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“Mate a Sinhá que existe dentro de você”, por Karla Alves


"Mate a Sinhá que existe dentro de você",
por Karla Alves.
(FOTO/Reprodução/Facebook).
Com todos os avanços conquistados pelo feminismo no Brasil, país de maioria populacional negra, se há mulheres negras que não se sentem humanas dentro desta organização política, das duas uma:

Ou o feminismo falhou na base de sua competência, ou se trata de uma organização política que não enxerga mulheres negras como mulheres.

Não posso dar credibilidade a qualquer organização política que se consolide com base na exploração daquelas que supostamente se propõe a defender. Reconhecer nossa humanidade é se dedicar a incendiar a casa grande e a senzala, o que também significa combater o patriarcado. Para que isso aconteça, estou disposta a sair da senzala. E você, tá disposta a se despir dos costumes herdados da casa grande?

Escritora Jarid Arraes fará lançamento do livro "As Lendas de Dandara" na região do cariri


Jarid Arraes, escritora do Revista Fórum, residente no Estado de São Paulo e, forte propagadora dos ideias negros lançará no município de Juazeiro do Norte, na região metropolitana do cariri cearense, seu novo livro – intitulado "As Lendas de Dandara".

Segundo informações da escritora o evento ocorrerá no próximo dia 14 (quatorze) a partir das 19h00 na Rua São Luiz, nº 181, no 1º andar, localizado no centro de Juazeiro e no ensejo haverá ainda espaços para exposição das ilustrações, roda de conversa e um sarau organizado pelo Grupo de Mulheres Negras do Cariri (Pretas Simoa). 

Jarid lembra que a obra será vendida a R$ 25,00 (vinte e cinco) reais e somente a dinheiro. Um evento com a finalidade de divulgar o lançamento da obra foi criado na rede social facebook e até o fechamento deste artigo 25 (vinte e cinco) pessoas já tinham confirmado presença.

Em entrevista ao Informações em Foco, a autora falou sobre o lançamento aqui no cariri. “Eu espero que eu possa encontrar pessoas queridas e que também estão engajadas na construção de uma sociedade sem racismo, sem misoginia e outros tipos de discriminação. Só de estar lançando no Cariri já é uma emoção, mas é ainda melhor saber que estamos todos juntos lutando por um Cariri onde o racismo não mais exista”, afirmou.

Dandara

Primeira e única mulher de Zumbi, princesa de Palmares e mãe dos três filhos de Zumbi. Dandara era guerreira valente e auxiliou muito Zumbi quanto às estratégias e planos de ataque e defesa de Palmares. Ela se matou jogando-se da pedreira mais alta de Palmares, que ficava nos fundos do principal mocambo - a Cerca dos Macacos - quando da queda do Quilombo de Palmares para não voltar à condição de escrava.

Além de esposa de Zumbi dos Palmares com quem teve três filhos foi uma das lideranças femininas negras que lutou contra o sistema escravocrata do século XVII. Não há registros do local do seu nascimento, tampouco da sua ascendência africana. Relatos nos levam a crer que nasceu no Brasil e estabeleceu-se no Quilombo dos Palmares ainda menina.



Um negro que desconhece a sua própria história é estarrecedor


De quem falo? Mais uma vez do Fernando Holiday, eleito vereador em São Paulo pelo DEM e um dos organizadores da Movimento Brasil Livre (MBL).

A Marilia Lydia o entrevistou no Jornal da Gazeta. Para além das ideias estapafúrdias que já conheço que defende e que caminha no rumo das pregadas por setores conservadores, retrógrados, bem como das defendidas pelas elites brancas do pais como por exemplo, a extinção de secretarias para negros e LGBTs – pastas muito importantes para a promoção da igualdade racial e social, o moço de pele negra, mas de ideais de capitão do mato, de feitor e de senhor de engenho, foi além e desconsiderou as lutas dos movimentos negros e os próprios ativistas.

Imagem capturada do vídeo no youtube.
Em sua fala, Holiday discorre que é contra as cotas raciais, a consciência negra e desconsidera os movimentos negros. Segundo ele, o movimento foi tomado por pessoas que acreditam serem donas da verdade. Não há, de acordo com Holiday, pessoas dentro desses movimentos que de fato façam um questionamento da necessidade ou da eficiência de haver um dia para a consciência negra ou da necessidade ou da eficiência de haver cotas raciais. O representante do MBL encontra argumentos facilmente desprezíveis do ponto de vista histórico ao afirmar que Zumbi dos Palmares não representa a simbologia da Consciência Negra, pois o ver como assassino, um dono de escravos. “Esse sujeito que pouco se sabe, que pouco se conhece”, completou ao falar do líder dos palmares.

Para completar as asneiras, ele apresentou um discurso das elites brancas, de setores racistas e que acreditam que o racismo se combate com o silêncio, mas nunca com lutas. Os movimentos negros para o eleito vereador não ajudam a combater o racismo, pois apresentam falas que alimentam o vitimismo e que rebaixam os negros. O Holiday é, portanto, defensor da meritocracia e do racismo legalizado.

