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Ciro no Fórum da Liberdade, onde foi acusado de dar uma "pescotapa" em um membro do MBL, o youtuber Mamãefalei. (Foto: Reprodução/ DCM). |
Ciro
Gomes tem, sim, algum prestígio eleitoral. Tem uma retórica explosiva que
projeta a imagem de “cabra corajoso”
e ganha adeptos.
Mas
o que quer Ciro Gomes? Sua ambiguidade em relação à perseguição contra o
presidente Lula o coloca objetivamente do lado de lá da linha divisória que
separa quem defende a democracia e quem compactua com o arbítrio no Brasil.
Ciro
é um político experiente e atilado. Sabia perfeitamente o que estava fazendo
quando deixou de prestar solidariedade pública a Lula em São Bernardo. “Ah, mas ele estava em Harvard com Anitta”.
Pois é. Ele sabia perfeitamente o que estava fazendo.
Depois
ele dá declarações chochas contra a seletividade da Lava Jato e as manobras do
STF, mas faz questão de defender a prisão antes do trânsito em julgado e de
declarar que não acredita que Lula seja um prisioneiro político. Fica claro que
ele não quer fechar as portas para o eleitorado antipetista. Cálculo eleitoral
esperto? Talvez. Mas tentar acessar este eleitorado sem enfrentar seus
preconceitos é dar curso livre à criminalização da esquerda, que é o ponto de
chegada do antipetismo.
Ciro
não pôde ir a São Bernardo, mas foi a Porto Alegre. Esteve ontem no Fórum da
Liberdade, que é o evento central do esforço de propaganda do ultraliberalismo
(em sua versão neofeudal, “libertariana”) no Brasil. A edição deste ano, além
de uma sessão especial contra o governo da Bolívia, conta com estrelas do
quilate de Leandro Narloch, Rodrigo Constantino, Lya Luft (esqueçam a escritora
sentimentaloide, ela é há décadas uma feroz defensora do latifúndio) e ninguém
menos que Sérgio Moro. Ciro participou de uma mesa com os candidatos
presidenciais da direita – João Amoedo (Novo), Henrique Meirelles (PMDB?),
Flávio Rocha (MBL), Marina Silva e Geraldo Alckmin. Jair Bolsonaro, convidado,
não foi. O que um candidato que quer ocupar o campo da esquerda foi fazer num
evento desses, legitimando-o?
Acho
muito improvável que Ciro se disponha a uma conversa séria com a esquerda. Para
mim, sua estratégia é apostar nessa ambiguidade e com ela chegar no segundo
turno contra alguém como Alckmin ou Bolsonaro, quando o apoio da esquerda virá
de graça. Vai dar certo? Não sei. Os planos infalíveis de Ciro Gomes costumam
ter o mesmo destino daqueles do Cebolinha.
Torço
para que não dê certo porque, francamente, é cilada, Bino. (Com informações do DCM).
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