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Jair Bolsonaro e o ministro Milton Ribeiro. (FOTO/ Reprodução/ Facebook/ Jair Bolsonaro) |
Fazer
Enem é uma longa corrida de obstáculos, ainda mais quando você é pobre. O
governo Jair Bolsonaro, ao invés de ajudar a suavizar o caminho dos estudantes,
coloca areia movediça, lagos com jacarés, canhões de raio laser e cercas
eletrificadas no meio.
Como
a nota do Exame Nacional do Ensino Médio é usada para a seleção em
universidades dentro e fora do país, a prova é um momento em que o governo
federal deveria garantir segurança e tranquilidade aos estudantes. Mas a gestão
Jair Bolsonaro, por incompetência ou sadismo, tem transformado o antes, o
durante e o depois em um inferno desde 2019.
Nesta
segunda (😎, a
13 dias do Enem 2021, 29 servidores do Inep, instituto ligado ao Ministério da
Educação, pediram exoneração de seus cargos. Desses, 27 trabalham em áreas
ligadas à prova, de acordo com reportagem do UOL. Com essas, são 31 demissões
do Inep em uma semana.
No
pedido de dispensa, citam a "fragilidade técnica e administrativa da atual
gestão máxima do Inep". Danilo Dupas, presidente do órgão, é acusado por
servidores de tomar decisões sem critérios técnicos, realizar assédio moral e
se omitir de responsabilidades.
O
bafafá começa a nova temporada de dores de cabeça imposta pelo governo
Bolsonaro aos estudantes. Neste ano, o responsável pela lojinha é o pastor
Milton Ribeiro, o ministro da Educação que acredita que crianças com
deficiência estudando junto com as demais "atrapalha".
A
realidade apontou que o principal problema envolvendo o Enem, mais do que
ideologia, seria a incompetência aliada à soberba e à falta de transparência.
Com
o MEC transformado na Casa da Mãe Joana já sob o ministro Ricardo Vélez
Rodríguez, com pessoas que não ficavam no cargo o suficiente para esquentar a
cadeira, sem planejamento, comando ou autocrítica e tendo sido loteado com
grupos de extrema direita, o ministério tornou-se mais vulnerável a falhas.
O
resultado veio a galope. Mais de 170 mil estudantes enviaram reclamações ao MEC
por conta de sua nota no Enem 2019.
Alguns
registraram representações no Ministério Público Federal, exigindo revisão
geral da correção da prova, auditoria transparente nos processos e suspensão da
seleção pelo Sisu (o Sistema de Seleção Unificado) enquanto tudo não fosse
resolvido. As reclamações pipocaram nas redes sociais logo após o então o ministro
Abraham Weintraub ter dito que aquele tinha sido "o melhor Enem de todos
os tempos" em 17 de janeiro de 2020.
Quando
os problemas do Enem 2019 ainda se faziam sentir, o governo federal veio com
outra bomba, mantendo as datas para a realização do Enem 2020, desconsiderando
que milhões de alunos do ensino médio de escolas públicas estavam com os
conteúdos atrasados devido à pandemia de coronavírus. Foi tomar o caldo de uma
segunda onda sem tempo de respirar após a primeira.
O
Ministério da Educação chegou ao ponto de veicular uma campanha em que
justificava para esses jovens que era legal ser largado à própria sorte.
Dizendo que "a vida não pode parar", que "é preciso ir à
luta", "se reinventar", "superar", quatro jovens
atores pedem para que todos "estudem", "de qualquer lugar",
"de diferentes formas", pois "seu futuro já está aí".
Enquanto
a vida nas boas escolas particulares seguiu seu curso na pandemia, com
plataformas de educação à distância, rico material didático e professores
minimamente treinados para aulas pela internet, aulas em realidade virtual, na
maioria das escolas públicas, estudantes foram obrigados a entrar em férias.
Depois, a se conectar com uma realidade precária de ensino à distância, não por
culpa dos docentes e dos gestores educacionais, mas pelas deficiências de parte
do sistema público. Muitas casas não tinham acesso à internet, outras nem
computador.
Fazer
Enem é uma corrida de obstáculos, ainda mais quando você é pobre, como disse
acima. Bolsonaro parece querer deixar claro que só os fortes devem sobreviver.
A
menos, é claro, que você tenha o sobrenome "certo". Como mostrou a
história da admissão da filha de Bolsonaro no concorrido Colégio Militar de
Brasília sem passar pelas provas como os outros mortais, nós temos meritocracia
sim. Pena que, por aqui, ela é hereditária.
____________________
Por Leonardo Sakamoto, em seu Blog. Lei a íntegra aqui.
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