O Holiday necessita urgentemente voltar as aulas de história ou estudar dia e noite e prestar vestibular para essa disciplina. Porque definitivamente ele não conhece a história de negros e negras. Tão pouco sabe do histórico de lutas dos mais variados movimentos negros que tem espalhados pelo Brasil e das suas conquistas que, pelo Brasil ser um país racista, ainda são muito poucas. Ele precisa conhecer não só a biografia do Zumbi, mas de Dandara, Aqualtune, Luisa Mahin, Mestre Bimba, Abdias do Nascimento, Antonieta de Barro, Carolina de Jesus, Grande Otelo.... 

Necessita também e com a mesma urgência visitar os movimentos negros que estão em constantes lutas pelo fim do racismo e pela promoção da igualdade racial, cito aqui o Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) e o Grupo de Mulhres Negra do Cariri - Pretas Simoa.

Abaixo você confere a íntegra da entrevista

            

Aluna de ensino médio em Nova Olinda diz que PL aprovado em Crato é um insulto à memória das pessoas


A emenda que depois se transformou em projeto de lei de autoria do vereador Roberto Anastácio, conhecido por Bebeto, com assento na Câmara de Crato pelo Podemos, que proíbe a discussão de gênero e sexualidade na rede pública e particular continua a merecer duras críticas.

Kézia Adjane quer ser professora de História.
(Foto: Reprodução/Facebook).
Depois de notas do Centro Acadêmico de História Francisca Fernando Anselmo – CAHFFA/URCA, do Grupo de Mulheres Negras do Cariri Pretas Simoa e do Laboratório de Pesquisa em História Cultural (LAPEHC), da Universidade Regional do Cariri, Kézia Adjane, estudante do terceiro ano do ensino médio integrado a educação profissional da Escola Educação Profissional Wellington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda, na região do cariri, teceu fortes críticas ao ator e apoiadores (as) do texto aprovado na última segunda-feira, 23.

Conforme já publicado aqui neste Blog, sete parlamentares foram contrários (as) e nove aprovaram. Professores (as), alunos (as) e outras pessoas foram, segundo informações publicadas em grupos de Whatsapp agredidas durante a sessão. Os agressores gritavam o nome de Bolsonaro e o autor da matéria disse que ela é de todos aqueles que acreditam em Cristo e ajoelhou-se tão logo houve a aprovação da emenda.

Ao usar seu perfil na rede social facebook, Kézia foi taxativa ao repudiar o texto aprovado:

Minha nota de repúdio as pessoas que aprovaram a emenda que proíbe a discussão sobre gênero em sala de aula em Crato. Isso é um retrocesso tremendo. Além disso, é um insulto a todas as pessoas que morreram e morrem diariamente justamente pela falta desse diálogo. É uma pena que uma cidade tão grande ainda tenha pessoas com mente tão pequena”.

A aluna é conhecida por seu posicionamento firme e contundente acerca dos principais temas que afetam o país. Líder estudantil, Kézia atualmente ocupa a presidência do Grêmio Escolar e deseja ser professora de História. 


Discurso conveniente adaptado da meritocracia responsabiliza indivíduos por pobreza, por Karla Alves


Karla Alves é historiadora e colunista do Blog Negro Nicolau. (FOTO/ Reprodução/ Facebook).

Muito conveniente esse discurso adaptado da meritocracia espiritual que responsabiliza ao indivíduo pela escassez de recursos em sua própria vida, como se o morador de rua fosse o único responsável pela miséria que atraiu para si através da energia quântica que emana. Digo "conveniente" porque isenta quaisquer práticas políticas de sua responsabilidade social disfarçando o jogo de poder que envolve causa e consequência, como se privilégios sociais não existissem e não houvesse uma estrutura hierárquica de distribuição desses privilégios.

URCA abre inscrições para Audiência Pública sobre implantação do sistema de cotas


A Universidade Regional do Cariri (URCA), através da Pró-Reitoria de Ensino e Graduação (PROGRAD), comunica que já estão abertas as inscrições On-line para os interessados em participar da Audiência Pública para implantação do sistema de cotas nos cursos de graduação.

Na última terça-feira, 07, a instituição de ensino superior realizou o “I Seminário de Ações Afirmativas: A Implantação do Sistema de Cotas” envolvendo mais de mais de trezentas pessoas, entre professores, universitários dos mais variados cursos de graduação tanto da própria casa, como também da Universidade Federal do Cariri (UFCA) e dos movimentos sociais negros do cariri, com destaque para o Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) e o Grupo de Mulheres Negras do Cariri (Pretas Simoa), bem como das pessoas com algum tipo de deficiência.

A audiência ocorrerá na próxima terça-feira, 14, a partir das 8:00 no salão de Atos da universidade.


Imagem capturada da plataforma de inscrição para a Audiência Pública acerca da implantação do sistema de cotas na URCA.



Juazeiro do Norte: ponto de encruzilhada entre a Beata Maria de Araújo e o poder hegemônico

 

Mapa colhido junto ao livro "Miliagre em Juazeiro ", pg. 29, de Ralph Della Cava.

