![]() |
| Lívia Nascimento. (FOTO | Acervo pessoal). |
Por Nicolau Neto, editor
Entre os dias 20 e 27 de setembro o cariri viveu o maior e mais importante evento de pesquisa sobre a população negra do país. Foi uma semana recheada de atividades nas cidades de Crato, Juazeiro do Norte, Brejo Santo e Iguatu (fazendo com que houvesse uma expansão para o centro sul do Estado) envolvendo espaços como a Universidade Regional do Cariri (URCA), a Universidade Federal do Cariri (UFCA), o Instituto Federal do Ceara (IFCE), campus de Juazeiro, tendo a primeira instituição como sede nucleadora.
Construído
por muitas mãos, a exemplo de grupos de pesquisas como o Negrer e o NEABI, e da
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB,
University of Tennessee (Estados Unidos), University of the West Indies
(Trinidad e Tobago), movimentos sociais como o GRUNEC, ALDEIAS Ponto de Cultura,
de universidades malungas, Universidade Amílcar Cabral (Guiné Bissau), além da
própria URCA, UFCA e IFCE, tendo como coordenadora geral a professora Drª
Cícera Nunes, o evento chegou este ano a sua 16ª edição.
Como
um programa permanente de extensão de caráter internacional e interdisciplinar
que ganha o formato de Congresso, ele busca fortalecer e fomentar a produção
dos conhecimentos nos temas relacionados aos estudos sobre a África, a
afrodescendência e a educação para as relações étnico-raciais durante uma
semana e nos três períodos dia a partir de oficinas, minicursos, exposições
artísticas, mesa redonda, mostra de cinema, encontros formativos, apresentação
de artigos científicos e publicação de livros, tudo em uma perspectiva afrocentrada
e que envolve a troca de experiências entre profissionais da educação superior
e da educação básica.
Novidades nesta edição
A
grande novidade em relação às edições anteriores foi a realização 1ª mostra de
boas práticas e recursos pedagógicos – leis nº. 10.639/03 e nº. 11.645/08 onde alguns
profissionais da educação básica expuseram suas ações em sala de aula a
respeito da educação para as relações étnico-raciais (ERER).
A
mostra foi muito positiva e atendeu o objetivo proposto que era, segundo a
professora Cícera Nunes, “entender como
está a implementação da política nas redes do Cariri.” “Não está, infelizmente”, disse Cícera
durante a roda de conversa entre os expositores e expositoras.
Todos
aqueles e aquelas que expuseram seus trabalhos já integram direta ou
indiretamente o núcleo do artefatos, o que só evidenciam a falta de cumprimento
das redes estadual e municipais de ensino quanto as Leis 10.639 e 11.645.
Outra estreia nesta edição foi a construção de uma mesa de debates no campus da URCA em Iguatu proposta pelo professor da instituição, me. Paulo Tiago. "Senti uma imensa alegria em trazer, pela primeira vez ao nosso campus de Iguatu, uma de suas atividades. A mesa-redonda 'Possibilidades colaborativas de construção de comunidades de saberes de Educação Antirracista na Educação Física Escolar' representava um marco. Haja vista que foi a primeira vesta na historia do campus iguatu, que tivemos uma mesa vinculada ao congresso internacional artefatos da cultura negra", disse ele ao blog.
O professor Paulo afirmou ainda que a mesa teve a presença de duas referências na área: a Dra. Luciana Venâncio, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), coordenadora do Mestrado Profissional em Educação Física e do PIBID, com vasta pesquisa em educação antirracista e saberes discentes; e o Dr. Luiz Sanches Neto, também professor da UFC, Coordenador do Mestrado Profissional em Educação Física em Rede Nacional (ProEF) e pesquisador de temas como complexidade, justiça social e relações étnico-raciais na Educação Física Escolar. Eu, como mestre e pesquisador das das educação das relações étnico-raciais na formação inicial de professores, tive a honra de mediar este encontro.
O que diz Lívia Nascimento?
A
advogada e ex-presidente do GRUNEC, Lívia Nascimento, conversou com o blog sobre
essa edição do Artefatos.
O blog
quis saber sobre sua avaliação, os avanços e os desafios e como estava a integração
dos demais departamentos da URCA. Perguntou também sobre a participação das
escolas da educação básica e o envolvimento ( ou a ausência) dos (as)
secretários(as) municipais de educação.
Para
Lívia, essa foi, “sem dúvidas uma das maiores edições!” Quanto ao envolvimento,
ela destacou a participação das representações das universidades, tanto
regionais quanto estrangeiras, dos movimentos sociais e do engajamento ativo
dos profissionais do magistério da região e dos estudantes da educação básica, “o que abre caminhos para troca de experiências
e enriquecimento das referências afrocentradas”, disse.
Lívia
também destacou o evento vem se fortalecendo a cada edição, mas fez questão de
comentar a ausência de apoio institucional das universidade que são sede do
Artefatos. “Percebo que a cada ano o
evento se fortalece e engrandece ainda mais, apesar da falta de apoio
institucional integral das universidades que sediam o evento no Cariri”,
disse ela ao blog.
Lívia
também é educadora, mestra em Direitos Humanos e autora de “Justiça
social afrodiaspórica.”
Durante
a realização do Artefatos, foi entregue o título de Doutoras Honoris Causa as irmãs Valéria e
Verônica, uma das idealizadoras do GRUNEC.
Parceiros
O
Artefatos conta com diversos parceiros, a exemplo do Terreiro das Pretas, da
Casa da Memória de Porteiras, da Rádio
Livre Universitária, Nedesa, o Centro Cultural do Cariri (CCC), Centro Cultural
Banco do Nordeste (CCBNB), NEEHDREM, Instituto de Formação de Educadores da
UFCA, os Neabis do IFCE Crato e Juazeiro do Norte, Pesquisadores Nacionais e
Internacionais, do blog Negro Nicolau, dentre outros.

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ao comentar, você exerce seu papel de cidadão e contribui de forma efetiva na sua autodefinição enquanto ser pensante. Agradecemos a sua participação. Forte Abraço!!!