O
Blog Negro Nicolau (BNN) reproduziu na manhã desta terça-feira, 03/04, artigo do
frade italiano Alberto Maggi, um dos os maiores biblistas vivos acerca da morte
de Jesus Cristo, símbolo da religiosidade cristã.
No
texto que teve a tradução do biblista brasileiro padre Francisco Cornélio, Maggi
demole duas ideias que estão na base do cristianismo falsificado que os
integristas sustentam há séculos, a saber: I - Jesus teria sido morto “pelos
nossos pecados” e II - essa seria “a vontade de Deus” e tendo por base essas possibilidades
que, para a grande maioria dos fieis passou a ter status de dogmas, o frade
italiano propõe, ao analisar o próprio texto bíblico que não morreu pelos
“nossos pecados” e sim por enfrentar o sistema e reitera ao argumentar “que Jesus
morreu porque confrontou o Templo, um sistema de dominação e exploração dos
pobres de Israel”.
Clique aqui e confira as ideias de Alberto Maggi que foi publicado em primeira mão no
site Outras Palavras.
Vinicius Freire. (Foto: Nicolau Neto). |
Vinícius
Freire, que também é líder do Ministério Nissi em Altaneira, realçou que o tema
é complexo, porém concordou em partes com as colocações de Maggi. Segundo ele, “Jesus foi perseguido por combater todo um
sistema que existia na época” e que o texto “não tem a intenção de negar o sacrifício de cristo, mas sim, de
combater a religiosidade, sobretudo os lucros que a religião gera”. Mas o
líder nissiano também não nega que Cristo tenha morrido “pelos nossos pecados”.
“Negar que Jesus morreu pelos pecados é negar toda a bíblia, desde as profecias do antigo testamento, até a pregação apostólica contida no novo e também os evangelhos, uma vez que o próprio Jesus faz menção à sua morte em passagens dos mesmos, mas entendo que o texto contextualiza a perseguição farisaica contra Jesus, a partir do momento em que a pregação dEle confrontava os fariseus e toda a estrutura religiosa e até social da época”, pontuou Vinícius.
Já
o professor da URCA Carlos Tolovi foi enfático. “Texto muito bem elaborado. Com o qual concordo plenamente”, disse
inicialmente. E aprofundou as ideias do frade ao mencionar que “um dos maiores
fracassos do cristianismo do ponto de vista de sua contribuição para a
construção de um mundo mais justo e solidário foi ter transformado o sujeito
histórico Jesus, um sábio revolucionário, em um mito, para dar sustentação à
uma moral colonialista”.
Tolovi
- que é doutor em Ciências da Religião pela PUC – SP -, explica como se deu o
que ele chama de “o mito do CRISTO”:
Professor Tolovi. (Foto: Reprodução/ WhatsApp). |
“Aquele
que foi crucificado por vontade de Deus e por necessidade dos homens e mulheres
em sua busca da salvação”, realça. Ele argumenta que essa narrativa não tem
fundamentação ética, mas possui sustentação moral.
Para
ele, essa é “uma forma de os seres humanos se utilizarem de um evento histórico
revolucionário para elaborarem uma narrativa que sustenta a submissão e
legitimação de relações de dominação em nome de Deus. Com isso o cristianismo,
em grande parte, passou a adorar o 'deus da moral' constituída pelos valores
dos colonizadores”.
Ainda
no campo da moral e da ética, o professor universitário ressaltou que “dizer
que Jesus sabia que deveria morrer daquela forma por vontade de Deus é tirar do
mesmo a dimensão da ética”. “Afinal, ele
não teria escolha e, portanto, mérito algum”, frisou.
Para
Tolovi, é preciso entender Jesus pelo lado social e como personagem histórico
que não só lutou contra um sistema de opressão, mas que buscou a transformação
da realidade. “Ignorar que Jesus foi
assassinado em nome de um deus que legitimava um sistema de dominação é querer
desvincular Jesus dos movimentos revolucionários que buscam a transformação da
realidade tendo em vista uma relação de equidade”, finalizou.
Até
o fechamento deste artigo o professor e psicólogo juazeirense Jair Rodrigues
ainda não havia se manifestado.
___________________________________________________________________________
Vinícius Freire tem graduação com licenciatura plena em História pela URCA (2011), servidor
público no município de Altaneira e líder do Ministério Nissi.
Carlos Alberto Tolovi Possui
graduação em Filosofia pela Universidade São Francisco - USF (1991), graduação
em Teologia pelo Instituto Teológico São Paulo - ITESP (1995) e mestrado em
Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC
(1998). Doutor em Ciências da Religião pela PUC - SP (2016). É professor de
Filosofia na Universidade Regional do Cariri - URCA - CE, lotado no
Departamento de Ciências Sociais. É diretor presidente da Fundação Arca e
coordena o programa de extensão firmado entre a URCA e a ARCA (em Altaneira -
CE). Autor do livro: "Mito, Religião e Política - Padre Cícero e Juazeiro
do Norte". (Informações colhidas junto ao Lattes).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!