Por Karla Alves, em sua coluna no Blog

Foi neste lugar, povoado cuja sombra dos pés de Juá no centro do vale do Cariri servia de descanso para viajantes que comercializavam nas feiras das prósperas cidades ao redor, onde o cruzamento de um homem branco com uma mulher Preta provocou um "evento explosivo" (Braudel) capaz de redefinir o curso da história local. Neste lugar, um ano após a abolição da escravidão no Brasil (1889), uma mulher Preta chamada Maria Magdalena do Espírito Santo de Araújo (1862-1914), filha de Ana Josefa do Sacramento e de Antônio da Silva Araújo, seria protagonista de um milagre que veio a santificar o homem branco, padre e catequizador local, que havia lhe ofertado a hóstia em comunhão transformada em sangue na boca da beata Maria Magdalena, conhecida como beata Maria de Araújo. 

Inscrições para o Seminário Negras e Negros no Ceará: escritas, ativismos e sociedade estão abertas


Seminário Negras e Negros no Ceará: escritas, ativismos e sociedade.
(Banner/blog do seminário)


Texto | Nicolau Neto

Entre os dias seis e oito de agosto do ano em curso a Universidade Regional do Cariri (URCA) será palco do “Seminário Negras e Negros no Ceará: escritas, ativismos e sociedade”.  

II Mostra Afro-brasileira da EEEP Wellington Belém homenageará Luísa Mahin e Oliveira Silveira


A Escola Estadual de Educação Profissional Welington Belém de Figueiredo, em Nova Olinda, realizará no próximo dia 20 de novembro a II Mostra Cultural Afro-brasileira e a I Mostra Cultural Indígena, visando promover ato reflexivo sobre a contribuição dos negros e negras, assim como também dos indígenas na formação da sociedade brasileira a partir de ações afirmativas desse grupo social. A ideia partiu do projeto intitulado “Cultura Afro-brasileira e Indígena na Escola” que gradualmente foi se tornando parte integrante e constante das discussões multidisciplinares, com destaque para a área de Ciências Humanas (História, Filosofia, Sociologia e Geografia).

O evento corrobora para a efetivação das Lei nº 10. 639/2003 e nº 11.645/2008 no ambiente escolar, tendo, portanto, a finalidade de quebrar paradigmas e os estereótipos quanto a inserção desses grupos sociais nos livros didáticos, quando são discutidos e, ou lembrados somente nos período colonial, regencial e imperial brasileiro, época em que o pais esteve sob o julgo português. Intenciona-se ainda trabalhar temáticas referentes aos grupos supracitados pelo viés dos que foram oprimidos. 

Luisa Mahin e Oliveira Silveira serão homenageados durante a II Mostra Cultural Afro-brasileira da EEEP Wellington
Belém de Figueiredo, em Nova Olinda, no próximo dia 20 de novembro.
Na oportunidade os alunos poderão demonstrar através de danças, documentários, vídeos, entrevistas, poemas, contos, lendas, rodas de conversas e debates parte do que vem sendo trabalhado em sala durante o ano letivo. Temas polêmicos e poucos discutidos no meio escolar também merecerão tempo para a análise e reflexão por parte do corpo discente, como por exemplo, Preconceito, Discriminação, Racismo, Genocídio desses dois grupos étnicos, Representatividade do Negro e do Indígena nos Espaços de Poder, Protagonismo Negro e Indígena, Movimentos Negros na Região do Cariri, Intolerância Religiosa para com as de matrizes africana e Cotas Raciais.

Dayze Vidal, do Pretas Simoa (Grupo de Mulheres Negras do Cariri) terá momentos de reflexão junto a comunidade escolar para discorrer acerca da temática “Identidade Negra”. Em 2014 ela pontuou sobre “A Implantação e a Aplicabilidade da Lei 10.639/03 nas Redes Públicas de Ensino”. O Grupo “CultuArte Capoeira”, do município de Altaneira, coordenado pelo professor/mestre Cesar Rodrigues demonstrará a força da Capoeira como símbolo de resistência negra à escravidão.

Dentre uma seleta lista de personalidades negras que fará parte de uma exposição, a mostra que tem como tema “Nunca se omitir, sempre ousar lutar” homenageará Luisa Mahin e Oliveira Silveira, dois dos mais importantes nomes e símbolos de luta, resistência e promotores da igualdade racial.

O evento está previsto para ter início às 7h30 (sete e trinta) da manhã e se estenderá até às 16h30 (dezesseis e trinta) da tarde.

Confira a biografia dos homenageados


Africana guerreira, teve importante papel na Revolta dos Malês, na Bahia. Além de sua herança de luta, deixou-nos seu filho, Luiz Gama, poeta e abolicionista. Pertencia à etnia jeje, sendo transportada para o Brasil, como escrava. Outros se referem a ela como sendo natural da Bahia e tendo nascido livre por volta de 1812. Em 1830 deu à luz um filho que mais tarde se tornaria poeta e abolicionista. O pai de Luiz Gama era português e vendeu o próprio filho, por dívida, aos 10 anos de idade, a um traficante de escravos, que levou para Santos.

