamos? une o amor e a
militância por meio de uma narrativa didática e pessoal, em um tom de conversa.
“É legítimo reagir e não tolerar mais
nenhum tipo de violência simbólica e física contra nenhuma de nós.”
Para
Manuela D’Ávila, o processo que levou Jair Bolsonaro à presidência da República
levou também as pessoas a terem dificuldade em dialogar. “É difícil conversar, porque nós estamos armados, a conjuntura nos impõe
que a gente reaja muitas vezes da maneira como somos tratados.”
Nesse
contexto, o livro “é uma forma de
resistir – diz – num país que já desistiu de conversar, desistiu dos livros e
tenta acabar com as nossas liberdades e nossa cultura”.
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Com informações
da RBA.
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