Dilma. (FOTO/ Reprodução). |
Por Nicolau Neto, editor-chefe
A ex-presidenta Dima Roussef (PT) usou sua página na rede social facebook neste domingo, 24, para repudiar artigo da jornalista Miriam Leitão publicado em sua coluna no O Globo.
Na
coluna, Miriam, destaca que Dilma cometeu erros sequenciais na área econômica
que levaram ao desmonte do país e afirma que se o presidente Bolsonaro (sem
partido) não for barrado o processo que gerou o afastamento da ex-presidenta “parecerá injusto e terá sido”.
Em
sua nota, Dilma classificou a comparação entre os dois processos de
impeachment da jornalista e colunista de “lógica
absurda.” Para a petista, Miriam “faz
analogia inaceitável entre dois processos políticos. Impeachment de 2016 usou
pretextos fiscais falsos” e argumenta que “Bolsonaro deve ser punido por
genocídio, mortes de brasileiros por falta de oxigênio e descaso pela vacinação.”
Abaixo a íntegra da nota:
Miriam
Leitão comete sincericidio tardio em sua coluna no Globo de hoje (24 de
janeiro), ao admitir que o impeachment que me derrubou foi ilegal e, portanto,
injusto, porque, segundo ela, motivado pela situação da economia brasileira e
pela queda da minha popularidade. Sabidamente, crises econômicas e maus
resultados em pesquisas de opinião não estão previstos na Constituição como
justificativas legais para impeachment. Miriam Leitão sabe disso, mas finge
ignorar. Sabia disso, na época, mas atuou como uma das principais porta vozes
da defesa de um impeachment que, sem comprovação de crime de responsabilidade,
foi um golpe de estado.
Agora,
Miriam Leitão, aplicando uma lógica aburda, pois baseada em analogia sem
fundamento legal e factual, diz que se Bolsonaro “permanecer intocado e com seu
mandato até o fim, a história será reescrita naturalmente. O impeachment da
presidente Dilma parecerá injusto e terá sido.” O impeachment de Bolsonaro
deveria ser, entre outros crimes, por genocídio, devido ao negacionismo diante
da Covid-19, que levou brasileiros à morte até por falta de oxigênio
hospitalar, e por descaso em providenciar vacinas.
O golpe
de 2016, que levou ao meu impeachment, foi liderado por políticos sabidamente
corruptos, defendido pela mídia e tolerado pelo Judiciário. Um golpe que usou
como pretexto medidas fiscais rotineiras de governo idênticas às que meus
antecessores haviam adotado e meus sucessores continuaram adotando. Naquela
época, muitos colunistas, como Miriam Leitão, escolheram o lado errado da
história, e agora tentam se justificar. Tarde demais: a história de 2016 já
está escrita. A relação entre os dois processos não é análoga, mas de causa e
efeito. Com o golpe de 2016, nasceu o ovo da serpente que resultou em Bolsonaro
e na tragédia que o Brasil vive hoje, da qual foram cúmplices Miriam Leitão e
seus patrões da Globo.
DILMA ROUSSEFF
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