Luiza Mahin foi uma mulher inteligente e rebelde. Sua casa tornou-se quartel general das principais revoltas negras que ocorreram em Salvador em meados do século XIX. Participou da Grande Insurreição, a Revolta dos Malês, última grande revolta de escravos ocorrida na Capital baiana em 1835. Luiza conseguiu escapar da violenta repressão desencadeada pelo Governo da Província e partiu para o Rio de Janeiro, onde também parece ter participado de outras rebeliões negras, sendo por isso presa e, possivelmente, deportada para a África.

Luiz Gama escreveu sobre sua mãe: "Sou filho natural de uma negra africana, livre da nação nagô, de nome Luiza Mahin, pagã, que sempre recusou o batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa, magra, bonita, a cor de um preto retinto, sem lustro, os dentes eram alvíssimos, como a neve. Altiva, generosa, sofrida e vingativa. Era quitandeira e laboriosa". Luiza Mahin teve outro filho, lembrado em versos por Luiz Gama, cuja história é ignorada.

Em 9 de março de 1985, o nome de Luiza Mahin foi dado a uma praça pública, no bairro da Cruz das Almas, em São Paulo, área de grande concentração populacional negra, por iniciativa do Coletivo de Mulheres Negras/SP.


Oliveira Ferreira Silveira nasceu em Rosário do Sul, no estado do Rio Grande do Sul, em 1941. Era filho de Felisberto Martins Silveira e de Anair Ferreira da Silveira. Criado na Serra do Caverá, zona rural famosa pela revolução de 1923, também conhecida como movimento armado. Oliveira Silveira formou-se em Letras (Português e Francês) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, foi pesquisador, historiador, poeta, e um dos idealizadores da transformação do 20 de novembro, no dia da consciência negra no Brasil.

A criação da Revista “TIÇÃO" que teve três edições, a primeira revista que surge abordando a temática racial e valorizando a cultura e o protagonismo de negros e negras notáveis da época e da história, foi sem dúvida um marco importante para o movimento negro e na carreira de Oliveira. Como Escritor e Poeta, publicou várias obras como Germinou em 1962, Poemas Regionais em 1968, Banzo, Saudade Negra em 1970, Decima do Negro Peão em 1974, Praça da Palavra em 1976, Pelô Escuro em 1977, Cinco Poemas em Cadernos Negros 3 em 1980 e também Poesia São Paulo no mesmo ano. Também teve participação no AXÉ - Antologia Contemporânea da Poesia Negra Brasileira publicado em 1982 pela Global Editora - São Paulo. Oliveira Silveira publicou crônicas, reportagens, contos e artigos. Participou com artigos e ensaios em obras coletivas, como o ensaio Vinte de novembro, história e conteúdo, no livro Educação e Ações Afirmativas, organizado por Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva e Valter Roberto. Também atuou em grupos como Razão Negra, Associação Negra de Cultura, Semba Arte Negra. Foi integrante da Comissão Gaúcha de Folclore, Conselheiro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República – SEPPIR/PR, integrando, nesse órgão com status de Ministério, o Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial – CNPIR no período de 2004 a 2006.


Racismo: problema de quem? Por Karla Alves


A estudante do curso de História, na Universidade Regional do Cariri – URCA, e Membro do Pretas Simoa -Grupo de Mulheres Negras do Cariri encaminhou a edição do blog Informações em Foco, via correio eletrônico artigo que aborda um problema crônico enfrentado por milhares de brasileiros e brasileiros e outros de pele negra que adotaram o Brasil como espaço social para viver, o racismo velado e os em evidência.

No artigo, Karla menciona que o racismo “nasce, se manifesta e se perpetua nas próprias Instituições do Estado, a exemplo das Instituições de ensino superior, como as Universidades brasileiras”. No relato, ela afirma que a URCA “presenciou mais um caso de racismo em suas dependências, quando um estudante do curso de história, Pedro Victor dos Santos (21), teve seu nome pichado no interior do banheiro masculino com referencias a sua cor de pele e em tom de ameaça de morte” e se baseia em uma imagem descrita ao lado.

Confira o artigo completo de Karla Alves
O racismo deve ser reconhecido como uma construção sociológica, uma categoria social de dominação e de exclusão. Neste sentido, o debate em torno da superação do racismo no Brasil deve envolver tanto o Estado quanto a sociedade em geral, já que trata-se de um fato estrutural que produz desigualdades e hierarquias sociais determinados pela estrutura da sociedade e pelas relações de poder que a conduzem. Significa dizer que o racismo nasce, se manifesta e se perpetua nas próprias Instituições do Estado, a exemplo das Instituições de ensino superior, como as Universidades brasileiras.

No ultimo dia treze do mês corrente a Universidade Regional do Cariri – URCA – presenciou mais um caso de racismo em suas dependências, quando um estudante do curso de história, Pedro Victor dos Santos (21), teve seu nome pichado no interior do banheiro masculino com referencias a sua cor de pele e em tom de ameaça de morte.

