O
ex-prefeito de são Paulo Fernando Haddad defendeu em entrevista ao cineasta
Fernando Grostein Andrade que a necessidade de diálogo entre as forças
políticas e voltou a criticar a política entreguista do governo de Michel
Temer.
"Quando a gente diz que a
democracia está em risco, fazendo essas distinções históricas de um golpe
militar que depõe o presidente da República, é para mostrar que o que está
acontecendo agora não é menos grave. É diferente, mas não é menos grave. E se
não houver uma tomada de consciência nós não sabemos onde isso vai parar. Mesmo
em relação às eleições, nós temos que tomar cuidado, porque muita gente que não
é democrático se apresenta como democrático para vencer uma eleição",
disse Haddad.
Questionado
sobre a situação do ex-presidente Lula, que pode ser preso mas próximas
semanas, Haddad defendeu a inocência de Lula. "Eu tenho a convicção de quem leu o processo. Eu sempre repito que eu
defendo a honra de uma pessoa independentemente de posição partidária",
disse ele.
"Então eu li o processo e eu acho
insustentável aquela sentença. Insustentável. Não tem por onde. Se você pegar
três juristas do exterior que não conhecem o Brasil, tirar os nomes do
processo, substituir os nomes e dar para três juristas julgarem sem saber sobre
quem é o processo, eu duvido que saia uma condenação. Ou seja,
despersonalizando o processo, ali não sai ninguém condenado. Pelo o que está
nos autos, estou me atendo aos autos. Que é o que um juiz tem que fazer",
afirmou.
Para
Haddad, se Lula for de fato inabilitado da disputa eleitoral, a democracia será
novamente ferida no País. "Eu acho
ruim sob todos os aspectos. Porque vai ficar mais uma mácula na nossa história
democrática, e grave. Não é uma coisa qualquer o que vai acontecer, de maneira
que eu preferia que isso tivesse um outro desenlace. E eu acho que não é um
sentimento só meu não, e nem da centro-esquerda. Eu acho que é um sentimento de
muita gente que não votaria no Lula, mas que entende que não é esse o caminho
de estabilizar o país", afirmou.
Haddad
também criticou o senador Aécio Neves, que articulou o golpe contra a
presidente Dilma Rousseff após perder as eleições de 2014. "Você não faz oposição para botar o país a
pique. Como por exemplo, questionar resultado eleitoral no dia seguinte da
eleição, entrar com ação pedindo recontagem de votos, entrar com ação falando
de abuso do poder econômico. Logo quem? O Aécio Neves, que depois acabou se
revelando a pessoa que hoje detém uma parcela grande da rejeição à classe política.
Então tudo isso precisa ser ponderado. Agora é a hora de reconstituir os
campos, sabendo que tem uma agenda que é nacional, que é o país que vem na
frente. E tem as divergências partidárias do campo da centro-esquerda, do campo
da centro-direita, que vai ser debatida durante a eleição, mas sem colocar o
país em risco", disse ele.
"A direita que não passou por governo acha
que pode tudo. Eu vejo esse neoliberalismo regressivo ao qual eu me referi, ele
não tem um só representante. O neoliberalismo regressivo, que é essa agenda de
desmonte de direitos, inclusive políticos e civis, porque ela não se restringe
aos direitos sociais, ela quer avançar. Veja aí a censura à classe artística, a
censura aos cientistas, vêm todos desse pessoal. Você tem um Flávio Rocha, um
Bolsonaro, um João Doria, você tem vários representantes dessa turma aí que é
mais fundamentalista", disse o ex-prefeito. (Com informações do Brasil247).
![]() |
Fernando Haddad. (Foto: Reprodução/ Brasil 247). |
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!