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Carmen Lúcia foi criticada novamente por ter pautado HC antes de colocar ADCs em votação. (Foto: José Cruz/Agência Brasil). |
O
Supremo Tribunal Federal negou, em votação iniciada na tarde da quarta-feira e
concluída apenas no início da madrugada desta quinta-feira 5, habeas corpus ao
ex-presidente Lula. A decisão, tomada por 6 votos a 5, permite que seja
decretada a prisão de Lula, mas a defesa ainda tem prazo para apresentar
embargos de declaração ao TRF4, tribunal que confirmou em segunda instância a
condenação do ex-presidente. Há, porém, a possibilidade de Moro decretar a
prisão sob o argumento de que o acórdão do julgamento não foi modificado.
A
votação do STF foi marcada, antes mesmo de começar, pelas pressões e ameaças
veladas manifestadas pelos líderes do alto comando militar. Encabeçados pelo
general Eduardo Villas Boas, comandante do Exército, oficiais de alta patente
fizeram uma "blitz" em redes sociais para afirmar, de modo indireto,
que só aceitariam um resultado da Corte: a derrubada do pedido de HC para Lula.
Houve,
ainda, novos protestos do ministro Marco Aurélio, que denunciou a estratégia da
presidente do STF, Cármen Lúcia, de pautar a votação do HC antes de colocar em
pauta duas Ações Diretas de Constitucionalidade que tratam de prisão após
condenação em segunda instância - o entendimento é de que o resultado da
votação das ADCs seria diferente e mais favorável ao ex-presidente. "Que isso fique nos anais do tribunal. Vence
a estratégia, o fato de vossa excelência não ter pautado as ADCs",
afirmou.
Sobre
a pressão dos militares, coube ao decano da Corte, ministro Celso de Mello,
responder. "Insurgências de natureza
pretoriana, à semelhança do ovo da serpente, descaraterizam o poder civil ao
mesmo tempo em que o desrespeitam", afirmou em tom duro o ministro,
que cutucou os militares em diversos momentos do julgamento.
A
defesa de Lula tentou impedir que Lula seja preso antes da votação das ADCs,
mas não teve sucesso. Por decisão da maioria, a liminar que impedia a prisão do
ex-presidente também perdeu validade.
Rosa Weber
Considerada
um voto decisivo, a ministra Rosa Weber negou o habeas corpus. Ela preferiu
analisar apenas o caso específico do ex-presidente, e deixou de lado sua
posição de que não é possível permitir prisões em segunda instância. A sua
posição era a única considerada imprevisível.
Weber
perguntou-se sobre "o que está na
mesa" no atual julgamento. Ela afirmou que retomaria seu voto de 22 de
março, com o objetivo de mostrar que sua posição não foi influenciada por
Gilmar Mendes ou Marco Aurélio Mello.
Pressionada
nos últimos dias, Weber procurou afirmar que seu voto não era decisivo. "A senhora presidente está me concedendo a
palavra em quinto lugar. O placar no momento está em 3 a 1", declarou
antes de iniciar seu voto.
No
início, Weber manteve foco no habeas corpus e não na tese da prisão em segunda
instância. Ela defendeu que os juízes individualmente considerados estão a
serviço de um propósito institucional e defendeu o respeito ao princípio da
colegialidade, ou da maioria. "Tendo integrado a corrente minoritária,
passei a adotar nessa Suprema Corte a orientação hoje prevalecente de modo a
atender o princípio da colegialidade."
Segundo
esse raciocínio, a ministra negou 57 de 58 habeas corpus contra prisões em
segunda instância desde 2016, embora discorde pessoalmente da medida.
Ainda
contra Lula, além de Rosa e da própria Cármen Lúcia, votaram os ministros Edson
Fachin, relator, Alexandre de Moraes, José Roberto Barroso e Luiz Fux. A favor
do ex-presidente, além de Marco Aurélio e Celso de Mello, votaram Dias Toffoli,
Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski.
O que acontece agora?
O
último recurso de Lula o TRF4 se esgotou no dia 27 de março. Agora, resta uma
última etapa a ser cumprido pelo tribunal. Os advogados de Lula tem até, no
máximo, dia 10 de abril, próxima terça-feira, para pedir a análise dos chamados
embargos dos embargo. A defesa pode, no entanto, entrar com o recurso a
qualquer momento. Esta é uma apelação aos embargos de declaração, negado também
por unanimidade.
A
praxe dos desembargadores, segundo sua própria assessoria, é de negar este tipo
de recurso, em especial quando a conclusão do processo é feita sem
discordâncias na corte.
A
partir daí o tribunal de Porto Alegre expede um ofício ao juiz federal Sérgio
Moro informando que a o processo no TRF-4 se encerrou. Não há um prazo
determinado para que isso ocorra, mas de modo geral não leva mais do que alguns
dias. Tão logo Moro receba o documento, o mandado de prisão já pode ser
expedido.
Há
ainda outra possibilidade que não deve ser descartada: o juiz Sérgio Moro pode,
com a informação oficial do STF sobe o habeas corpus, expedir mandado de
prisão, pois o acórdão do julgamento de Lula na segunda instância não foi
modificado. (Com informações de CartaCapital).
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