Pedro Victor é portador de uma doença crônica, um tipo de anemia que ocasiona convulsões e, segundo relato da própria vítima, ao encontrar a mensagem com seu nome teve três convulsões seguidas, tendo que ser levado com urgência ao hospital para sobreviver. Segundo ele mesmo nos diz, este caso foi uma reincidência, pois no inicio de 2013 ele havia recebido um telefonema com a mesma mensagem, que o deixou em pânico ao ouvir a frase “morre seu negro”, vindo a sofrer graves efeitos físicos por consequência. Agora está correndo o risco de abandonar o curso por ocasião dos efeitos provocados pelo racismo.

O combate ao racismo vai muito além do que simplesmente punir as práticas preconceituosas, pois exige reparação e conscientização, fatores essenciais para uma educação democrática que além de garantir o acesso tem a obrigação de garantir a permanência dos estudantes. Deste modo, alertamos quanto ao fato de que a Universidade Regional do Cariri não pode permanecer sendo relapsa em relação aos casos de racismo na Instituição, principalmente, para não ser conivente e não permitir que a Universidade se torne um espaço favorável às práticas racistas na forma como vem se desenhando. Para isso é necessário o desenvolvimento e comprometimento institucional com políticas diferenciadas que venham suprimir as injustiças existentes para garantir a igualdade nos tratamentos, nas oportunidades e nos resultados.

Exigimos o comprometimento institucional para o desenvolvimento de políticas diferenciadas que venham suprimir as injustiças existentes para garantir a igualdade nos tratamentos, nas oportunidades e nos resultados, com medidas como a reativação da Comissão de Direitos Humanos, a instauração de uma sindicância que investigue o fato ocorrido e a criação de uma comissão de amparo e apoio as vítimas de discriminação, garantindo assessoria jurídica e um acompanhamento psicológico à vítima.

O racismo não é um problema só da vítima e do feitor, mas da sociedade brasileira. A juventude negra tem direito a um futuro.”

Rodolfo Santana é o novo colunista do Blog Negro Nicolau


Rodolfo Santana. (FOTO/ Reprodução/ Instagram).

Por Nicolau Neto, editor-chefe

O Blog Negro Nicolau (BNN) não é mais um projeto individual há alguns anos. Atualmente o BNN conta com cinco colunistas – A professora, agente social e bióloga Valéria Rodrigues, a professora e cientista social Josyanne Gomes, a escritora e poeta Fátima Teles, a historiadora e integrante do Grupo de Mulheres Negras Pretas Simoa, Karla Alves, e a professora universitária e integrante de vários movimentos sociais, como o Grupo de Valorização Negra do Cariri (GRUNEC) e Frente de Mulheres de Movimentos do Cariri, Zuleide Queiroz.

Show "Nossos passos vêm de longe” e Conversas Filosóficas abrirão o X Artefatos da Cultura Negra


(Karla Alves. FOTO/Lino Fly Kariri).
Texto | Nicolau Neto

Um espetáculo regado a muita alegria, cheio de batuque, de axé e de uma riqueza cultural esplendorosa. Assim será o show “Nossos passos vêm de longe” que abrirá o X Artefatos da Cultura Negra.

Grunec Cariri manifesta repúdio ao Projeto de Lei que proíbe discussão de gênero e sexualidade nas escolas de Crato


O Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec) tornou pública carta repúdio contra a aprovação pela Câmara de Vereadores (as) do município de Crato na última segunda-feira, 23, do Projeto de Lei que proíbe a discussão de gênero e sexualidade na rede pública e particular de ensino desta municipalidade.

O projeto é de autoria do vereador Roberto Anastácio (Podemos) que antes havia apresentado o texto em forma de emenda, mas para evitar dificuldades na aprovação, já que esta exige 3/5 dos (as) edis, a transformou em PL por meio de articulação política, como salientou a este Blog, o parlamentar Amadeu de Freitas (PT), contrário à ideia.

Na manhã de ontem, 27, a prefeitura foi povoada por movimentos sociais que protocolaram documento solicitando do Prefeito Zé Ailton (PP) a vedação da proposta. Elaborado pela Defensoria Pública, o protocolo contou com assinatura de vinte movimentos sociais.

Com a carta de repúdio, o Grunec se junta ao Centro Acadêmico de História Francisca Fernando Anselmo – CAHFFA/URCA, ao Grupo de Mulheres Negras do Cariri Pretas Simoa, do Laboratório de Pesquisa em História Cultural (LAPEHC), da URCA e do Conselho LGBT (Juazeiro do Norte), que fizeram isto anteriormente.

Até o fechamento desta matéria, Zé Ailton e Otonite Cortez, prefeito e secretária de educação, respectivamente, não haviam se manifestado publicamente sobre o caso.

Confira Carta Repúdio do Grunec na íntegra

O Grupo de Valorização Negra do Cariri – GRUNEC manifesta seu repúdio contra aprovação pela Câmara de Vereadores do Crato/CE de projeto de lei que veda o ensino de ideologia de gênero na rede pública municipal e na rede privada, ocorrida na data de 23 de outubro de 2017.

