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Histórica ativista e filósofa angela
davis em visita a são paulo.
(FOTO/Giovanna Galvani/CartaCapital).
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A
filósofa e militante Angela Davis declarou nesta segunda-feira 21, durante sua
passagem por São Paulo, que vir ao País ainda lhe desperta “esperança”, e não é
o contexto do Brasil de Bolsonaro que muda a ideia da ativista. “Há uma
vibração, um pulso coletivo nos jovens, principalmente nas mulheres negras e
jovens, que é muito grande”, ressaltou.
Davis
é uma das vozes mais conhecidas do movimento negro norte-americano e já foi
considerada uma das fugitivas mais “perigosas” do FBI (sistema de inteligência americano).
Mesmo assim, ela insistiu na fala de romper com o símbolo atribuído a ela de
grande nome do feminismo negro e exaltou autoras e ativistas brasileiras como
modelos importantes para a atuação coletiva dentro e fora do Brasil.
“Tive
a oportunidade de conhecer Lélia Gonzalez, e minha percepção é que nós temos
muito o que aprender com os movimentos do Brasil”, disse. Para ela, a luta pelo
direito de trabalhadoras domésticas e a atuação de militâncias por moradias
como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) são exemplos da
atuação brasileira que deveria ser debatida globalmente da mesma maneira que o
Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), por exemplo.
Angela
Davis está em São Paulo participando de um ciclo de debates e palestras no Rio
e em São Paulo. No sábado 19, realizou a conferência “A liberdade é uma luta constante” no encerramento do seminário
internacional “Democracia em Colapso?”.
O lançamento do livro Uma Autobiografia pela Editora Boitempo também impulsiona
a passagem da ativista pelo Brasil novamente.
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Intelectual Lélia Gonzalez, um dos
principais nomes do movimento
negro brasileiro. /FOTO/Reprodução - CartaCapital
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Se a
ação é a resposta, nem tudo pode ser traduzido no campo da teoria – em que
também é famosa por conta de seus textos acerca de feminismo negro, cultura
hegemônica e anticapitalismo.
Quando
questionada sobre a organização de movimentos sociais em contextos de
encarceramento em massa, violência policial e criminalização de ativistas, como
o caso de Preta Ferreira, Davis lembrou-se que a morte de Michael Brown pelas
mãos da polícia estadunidense fez com que o movimento negro tomasse ainda
maiores proporções nas manifestações de rua e na articulação popular.
“Às vezes leva um tempo e as respostas não
estão imediatamente na nossa frente, mas os movimentos sociais têm um impacto
na consciência das pessoas. Não é possível predizer quando que vai acontecer,
mas depende de uma conjuntura histórica. Nós temos que nos organizar e fazer o
trabalho de base para estarmos prontos quando esses momentos surgirem.”
Na
noite desta segunda-feira 21, Angela Davis falará para a maior plateia de sua
visita a São Paulo até o momento. A partir das 19h, cerca de 15 mil pessoas são
esperadas na parte externa do Auditório Ibirapuera para ouvir a ativista.
No
Rio de Janeiro, Davis tem agenda também gratuita no Cine Odeon no dia 23 de
outubro com a premiada escritora brasileira Conceição Evaristo, e também
receberá a Medalha Tiradentes, concedida pela Assembleia Legislativa do Rio de
Janeiro.
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Com
informações de CartaCapital e do CEERT.
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