![]() |
"A luta democrática não tem fronteiras", disse pré-candidato do Psol na capital portuguesa. (Foto: Reprodução). |
Em
discurso realizado em Lisboa, o pré-candidato pelo Psol à Presidência da
República Guilherme Boulos afirmou que é preciso urgentemente construir uma
campanha internacional para “quebrar o
silêncio da mídia brasileira” sobre
a escalada de violência e graves retrocessos democráticos no Brasil. “O mundo precisa saber que Lula é um preso
politico. Tamo junto, porque a luta democrática não tem fronteiras”, disse
Boulos no debate O Futuro das Lutas Democráticas: Em defesa da democracia
brasileira, organizado pela Fundação Saramago e o Centro de Estudos Sociais da
Universidade de Coimbra. Segundo ele, o primeiro desafio a se enfrentar na
crise é “construirmos uma ampla frente
democrática brasileira e internacional pra resguardar a democracia”.
Um
dos coordenadores do debate, o sociólogo Boaventura de Sousa Santos falou do
desmantelamento da democracia brasileira. “Estamos
a viver tempos que Antonio Gramsci caracterizou como tempos monstruosos. Quem
podia imaginar que a vibrante democracia brasileira estaria a ser desmantelada
da forma violenta como está. Que o presidente mais brilhante da história do
Brasil, que deixou a Presidência com mais elevada taxa de aceitação, estivesse
hoje preso em uma masmorra e ainda por cima ilegalmente?”
Ele
lembrou o a violência “da lei e da rua” que vitimou a vereadora Marielle
Franco, do Psol, assassinada no dia 14 de março no Rio de Janeiro. “Marielle presente!”, bradou Boaventura.
Em
fala emocionante, a deputada Catarina Martins, coordenadora nacional do Bloco
de Esquerda, afirmou: “O que está a
acontecer no Brasil (é a escolha entre) justiça e democracia ou fascismo. Quem
pensa que não tem a ver conosco, está muito enganado. A prisão de Lula é mais
um passo neste golpe terrível, grotesco, e é por isso tão importante dizer:
Lula livre!”.
Segundo
Catarina, “quem ficar calado é cumplice
do fascismo”. “Solidariedade, democracia, liberdades democráticas, é desta
matéria que somos feitos”, concluiu.
O
ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-ministro Tarso Genro também reforçou o
caráter do encarceramento do ex-presidente dizendo que ele “é um preso politico”. Sua prisão foi “engendrada para tirar da disputa eleitoral
aquele que é o maior líder da história recente do Brasil”. Segundo Tarso,
esse “é um costume da elite oligárquica,
atrasada, reacionária do Brasil”. Ele citou os exemplos dos ex-presidentes
Getúlio Vargas, João Goulart e Juscelino Kubitschek como vítimas dessa mesma
oligarquia no passado.
Tiros e ódio
Boulos
disse que o Brasil passa pela crise democrática mais grave desde o período da
ditadura (1964-1985) no país. “Ela se
expressa com uma escalada de violência política, com tiros, intolerância, ódio
sendo destilado no lugar do debate político, que teve como principal expressão
o assassinato brutal e covarde da Marielle.”
À
plateia que lotou o Teatro Capitólio, na capital portuguesa, Boulos falou sobre
a judicialização da politica que hoje toma conta do Brasil, com perseguições a
Lula e lideranças de esquerda por parte de juízes e tribunais. “A maior expressão dessa judicialização é a
prisão do ex-presidente Lula, que ocorre sem qualquer prova”, acrescentou.
Segundo
o ativista, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o sistema se
caracteriza pelo “antagonismo”, que
encarcera Lula sem provas, mas ignora o presidente Michel Temer, “com provas, malas e gravações”, e o
senador Aécio Neves (PSDB-MG), “que
ameaçou até de morte um suposto delator” e continua no Senado. “Se (Sérgio) Moro quisesse fazer politica,
que fosse ser candidato à presidência da República e encarasse um debate
democrático com o povo brasileiro.”
Boulos
contou ainda ao público sobre momentos que passou com Lula no Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. “O que Moro e os juízes que encenaram essa farsa queriam era destruí-lo
psicológica e politicamente. E Lula, poucas horas antes de ser preso, mostrou
que estava em plena forma.”
"A única coisa que reclamo é o Moro não
esperar um dia a mais para eu ver o jogo do Corinthians", disse Lula,
segundo Boulos. “O que ele queria era uma
foto, indo pelo mundo afora, com Lula preso ao lado de policiais. Mas o que
conseguiu foi uma foto do Lula carregado por milhares de pessoas saindo do
Sindicato dos Metalúrgicos.”
Nesta
quinta-feira, o egípcio Mohamed El-Baradei, Prêmio Nobel da Paz em 2005, em
nome da Agência Internacional de Agência Atômica, aderiu à campanha para que
Lula receba o Prêmio Nobel da Paz em 2018. A campanha foi iniciada pelo
argentino Adolfo Perez Esquivel, Nobel da Paz em 1980. Até o início da noite de
hoje, havia mais de 215 mil adesões. (Com
informações da RBA).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!