O GRUNEC entende que a construção de uma sociedade justa e fraterna, passa pelo respeito à dignidade humana de todas as pessoas independentemente de seu credo, cor, etnia, gênero, classe social, grau de instrução e outras características e que o desrespeito à tal dignidade é a fonte de todas as formas de violência que aviltam nossa sociedade.

O enfrentamento de todas as formas de violências trafega pelo caminho da educação, sobretudo, no seio das instituições de ensino. O enfretamento deve ser realizado pelo Município do Crato com coragem e determinação. Escola não deve ter medo, nem mordaça.
Assim, o machismo arraigado na nossa sociedade é a fonte de toda a violência de gênero contra mulheres, gays e transgêneros. A ação dos grupos e indivíduos defensores da supremacia masculina a qualquer custo protagonizam atos diários de violências que ocasionam variadas formas de agressão e culminam com a ocorrência de homicídios. Em razão disso, o Estado brasileiro tem destaque negativo mundial por se acovardar na promoção do respeito entre seus cidadãos conjugado a liberdade de manifestação de sua sexualidade.

O GRUNEC defende a liberdade das famílias e dos credos na orientação moral e na forma de lidar com identidade de gênero de seus membros, nos seus espaços de sua convivência e que tais orientações sejam respeitadas. Contudo, defende que deve existir um caminho bem definido no espaço público que proporcione a construção do RESPEITO à todos os indivíduos e suas formas de manifestação da sexualidade e gênero.

Este caminho deve ser construído coletivamente a partir de debates profundos e bem amadurecidos, reconhecendo e respeitando toda a pluralidade de opiniões e diversidade de ideias existentes na sociedade, de forma a construir-se um aparato legítimo que garanta o desenvolvimento civilizado e não-violento da nossa nação.

Nesse contexto, o GRUNEC considera o pronunciamento da Câmara de Vereadores do Crato, já referido, como ILEGÍTIMO, eis que tramitou de forma açodada, se valendo de subterfúgios jurídicos para inviabilizar debate e colher uma votação vencida por menos da metade dos membros da casa (são 19 vereadores, somente 09 votaram favoráveis), em ambiente nocivo de enfrentamento e intimidação entre os grupos oponentes, que culminou em atos de violência física nas dependências e proximidades da Câmara.

A votação referida é uma manifestação de supremacistas masculinos (entre os 09 favoráveis, há somente um voto feminino) em defesa e perpetuação do machismo como ideologia e pensamento único, que para tanto se valeram da violência e intimidação física em detrimento da argumentação racional, prática que se espera que de uma casa legislativa democrática e séria.

Portanto, o GRUNEC conclama ao Prefeito do Crato, Zé Ailton Brasil, a vetar por inteiro a proposta apresentada, bem como convocar de forma incontinenti debate público com sociedade cratense e grupos divergentes, para construção de um caminho racional e parâmetros para a prática do respeito a todos os indivíduos e suas manifestações de gênero e sexualidade, a ser consolidado em documento legal pertinente.

Reafirmamos, que a uma nação civilizada se constrói com uma Escola sem medo e sem mordaça, voltada para o respeito às diferenças e convívio não-violento entre seus cidadão”.


Mulheres do Cariri marcharão unidas em um mês de luta


O Conselho Municipal do Direitos da Mulher Cratense (CMDMC) e a Frente de Mulheres dos Movimentos de Mulheres afirmaram ao Blog Negro Nicolau que dedicarão todo o mês de março para refletir acerca das condições feministas no cariri cearense em uma alusão ao dia internacional de luta das mulheres.

Este movimento, que envolve diversos atores da sociedade civil, movimentos sociais negros e alguns setores do poder público tem como tema “Mulheres: Reforma da Previdência e Retirada de Direitos” e atuará em diversos espaços, lutando contra a desigualdade salarial, a violência doméstica, a misoginia, a LBTfobia, a xenofobia, o feminicídio, devendo ainda se unificar no combate ao machismo e ao racismo.

Segundo Verônica Neves, integrante do Grupo de Valorização Negra do Cariri (Grunec), há a possibilidade de uma greve geral marcada para o dia 15 enfocando a temática central, haja vista ser esse público um dos mais prejudicados pelas mudanças na legislação brasileiras propostas pelo presidente Michel Temer (PMDB).

Os atos estão marcados para acontecer em pontos diversificados conforme a programação discriminada abaixo:

Neste dia 07, na REFSA, a FOCAES-FASOL (ACB-UFCA), promoverá Feira da Rede FASOL-Cariri a partir das 09h00. Na quarta-feira, 08, haverá um Ato de rua: Mulheres na rua contra a reforma da previdência e retirada de direitos com Concentração na praça da prefeitura do Crato. Ainda no mesmo dia está marcada uma palestra acerca da reforma da previdência e terá como ministrante Marcelo Lettieri, Fiscal da Receita. A fala ocorrerá no Salão de Atos da URCA, campus Pimenta. Leda Mendes e Célia Rodrigues discutirão sobre a temática "conversa de mulher e coisa séria" em uma roda de conversa na OAB Mulher - Lagoa Seca (Juazeiro do Norte). Um Cine Negra e roda de conversa, A Cova da Negra está programado para o dia 09 às 09h00, na sala do Grunec. O Poder Legislativo de Juazeiro do Norte receberá no dia 10, às 09h00 uma Audiência Pública com o movimento de mulheres organizado pela Frente, GRUNEC e Pretas Simoa. No mesmo dia a URCA, no campus pimenta, receberá uma roda de conversa que versará sobre "ser mulher na univesidade". O momento será realizado pelo SINDURCA a partir das 08h00. "Um piquenique feminista: gênero e educação" será desenvolvido por Maria Almeida a partir das 15h00 na Praça do Memorial Padre Cícero, em Juazeiro do Norte no dia 11. Dia 18 será promovido pelo MAIS um "café com elas: mulheres que resistem - o feminismo em Clara Zetkin", com a professora Cláudia Rejane. 

Entre os dias 27 e 28, Verônica Neves desenvolverá a temática "feminismo como forma de resistência" em Salgueiro (PE). Ainda no dia 28, Francy ministrará um Seminário Regional com as Trabalhadoras Rurais na sede da FETRAECE às 08h00. Dois dias depois, no auditório da URCA, haverá o desenvolvimento do seminário "mulher: contra a reforma da previdência e retirada de direitos" às 08h00. A programação será encerrada no último dia do mês com um seminário sobre "orçamento participativo da defensoria pública do Estado" no centro de Convenções. 


Mulheres do Cariri marcharão unidas em mês de luta. Foto: Divulgação.




Francilene Oliveira estreia como colunista do Blog Negro Nicolau

 

Francilene Oliveira. (FOTO/ Aquivo Pessoal).

Por Nicolau Neto, editor

Francilene Oliveira, 25 anos, graduada em História pela Universidade Regional do Cariri (URCA), Guia de Turismo através do Senac - Crato/CE e Condutora de Trilhas e Esportes Verticais em Altaneira por meio da Rede de Educação Cidadã/Talher – CE, Artesã através da CEART) e integrante da Grupo ACONTRIAL se propôs a um novo desafio. Ela vai conciliar sua rotina diária como colunista do Blog Negro Nicolau. Vai voltar às origens.

Blog Negro Nicolau tem papel importante na disseminação da história da população negra, por Dayze Vidal


Dayze Vidal. (FOTO/Alexandre Lucas).

A professora e ativista das causas negras, Dayze Vidal, encaminhou via WhatsApp mensagem de apoio e de sugestão pela passagem dos oito anos do Blog Negro Nicolau na rede mundial de computadores.

Blog Negro Nicolau veicula o trabalho do seu povo. Nós por nós, por Karla Alves


Karla Alves. (FOTO/Reprodução/Facebook).
A licenciada em História pela Universidade Regional do Cariri (URCA), Karla Alves, residente em Crato –CE, usou sua rede social facebook para parabenizar o Blog Negro Nicolau pelos seus 08 anos na rede mundial de computadores.


Karla, ou Karlinha Sutil, nome adotado em face do seu ativismo pelos direitos civis e humanos das populações negras, é uma das vozes mais fortes e atuantes na região do cariri quando os assuntos em xeque são racismo, genocídio da juventude negra, mulheres negras, desigualdades étnica e de gênero, cultura africana e afro-brasileira e temas correlatos.

O Racismo se responde com Educação e Políticas Públicas e ao Racista com o rigor da Lei


A população afrodescendente brasileira e negra sempre foi alvo de violência e tida, de acordo com a estratificação social e a diferenciação da cor da pele, como incapazes, inferiores, sem cultura e, que por tanto, o mínimo que as classes dominantes lhes poderiam oferecer era a condição escrava, nos moldes do sistema político colonial, regencial e imperial brasileiro e ainda lhes podem oferecer, como herança desse modelo, a condição de empregado, de submisso e, sendo assim, o negro é visto como o inferior nas suas diversas facetas.


A história demonstra através de fatos que o negro e os descendentes nunca se deixaram abater e, que mesmo diante das situações mais difíceis em que se encontravam – do navio negreiro passando pelos castigos físicos e pelas proibições de executarem suas crenças, sempre foram fortes o bastante na formas de enfrentamento as adversidades a eles impostas. O negro sempre buscou ser o autor de sua própria história. Os abortos, as fugas, as revoltas, cita-se aqui, a dos Malês como símbolo, a capoeira e, principalmente a formação e manutenção dos Quilombos aprecem aqui como exemplos memoráveis na luta não só para saírem da condição de escravo, mas para demonstrar aos feitores, capitães-de mato, a igreja católica e aos senhores de engenho que eles tinham orgulho de serem NEGROS e, que não eram melhores e nem piores que ninguém. O SENTIMENTO DE PERTENCIMENTO é a marca desse povo.

A história, já nos dizia Marc Bloch e Lucien Febvre é feita de mudanças e permanências. As permanências, infelizmente, são mais visíveis, são mais sentidas pela sociedade. As mudanças quando surgem, não atendem as mínimas necessidades da comunidade. O Brasil mudou e, em 1888, a partir da Lei Áurea construiu-se o mito de que a escravidão havia terminado. Terminou institucionalmente, mas o negro foi jogado as traças. Não foi lhes dadas às condições de socialização, de participação na vida política, econômica e cultural. De escravo a mendigo. Foi essa a principal consequência da Lei Áurea. Uma lei criada para satisfazer as necessidades de um grupo político/econômico que não mais via no trabalho escravo do negro lucratividade para a incipiente industrialização. Mudou-se para permanecer.

Foi Marx que nos legou a definição de que “a história da sociedade até aos nossos dias é a história da luta de classes”. E nesse quesito, o povo NEGRO tem se mostrado atuante. Perceberam e percebem a condição de sujeito oprimido e com vigor lutaram e lutam para sair dessa condição. Sejam mediante sujeito histórico individual, seja através de sujeitos históricos coletivos. Os diversos Movimentos Negros espalhados pelo Brasil nos aparecem com maestria na luta por melhores condições na habitação, na saúde, na cultua e por ampliação da participação na vida política e, principalmente no combate ao Câncer social que se gerou ainda na invasão portuguesa, no século XVI e, que hoje, é alimentado, o RACISMO.

Por falar em alimentação do RACISMO contra o classe NEGRA, a Universidade Regional do Cariri – URCA, campus do Pimenta, em Crato-CE, foi palco de mais um caso de racismo em suas dependências, quando um estudante do curso de história, Pedro Victor dos Santos, 21 anos, teve seu nome pichado no interior do banheiro masculino com referencias a sua cor de pele e em tom de ameaça de morte. O fato veio a se dar no último dia 13 de março com a seguinte frase – “Pedro Victor anêmico desgraçado. Morre seu negro". Debates foram realizados com o intuito de fortalecer a luta pelo combate a essa forma de preconceito por movimentos sociais do cariri cearense. Segundo Karla Alves, membro do Pretas Simoa - Grupo de Mulheres Negras do Cariri, Pedro teve múltiplas convulsões e que cobraram da instituição de ensino superior supracitada providências, dentre as quais merece citar a prestação de amparo ao estudante e a abertura de investigação do fato.

Karla informou através de nota na rede social facebook que o caso teve reincidência e que o universitário recebeu ameaças de morte através de uma carta anônima deixada dentro do seu caderno. “Seu desgraçado, se prepare que dessa vez vai acontecer coisa pior. Se prepare para morrer. Seu negro de merda. E dessa vez vc vai ter o q merece por que nada lhe aconteceu ainda. Mas lhe digo, se prepare para MORRER”, constava a carta.

De acordo com a professora do Departamento de Educação da URCA, Cicera Nunes, neste dia 06 de maio a URCA foi palco uma vez mais de debates visando o combate ao preconceito e discutir a necessidade de se implantar estratégias e políticas públicas de enfrentamento ao racismo de forma séria e efetiva dentro da universidade. Para elas há que se pensar em rediscutir planos que devem ser norteadas a parti de questionamentos que perpassam por temáticas como as leis 10.639/03 e 11.645/08 e formação dos docentes na sua aplicação, conforme abaixo elencadas:

1.     Quantos programas curriculares abordam a temática afro-indígena? Quantas disciplinas obrigatórias foram implantadas para atender as determinações das Leis Nº. 10.639/03 e 11.645/08? Quantas são optativas? Qual a formação dos professores que a ministram?

2.     Quantas pesquisas cadastradas na Pró-Reitoria de Pesquisa com a temática afro e indígena? Quantos alunos atendidos? Quantas comunidades negras envolvidas? Quais estudos já foram produzidos por esta universidade sobre a realidade das comunidades rurais negras e quilombolas do Cariri cearense? Quantos cursos de especialização com a temática afro-indígena foram oferecidos para a comunidade caririense?

3.     Quantas ações de extensão já foram desenvolvidas?

4.     Quantos são os alunos negros da URCA por curso? Quantos estão no curso de Direito? Quantos estão no curso de Enfermagem? Quantos estão no curso de Pedagogia? Destes, quantos/as são mulheres? Qual é o perfil socioeconômico desses alunos?

Percebendo o Racismo como uma construção histórica em que nesse processo há a manutenção da exclusão social do negro, há que se notar que a luta em prol da eliminação desse câncer tem se tornado mais do que nunca, uma luta diária, um sentimento de pertencimento e que precisa envolver toda a sociedade. Por tanto, a Universidade, como espaço onde o fato ocorreu e vem ocorrendo com Pedro, precisa dar uma resposta clara e efetiva no enfrentamento a esse ódio contra o negro. Ela precisa sair da luta evasiva para a expansiva. Lembremos, outrossim, o que afirmou Nelson Mandela “até o dia em que todas as pessoas percebam que a cor da pele de alguém é menos importante do que a cor de seus sonhos, termos que manter essa luta”.